Com curadoria de Maria José Lobo Antunes e Inês Ponte, a exposição «A Guerra Guardada» foi inaugurada no passado dia 13 no Museu do Aljube – Resistência e Liberdade, onde vai continuar até 20 de Março, explorando «colecções pessoais de homens que em tempos foram soldados» em África.
Durante a guerra colonial, milhares de jovens que foram recrutados para Angola, Guiné-Bissau e Moçambique «tiraram fotografias daquilo que os rodeava: os camaradas, os quartéis, as paisagens, o quotidiano, as populações civis, o aparato militar».
Trata-se de imagens que escaparam à censura do regime salazarista e que foram guardadas ou enviadas pelo correio como provas de vida à distância, explica o museu no seu portal.
Alguns deles «construíram laboratórios improvisados, outros acederam a laboratórios oficiais. Vários frequentaram lojas de fotografia que floresceram com a procura gerada pela guerra, muitos compraram e trocaram imagens». Foi assim que construíram os arquivos fotográficos de que a exposição mostra uma parte.
«Uma guerra vivida mas também imaginada»
Na maioria dos casos, as fotos da mostra foram recolhidas através de entrevistas presenciais, no âmbito de uma investigação etnográfica em curso no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. «As restantes estão publicadas em diversos sítios e arquivos da Internet», refere a página museudoaljube.pt.
É inaugurada dia 20 e fica em exibição até 12 de Junho no Museu do Aljube, em Lisboa. A exposição «Ato (des)colonial» pretende contribuir para o questionamento da herança colonial em Portugal. A propósito da nova exposição temporária do Museu do Aljube – Resistência e Liberdade, que será inaugurada no próximo dia 20, às 15h, no portal da instituição afirma-se que «a violência está na génese, na prática e na simbologia de um processo de ocupação. Mas a violência encontra resistência, com diferentes expressões e impactos». Com a mostra, pretende-se revelar diversos processos de resistência ao colonialismo português entre 1926 e 1974, que é o período objecto do museu, e contribuir para o questionamento da herança colonial em Portugal, em particular durante o período da ditadura. De igual modo, procura-se valorizar as «experiências de resistência anticolonial enquanto processos determinantes para a autodeterminação e independência dos povos africanos, mas igualmente para o derrube do fascismo em Portugal». «Ato (des)colonial», refere ainda o museu, «convida-nos a pensar sobre abordagens necessárias a uma prática anti-racista, nas escolas, nos espaços públicos de cultura e na sociedade». A entrada é livre. O Museu do Aljube está aberto de terça-feira a domingo, entre as 10h e as 18h. Irá decorrer nos próximos meses, associado à exposição, um ciclo de programação paralela em que se incluem conversas, visitas orientadas e um ciclo de cinema – sendo que o primeiro filme a exibir (dia 20, às 19h) é A Story from Africa, curta-metragem/documentário de Billy Woodberry (2019). Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Cultura|
«Ato (des)colonial», para revelar a resistência ao colonialismo português
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«Dispersas um pouco por todo o País, retratam um tempo e um espaço distantes, e mostram uma guerra vivida mas também imaginada», afirma o museu, sublinhando que, «banais ou extraordinárias, revelam os muitos mundos de uma guerra longa e anacrónica que foi mandada combater pela ditadura».
Mais de 60 anos após o início do conflito, algumas destas colecções de antigos soldados foram destruídas, «como se o passado se pudesse apagar nesse gesto», e outras «ficaram órfãs» com o desaparecimento dos seus donos.
No entanto, refere o Museu do Aljube, muitas sobrevivem ainda, conservadas em álbuns ou em caixas, analógicas ou digitalizadas, sendo mostradas em círculos restritos ou partilhadas nas redes sociais. Com a mostra em curso, pretende-se «que possam provocar diálogos em democracia».
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