|Lisboa

Há 140 anos nascia A Voz do Operário

A Sociedade de Instrução e Beneficência aproveitou o título do jornal fundado pouco antes pelos operários tabaqueiros para denunciar a precariedade de que eram alvo. Surgiu a 13 de Fevereiro de 1883.

Edifício-sede da SIB, na freguesia da Graça, em Lisboa
Créditos / «A Voz do Operário»

A fundação da Sociedade de Instrução e Beneficência tem como antecedente a fundação d'A Voz do Operário, o jornal criado para combater o silenciamento da voz dos operários pela imprensa da época. A voz que «jamais deveria remeter-se ao silêncio».

Em 1879, «perante a recusa de um título jornalístico em publicar uma notícia a denunciar abusos vividos pelos tabaqueiros», o operário Custódio Gomes afirmou: «Soubesse eu escrever que não estava com demoras. Já há muito que tínhamos um jornal. Bem ou mal, o que lá se disser é o que é verdade. Amanhã reúne a nossa Associação, e hei-de propor que se publique um periódico, que nos defenda a todos, e mesmo aos companheiros de outras classes.»

O comprometimento com este objectivo depressa fez surgir outras necessidades de organização, daí que, a 13 de Fevereiro de 1883, é criada a Sociedade Cooperativa «A Voz do Operário». Em Julho de 1887, A Voz do Operário passa do Beco do Froes para a Calçada de São Vicente. Contava então com 1114 sócios e como nem todos eram tabaqueiros, em 1889 foi efectuada uma revisão dos estatutos, convertendo-se a Sociedade Cooperativa em Sociedade de Instrução e Beneficência A Voz do Operário.

«Passaram 140 anos e é inquestionável a marca que cunhámos na história da cidade de Lisboa e na relevância que assumimos no presente», refere a instituição num comunicado divulgado no Facebook. 

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Instituição nasceu do jornal fundado pelos operários tabaqueiros

«A Voz» celebra 135 anos com lançamento de livro

A Sociedade de Instrução e Beneficência «A Voz do Operário» comemora os seus 135 anos de existência este sábado, com a apresentação do livro que reúne a história de mais de um século, «que se confunde, tantas vezes, com a própria história da cidade de Lisboa».

Lançamento da primeira pedra da sede d'«A voz do Operário», em Lisboa. 13 de Outubro de 1912
Créditos / Sociedade de Instrução e Beneficência «A Voz do Operário»

O lançamento do livro dos 135 anos d'«A Voz do Operário» está marcado para as 19h30, no pavilhão multiusos da sede da instituição, na Graça (Lisboa), sendo antecidida de uma sessão solene com a intervenção de membros da comissão de honra do 135.º aniversário.

A obra é assinada pelo jornalista e autor Alberto Franco, cujos textos já foram publicados por jornais como o Público, o Expresso, o Diário de Notícias ou o Diário do Alentejo. Entre a sua obra publicada, contam-se títulos sobre gastronomia, história contemporânea e cultura e tradições populares.

De seguida, realiza-se um jantar comemorativo no salão de festas, para o qual está prevista uma homenagem a Júlio Isidro, sócio honorário 2018, revela a sociedade, em comunicado.

135 a sustentar a «Voz» que «o que disser é o que é verdade»

A fundação da Sociedade de Instrução e Beneficência tem como antecedente a fundação d'A Voz do Operário, o jornal criado para combater o silenciamento da voz dos operários pela imprensa da época.

«Soubesse eu escrever que não estava com demoras. Já há muito que tínhamos um jornal»

Custódio Gomes, Operário tabaqueiro

Em 1879, «perante a recusa de um título jornalístico em publicar uma notícia a denunciar abusos vividos pelos tabaqueiros», o operário Custódio Gomes afirmou: «Soubesse eu escrever que não estava com demoras. Já há muito que tínhamos um jornal. Bem ou mal, o que lá se disser é o que é verdade. Amanhã reúne a nossa Associação, e hei-de propor que se publique um periódico, que nos defenda a todos, e mesmo aos companheiros de outras classes.»

Já em 1883, nasce a Sociedade Cooperativa «A Voz do Operário», com o objectivo de dar suporte ao ambicioso projecto formulado quatro anos antes: uma voz que «jamais deveria remeter-se ao silêncio».

Ao longo da sua história, a instituição deu refúgio para «milhares de pessoas participaram nas lutas políticas, mesmo durante o fascismo» e foram também milhares as crianças que passaram pelas suas escolas – uma história «que se confunde com a própria história da cidade de Lisboa».

Milhares de alunos por toda a Área Metropolitana de Lisboa

Actualmente, «A Voz do Operário» dinamiza uma actividade cultural permanente e diversificada e «é um forte dinamizador do associativismo na cidade, onde se destacam os arraiais de Santo António e a Marcha Infantil, que contabilizou em 2017 a 30.º edição», sublinha a instituição.

Com intervenção na área da educação e do apoio social, a «Voz» conta cerca de 1100 alunos, distribuídos por seis equipamentos nas duas margens da Área Metropolitana de Lisboa (Graça, Ajuda, Restelo, Baixa da Banheira, Lavradio e Laranjeiro), com valências desde a creche ao segundo ciclo do Ensino Básico.

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Ao longo da sua história, A Voz do Operário deu refúgio a «milhares de pessoas que participaram nas lutas políticas, mesmo durante o fascismo», e foram também milhares as crianças que passaram pelas suas escolas. Nas celebrações dos 135 anos, a instituição lançou um livro onde reúne a história de mais de um século, e que, assume, «se confunde, tantas vezes, com a própria história da cidade de Lisboa».

Actualmente, A Voz do Operário dinamiza actividade cultural e associativa, permanente e diversificada, com destaque para os arraiais de Santo António, a Gala de Fado e a Marcha Infantil.

Com intervenção na área da educação e do apoio social, as escolas d'«A Voz do Operário», com mais de 1000 alunos, distribuem-se pelos distritos de Lisboa (Graça, Ajuda, Restelo) e de Setúbal (Baixa da Banheira, Lavradio, Laranjeiro), com valências desde a creche ao Segundo Ciclo do Ensino Básico, perpectivando-se um novo estabelecimento no Parque das Nações, em Lisboa. 

«Somando cerca de 250 trabalhadores, A Voz do Operário dispõe de importantes serviços sociais, nomeadamente refeitório social, um centro de convívio para idosos, e apoio domiciliário», lê-se na nota. 

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