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|Eduardo Gageiro

Em Aljustrel

Eduardo Gageiro expõe fotografias icónicas da Revolução – de Abril a Maio

Começou a trabalhar aos 12 anos, numa fábrica. Fotografava o que sentia: olhares, rostos, a miséria do povo, com grande carga emocional. Autodidacta, tornou-se um dos maiores fotógrafos portugueses.

O fotógrafo Eduardo Gageiro em entrevista à Lusa sobre a sua reportagem do dia 25 de Abril de 1974, no Museu da Cerâmica em Sacavém, 20 de abril de 2014.
O fotógrafo Eduardo Gageiro em entrevista à Lusa sobre a sua reportagem do dia 25 de Abril de 1974, no Museu da Cerâmica em Sacavém, 20 de abril de 2014. CréditosJosé Sena Goulão / LUSA

Quarenta fotografias de Eduardo Gageiro, tiradas entre os dias 25 de Abril e o primeiro de Maio de 1974, que captaram momentos excepcionais da Revolução de Abril e por isso mesmo se tornaram representações icónicas, estão em exposição nas Oficinas de Formação e Animação Cultural (Espaço Oficinas) da Câmara Municipal de Aljustrel – segundo informação disponibilizada pelo município. A exposição foi inaugurada na passada sexta-feira,dia 18 de Março, e permanecerá até ao próximo dia 25 de Abril. Visitas guiadas à exposição podem efectuar-se – mediante marcação prévia – às quartas-feiras, tanto para o público escolar como para o público em geral.

Fotografias como a de Salgueiro Maia a morder o lábio, para não chorar de emoção, depois dos militares do Regimento de Cavalaria 7 se juntarem ao Movimento das Forças Armadas, no Terreiro do Paço. Ou ainda, do soldado a retirar da parede a fotografia de Salazar, na sede da PIDE, no dia 26 de abril.

Um dos maiores fotógrafos portugueses

Eduardo Gageiro nasceu em Sacavém a 16 de Fevereiro de 1935. Em 1947 (com 12 anos) começou a trabalhar no escritório da Fábrica de Loiças de Sacavém, onde se manteve até 1957.

O convívio com pintores, escultores e operários fabris levou-o à fotografia, e o conhecimento directo da vida dos trabalhadores viria a definir o seu olhar sobre o mundo e a vida, impulsionando-o, como artista, a retratar rostos e figuras populares, sempre a preto e branco.

A sua primeira fotografia publicada acontece no Diário de Notícias, em 1947, precisamente no mesmo ano em que começou a trabalhar. Em 1957 deixa a fábrica e inicia a sua actividade como repórter fotográfico no Diário Ilustrado.

Até ao 25 de Abril colaborou em diversas publicações, tais como as revistas generalistas O Século Ilustrado e Match Magazine, a revista feminina Eva e a revista literária Almanaque – que, nos seus dezoito números publicados, «reuniu um excepcional leque de colaboradores» e contribuiu decisivamente para a renovação do design gráfico e da edição em Portugal. Depois do 25 de Abril trabalhou como fotógrafo para a Associated Press (Portugal), a Companhia Nacional de Bailado e a Assembleia da República, entre outros. Foi editor da revista Sábado.

Fotografava o que sentia: olhares, rostos, a miséria do povo, com grande carga emocional, rompendo com o socialmente instituído. «Eu limitava-me a fotografar o que sentia. Fui até preso por causa de uma fotografia que fiz na Nazaré», diz Eduardo Gageiro, em entrevista à revista Única de 16 de Dezembro de 2006. Trata-se da fotografia publicada na capa do Século Ilustrado de 6 de Julho de 1963, que trouxe para o domínio artístico e público a dura vida dos pescadores da Nazaré.

A prisão não o demoveu. Eduardo Gageiro enviava, à socapa, fotografias do seu Portugal profundo para o estrangeiro, que só conhecia o Portugal dos postais turísticos. Graças a ele, o mundo teve conhecimento do Portugal real. Autodidacta, fotografou em todo o mundo, conseguindo estar sempre presente nos momentos certos.

Membro de honra de inúmeras entidades estrangeiras de fotografia, como a Excellence F.I.A P (Fédération Internationale de l’Art Photographique; Berna, Suíça). Foi ainda, em 1966, vice-presidente do II Congresso Internacional de Repórteres Fotográficos (S. Paulo, Brasil).

Eduardo Gageiro tem participado em dezenas de exposições individuais e coletivas e as suas obras estão representadas em inúmeras publicações. As suas fotografias, sempre a preto e branco, foram vencedoras de mais de 300 prémios, e reproduzidas em todo o mundo.

Em 2004 foi condecorado com o título de Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique.

Actualmente vive em Lisboa e continua a trabalhar, como freelancer.

 

 

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