No passado ano, uma das páginas da luta dos trabalhadores do nosso país ficou marcada pela corajosa luta de quem trabalha nos bares dos comboios da CP. À data, o serviço estava concessionado à empresa Apeadeiro 2020 e a mesma deixara os trabalhadores com meses de salários em atraso.
Face à situação e ante as dificuldades, os trabalhadores acamparam à frente das estações de Santa Apolónia, em Lisboa, e de São Bento, no porto. Exigiam o pagamento dos salários e a integração do serviço nos quadros da CP, ficando assim salvaguardados. Muito dava para escrever, mas de uma forma resumida pode-se dizer que João Galamba tornou-se, nos entretantos, ministro das Infraestruturas.
O (na altura) novo ministro poderia ter resolvido a situação facilmente e respondido às reivindicações dos trabalhadores, mas optou por não o fazer. A tutela e a CP decidiram voltar a realizar uma concessão e, desta vez, a premiada foi a Newrail.
O modelo de concessão definia que os valores atribuídos à Newrail tinham como objectivo pagar os salários em atraso aos 130 trabalhadores e normalizar o serviço de cafetaria e bar nos comboios. Agora, em 2024, o contrato de concessão com a Newrail foi renovado por um período mínimo de 3 meses e um máximo de 6 meses, sendo que o valor manteve-se o mesmo para um suposto aumento significativo da massa salarial dos trabalhadores.
Acontece que, segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Restaurantes e Similares do Sul, «os aumentos salariais propostos pela empresa para 2024 ficam muito aquém do necessário para repor o poder de compra dos trabalhadores e valorizar as categorias profissionais».
Confrontados com tal proposta, os trabalhadores dos bares e serviço de bordo dos comboios de longo curso da CP decidiram em Plenário iniciar uma greve por tempo indeterminado com início no próximo dia 10 de Fevereiro de 2024. No mesmo dia, pelas 11 horas, os trabalhadores irão também realizar uma concentração na estação de Santa Apolónia.
As reivindicações não são, no entanto, novas e é exigido aumentos salariais dignos; o pagamento do trabalho suplementar; melhores condições de trabalho; o cumprimento integral do Acordo de Empresa; e o fim do encerramento e restrições dos serviços de cafetaria e bar nos comboios.
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