Os lucros da ex-Portucel mais do que duplicaram no primeiro semestre do ano para 161,9 milhões de euros, valor que compara com 64,4 milhões de euros no período homólogo. Mas o cenário de crescimento não se reflecte na revisão do Acordo de Empresa da Navigator Company. Ficam preservados os direitos consagrados e são introduzidas alterações positivas, mas os trabalhadores reivindicavam mais, admite a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas e Eléctricas (Fiequimetal/CGTP-IN) em comunicado.
Na actual revisão, a actualização salarial anual é de 0,9%, para os técnicos operacionais do UWF (papel fino de impressão e escrita), com efeitos retroactivos a 1 de Janeiro, estando garantidos como valores mínimos absolutos 25 euros para remunerações-base inferiores a 900 euros; 20 euros para remunerações-base entre 900 e 1050 euros; e 15 euros para remunerações-base superiores a 1050 euros.
Entretanto, a 1 de Dezembro são eliminados os escalões de admissão na tabela salarial e o salário de entrada passa para 872 euros. A Fiequimetal afirma que se mantém a progressão horizontal para o escalão seguinte, «em caso de avaliação positiva, no prazo mínimo de um ano», o que poderá resultar num aumento mínimo de 35 euros (2,2%) e atingir, nalguns casos, 147 euros.
A partir de Janeiro de 2023 prevê-se ainda uma reformulação na comparticipação do seguro de saúde, passando cada trabalhador a pagar cerca de oito euros, ou seja, cerca de 25% da verba que caberia ao cônjuge, e fica uniformizado o valor do abono para falhas, equivalente a 5% da remuneração-base, a pagar em 12 meses.
A Fiequimetal admite que, em muitos pontos, «a começar pelos aumentos dos salários», a administração da Navigator «possuía (e possui) condições» para ir mais longe, mas que, ao invés disso, optou pela chantagem. «Não quis fazer esta opção e declarou expressamente que, se a sua proposta fosse recusada, aplicaria 0,9%, sem mais nada, com um valor mínimo de 15 euros», lê-se na nota.
A ameaça «contrasta muito com o volume dos lucros e dos dividendos dos últimos anos», observa, sublinhando que, no actual contexto de subida da inflação, os trabalhadores precisam urgentemente de melhorar os seus rendimentos.
No primeiro semestre, as vendas de papel representaram cerca de 71% do volume de negócios, as vendas de pasta 10%, as vendas de tissue 8% e as vendas de energia 11%. A Navigator atingiu um EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 345 milhões de euros e uma margem sobre vendas de 30% (+ nove pontos percentuais face ao período homólogo), beneficiando de uma «evolução muito favorável dos preços de venda estabelecidos nos mercados internacionais», lê-se no comunicado enviado pela empresa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
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