Acabou a participação do português nos Jogos Olímpicos

Rui Bragança volta «só com patrocínios e apoios»

O praticante português de Taekwondo afirma não poder continuar a depender do «esforço pessoal» e pede mais apoios para a modalidade. O investimento público nas federações nos últimos quatro anos diminuiu em relação a anos anteriores.

O português foi eliminado ontem nos quartos-de-final da prova de Taekwondo, categoria -58 kg
CréditosTatyana Zenkovich / EPA

Rui Bragança, eliminado ontem nos quartos-de-final da prova de Taekwondo (categoria -58kg), lamentou a falta de apoios na modalidade e põe mesmo em causa uma eventual presença nos próximos Jogos Olímpicos, em Tóquio2020.

«Só se houver condições. Se não houver condições é impossível chegar a algum lado. Podia voltar a pedir aos meus pais, mas não quero isso. Devo aos meus pais estar aqui, todo o apoio emocional e financeiro. Isto foi um esforço pessoal e do meu treinador, dos meus colegas de treinos. Sem todos eles, isto era impossível», afirmou Rui Bragança, após o seu combate com Luisito Pie, da República Dominicana.

Apesar de se verificar um aumento do número de medalhados nos últimos anos, de os desportistas portugueses se apresentarem bem preparados, e de a Constituição da República Portuguesa consagrar, no artigo 79.º, que «todos têm direito à cultura física e ao desporto», a política desportiva dos últimos anos tem sofrido uma desvalorização.

Ao consultarmos a Pordata, percebemos que a comparticipação financeira a algumas federações desportivas e aos comités Olímpico e Paralímpico foi, em 2014, de 30,1 milhões de euros, inferior ao ano 2000, em que o investimento foi de 37,6 milhões de euros. Dos dados disponíveis, de 1996 a 2014, constatamos que o investimento nunca foi superior a 46 milhões de euros. Nestes valores estão incluídos os financiamentos públicos às federações de Futebol, Andebol, Karaté, Judo, Atletismo e muitas outras, mas não à de Taekwondo. De 2011 a 2014, anos do governo do PSD e do CDS-PP e da troika, o investimento total foi de 134,5 milhões de euros, menos cerca de 42,6 milhões de euros que nos quatro anos anteriores, em que o investimento não ultrapassou ainda assim os 177,1 milhões de euros.

As verbas para o Desporto no Orçamento de Estado para 2016 aumentaram pouco mais de 4% em relação ao Orçamento do ano anterior, mas no entanto não chegam aos 91 milhões de euros.

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