A notícia foi que o Público fez circular instigava a divisão de trabalhadores. Com o título «Função pública continua a ter aumentos salariais mais baixos do que os do privado», trabalhadores do sector público foram colocados contra trabalhadores do sector privado. A peça analisou os aumentos nominais entre ambos os sectores e os aumentos reais, sendo que o elemento que merece atenção é a forma como a inflação come ambos os aumentos.
O que podemos ver na figura 1, apesar do aumento de salário no sector privado ser maior, é que os trabalhadores de ambos os sector perdem, percentualmente, o mesmo com a inflação. Se analisarmos a figura 1, em Setembro de 2023, os trabalhadores de ambos os sectores perderam 3,5% no valor dos seus salários, apesar de haver uma diferença de 0,8 ponto percentuais no valor real dos salários.
Ou seja, a notícia é que enquanto os trabalhadores de ambos os sectores perderam o mesmo valor real nos seus aumentos salariais, o mesmo não se pode dizer das grandes empresas. Assim como o AbrilAbril já tinha noticiado, até Setembro de 2023, o lucro somado de oito grandes empresas no país engordou €1,4 mil milhões face a 2022.
Na figura 2 podemos então ver que no mesmo período em que os trabalhadores viram uma perda real 3,5% nos aumentos salariais, as grandes empresas viram lucros. A EDP, com um lucro de 946 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano viu também um aumento de 83% em comparação a 2022.
A Galp teve um aumento de 18% nos seus lucros face ao período homólogo; a Jerónimo Martins um aumento de 33%; o Novo Banco um aumento de 49%; o Santander aumentou 62%; o BCP, 93%; e por fim, o BPI assistiu a um aumento de 35%.
A realidade é cada vez mais feita de contrastes e os lucros das grandes empresas estão a ser feitos à custa da exploração dos trabalhadores que empobrecem enquanto trabalham.
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