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|União Europeia

Von Der Leyen nega a realidade e insiste na receita do caos

Num momento conturbado para a União Europeia e para os trabalhadores, a presidente da Comissão Europeia, no discurso sobre o estado da União Europeia, insistiu em todos os elementos que degradam a vida das pessoas.

A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante um debate no Parlamento Europeu sobre as consequências económicas e sociais da guerra na Ucrânia. Estrasburgo, França, 4 de Maio de 2022
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante um debate no Parlamento Europeu sobre as consequências económicas e sociais da guerra na Ucrânia. Estrasburgo, França, 4 de Maio de 2022CréditosJean-François Badias / AP

Não seria de esperar outra coisa, até porque Von Der Leyen é o rosto do rumo da União Europeia e a face das suas opções políticas. Havia, apesar de tudo, alguma curiosidade no que seria dito no seu discurso sobre o estado da União Europeia. Se o sentimento de curiosidade existia, apreensão se tornou porque o rumo traçado aparenta ser perigoso.

A presidente da Comissão Europeia voltou a insistir na receita do caos, na receita que fomentou a guerra, na receita das provocações, na receita para a degradação de vida e na receita da intolerância pela soberania de outros Estados. Em suma, Von Der Leyen foi aquilo que tem que ser para o projecto que representa. 

Ignorando o quadro de grande debilidade da União Europeia que à medida que os meses vão passando não consegue mitigar a inflação e simultaneamente apresenta indícios de uma possível recessão económica, com a Alemanha já a confirmar essa situação e os restantes países com crescimentos anémicos ou estagnados, a comissária disse: «Mostrámos que quando a Europa é ambiciosa e ousada, consegue fazer tudo. E nosso trabalho está longe de estar terminado. Por isso, vamos manter-nos unidos, vamos cumprir o que prometemos e vamos preparar-nos para o futuro». Esta sua declaração visou somente ignorar a realidade objectiva que está aos olhos de todos. 

A líder do executivo comunitário quis manter esta linha e, mais uma vez, ignorando os interesses contraditórios de muitos Estados da União Europeia, a competição que rege as suas relações e o quadro de submissão em que uns colocam outros, optou por apelar a uma «união» que parece cada vez inócua. Ao relembrar a Comissão geopolítica que apresentou em 2019, quando tomou posse disse que «se estivermos unidos por dentro, ninguém nos dividirá por fora. A nossa abordagem de Team Europe permitiu-nos ser mais estratégicos e mais assertivos».

Esta foi, como não podia deixar de ser, a ponte perfeita para a criação de um inimigo comum externo, ou vários inimigos. A táctica discursiva procurou apontar para um outro problema artificial que exige uma postura de confrontação e uma suposta unidade de forma a que ninguém olhe para os problemas reais que estão à sua frente. 

Utilizando esta manobra discursiva, a presidente da Comissão Europeia voltou a recentrar a União Europeia no caminho que tem levado aos problemas, mas um caminho que cumpre os interesses dos EUA. Referindo-se à Rússia, é a mesma que adopta uma postura de confrontação ao dizer que «Num mundo em que alguns tentam eliminar os países um a um, não nos podemos dar ao luxo de deixar para trás os nossos concidadãos europeus. Num mundo em que a dimensão e o peso são importantes, é nitidamente do interesse estratégico e de segurança da Europa concluir a nossa União». O caminho apontado parece assim o reforço do militarismo e não o da busca da paz.

Como se isto não bastasse e a realidade não fosse nítida o suficiente, Ursula voltou a colocar a integração de novos Estados-membros no horizonte, um reforço expansionista que juntamente à intensificação militarista reforça o carácter perigoso que se vive no presente. Num claro objectivo de um alargamento a leste com a Ucrânia a encabeçar o mesmo, foi então referido que «temos de ultrapassar os velhos debates binários sobre o alargamento. Não se trata de aprofundar a integração ou de alargar a União. Podemos e devemos fazer as duas coisas».

Ao colocar que «temos de pensar como serão o Parlamento e a Comissão; temos de discutir o futuro do nosso orçamento comum, em termos do que financia, como financia e como é financiado; e temos de compreender como garantir compromissos de segurança credíveis num mundo em que a dissuasão é mais importante do que nunca»,  a presidente da Comissão Europeia embarcou numa narrativa de chantagem onde são os Estados a ter que fazer cedências para os candidatos poderem integrar a União Europeia, e não o contrário.

Já sobre a China, Von Der Leyen abandonou o falso discurso da liberdade comercial e de mercados e ante a a confirmação que o país oriental mais do que duplicou a exportações de veículos elétricos entre Janeiro e Agosto disse que a concorrência era «desleal» e que «os mercados mundiais estão inundados de carros eléctricos chineses baratos, graças aos enormes subsídios estatais que mantém o preço artificialmente baixo». Uma sanção encapotada que vai no sentido de fazer frente a uma das maiores potências económicas mundiais. 

Optando por defender a histórica relação neocolonialista com o continente africano, não reconhecendo nem respeitando as movimentações em defesa da soberania de alguns Estados nesse mesmo continente e que colocam em causa interesses económicos capitalista, a presidente da Comissão alega que tais movimentações são «influenciados pela Rússia, que está a beneficiar do caos». 

Sobre a economia da União Europeia, até indo ao encontro dos claros e evidentes interesses alemães que beneficiou do desmantelamento do aparelho produtivo de economias mais fragilizadas, Von der Leyen anunciou que acedeu ao pedido do ministro das Finanças alemão para facilitar a actividade empresarial, uma vez que, supostamente, está sujeita a uma regulamentação e administração “complexa” constituem um custo acrescido e um constrangimento à actividade das pequenas e médias empresas da União. Isto significa, a tal liberalização, que mais não passa de uma forma das grandes empresas alemãs destruírem as empresas mais pequenas dos restantes Estados, de forma a contrariar a débil situação económica germânica. 

Para acabar, Von der Leyen revelou ainda que convidou o antigo presidente do Banco Central Europeu e ex-primeiro-ministro de Itália, Mario Draghi, a preparar um relatório sobre o futuro da competitividade europeia. Recorde-se que foi Draghi, quem Von der Leyen classifica como «uma das maiores mentes económicas da Europa» que deixou Itália num estado tal que permitiu à extrema-direita tomar o poder político. 
 

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