|Irão

Teerão promove diálogo entre afegãos

A diplomacia iraniana reuniu representantes governamentais e dos talibãs e quer ajudar a restaurar a paz no país vizinho, quando tropas dos EUA deixam o território após duas décadas de uma guerra falhada.

Representantes do governo afegão e dos talibãs reuniram-se em Teerão, Irão, a 7 de Julho de 2021, num encontro patrocinado pela diplomacia iraniana para promover um diálogo intra-afegão<br /> 
Créditos / Press TV

Realizou-se esta quarta-feira, em Teerão, uma reunião entre representantes do governo de Cabul e de grupos de combatentes talibãs que se lhe opõem, organizada pelo Irão com o fim de promover o diálogo entre as partes, para «resolver os seus conflitos e promover uma paz duradoura».

O encontro foi anunciado na manhã de quarta-feira pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão e confirmado por um porta-voz talibã. Segundo a PressTV, participaram no mesmo quatro delegações que incluíram representantes do governo e do parlamento afegãos e de grupos talibãs, bem como personalidades afegãs «que apoiam o sistema republicano» naquele país.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, afirmou aos participantes a disponibilidade da República Islâmica do Irão para promover negociações entre as diversas facções afegãs a fim de resolver os conflitos e as crises que assolam o Afeganistão.

A paz é a melhor opção

Zarif alertou para as graves consequências das prolongadas disputas que assolam o país vizinho e apontou uma solução política das mesmas como a melhor opção para todos os envolvidos.

O chefe da diplomacia iraniana sublinhou o compromisso do Irão em contribuir para um completo desenvolvimento político económico e social do Afeganistão, depois do estabelecimento da paz.

Nos últimos meses, o Irão tem repetidamente defendido medidas dirigidas para o estabelecimento da paz no Afeganistão e, apesar de os talibãs afirmarem «ter a vantagem no campo de batalha», um porta-voz iraniano frisou, na semana passada, a necessidade de um governo inclusivo que envolva todas as partes, e preveniu que os talibãs «representam apenas uma parte do Afeganistão, não o presente nem o futuro» do país.

«Os Estados Unidos falharam no Afeganistão»

Durante a sua intervenção inicial, Javad Zarif apontou a derrota dos Estados Unidos no Afeganistão e considerou a presença norte-americana responsável pela destruição a que o país foi sujeito.

«Os Estados Unidos falharam no Afeganistão», afirmou Zarif, «e a sua presença no país por mais de duas décadas causou enormes estragos no Afeganistão». O chefe da diplomacia de Teerão apelou «ao povo e aos líderes políticos do Afeganistão» para assumirem «decisões difíceis para o futuro do país».

Os esforços de paz de Teerão acontecem e as declarações do ministro foram feitas um dia depois da retirada das tropas dos EUA da estratégica base de Bagram, nas proximidades de Cabul, a meio da noite e abandonando-a a saqueadores, sem esperar sequer pela chegada das tropas governamentais, como noticiou a RT News.

O Comando Central dos EUA anunciou que 90% das suas forças tinham retirado do Afeganistão até à passada segunda-feira. Desde que as tropas dos EUA começaram a deixar o Afeganistão, em Maio de 2021, os talibãs intensificaram as suas operações militares contra as forças governamentais, tendo ocupado mais uma centena de centros distritais. Nalguns casos, os militares afegãos foram obrigados a refugiar-se em países vizinhos, como aconteceu no Tajiquistão, onde mais de mil soldados de Cabul se refugiaram, no início de Julho.

Os EUA e os seus aliados invadiram o Afeganistão em 2001, numa autoproclamada guerra ao terrorismo, e propunham-se erradicar os talibãs «numa operação que iria demorar alguns dias, segundo afirmou na altura o então presidente George W. Bush. Vinte anos depois, o objectivo proclamado nem remotamente foi atingido, faz notar a PressTV.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui