A Comissão Nacional Saarauí de Direitos Humanos foi uma das organizações que se solidarizaram com os participantes na Marcha da Liberdade – uma iniciativa que teve início há dois meses em Ivry-sur-Seine (França) visando solicitar a libertação dos presos políticos saarauís, exigir que se respeite o direito da cidadã francesa Claude Mangin a visitar o seu marido, Naâma Asfari, encarcerado em Quenitra (Marrocos), e chamar a atenção para a causa saarauí.
Os participantes na marcha, que atravessou território francês e espanhol, chegaram a Tânger na passada sexta-feira, com o propósito de seguir até Quenitra, mas as autoridades marroquinas impediram que desembarcassem e expulsou-os, denunciou Claude Mangin-Asfari.
A este propósito, a Comissão condenou o recurso reiterado do Estado ocupante à expulsão de activistas e observadores internacionais que pretendem visitar os territórios ocupados do Saara Ocidental, refere a TeleSur.
Valorização do amplo apoio à Marcha pela Liberdade
Recorde-se que a expulsão desta delegação internacional, em que seguiam eleitos dos estados francês e espanhol, segue um padrão há muito documentado de obstrucção, por parte das autoridades marroquinas, a jornalistas, deputados, advogados e observadores que pretendem entrar em território saarauí e verificar as denúncias de violações dos direitos humanos contra os presos e o povo saarauí.
A Liga para a Protecção dos Presos Saarauís nas Prisões Marroquinas (LPPS) também se pronunciou, tendo qualificado a expulsão dos 14 franceses e espanhóis membros da Marcha da Liberdade como «acto de agressão directa ao trabalho humanitário e à solidariedade internacional», indica a Sahara Press Service (SPS).
A ONG saarauí, que denuncia o facto de as autoridades marroquinas continuarem a negar a Claude Mangin – pelo sétimo ano consecutivo – o direito a visitar na cadeia o seu marido, Naâma Asfari, valoriza o amplo apoio e a solidariedade que a Marcha pela Liberdade recebeu ao longo do seu percurso, em mais de 20 cidades de França e Espanha.
Tal facto reflecte, no entender da Liga, «o crescente apoio internacional à causa dos presos políticos saarauís e o fracasso da abordagem marroquina de ocultar o seu sofrimento ou o isolar da opinião pública mundial».
Reino Unido também dá o giro
De visita a Marrocos, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, declarou este domingo o apoio do seu país ao plano de autonomia marroquino para o Saara Ocidental, ao arrepio das resoluções das Nações Unidas.
Note-se que o Saara Ocidental foi incluído em 1966 na lista de territórios não autónomos e, desse modo, pode ser-lhe aplicada a resolução 1514 relativa à concessão da independência aos povos e territórios coloniais.
Falando em Rabat, Lammy qualificou a proposta marroquina como «a base mais credível, viável e pragmática» para resolver o conflito, solidificando as traições que os governos de Sánchez, em Espanha, e de Macron, em França, já haviam feito ao povo saarauí em anos recentes.
Desta forma, o Reino Unido junta-se à lista de países que põem em causa o direito inalienável do povo saarauí à autodeterminação e consolidam a ocupação ilegal do território por Marrocos, violando as resoluções e os esforços das Nações Unidas.
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