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|Irlanda

Manifestantes acusam governo irlandês de facilitar «genocídio do povo palestiniano»

Centenas de pessoas mobilizaram-se junto ao Aeroporto de Shannon (Irlanda) para denunciar a utilização da infra-estrutura e do espaço aéreo irlandês por aviões envolvidos no genocídio de Gaza.

Manifestação junto ao Aeroporto de Shannon, Irlanda, a 8 de Setembro de 2024 Créditos / Ireland-Palestine Solidarity Campaign (Facebook)

Na mobilização que teve lugar este domingo nas imediações do Aeroporto de Shannon (Oeste da Irlanda), as organizações Shannonwatch e Ireland-Palestine Solidarity Campaign (IPSC) entregaram uma carta às autoridades policiais no país europeu, pedindo-lhes que inspeccionem aviões militares norte-americanos e outros que usam a infra-estrutura aeroportuária.

Segundo revela o portal shannonwatch.org, na carta afirma-se que a nenhuma aeronave estrangeira susceptível de estar envolvida no genocídio de Gaza deve ser dada autorização para atravessar o território ou o espaço aéreo irlandês.

Até que isso se concretize, pede-se à Garda (Polícia) que tome todas as medidas adequadas para evitar a cumplicidade no massacre de dezenas de milhares de pessoas na Faixa de Gaza.

Shannonwatch e IPSC foram duas das organizações convocantes do protesto, em que participaram centenas de pessoas provenientes de toda a Irlanda, denunciando a «cumplicidade» do país com o massacre em curso na Palestina e defendendo a paz.

É preciso acabar com a cumplicidade

«Shannon teve mais de duas décadas de cumplicidade nas guerras no Médio Oriente», disse um representante da Shannnonwatch presente na mobilização no Condado de Clare.

Aviões de guerra em Shannon não (no cartaz) / Ireland-Palestine Solidarity Campaign (Facebook) 

«Milhões de pessoas foram afectadas por essas guerras e a Irlanda abandonou a sua neutralidade para apoiar o belicismo dos EUA. Hoje, em Gaza, podemos ver exactamente para que é que as armas dos EUA são utilizadas. É brutal, e a Irlanda não deve facilitar isso de forma alguma», declarou.

«Os Estados Unidos têm sido o principal apoiante do governo israelita e das suas forças militares nas últimas décadas, e especialmente desde Outubro de 2023», disse ainda o porta-voz da Shannnonwatch.

«Ao longo dos últimos 11 meses, centenas de aviões militares dos EUA e contratados pelos militares passaram pelo Aeroporto de Shannon ou pelo espaço aéreo irlandês. A maior parte destas aeronaves tem ido para o Médio Oriente e vindo de lá, e várias aterraram em Israel», denunciou.

Apesar das denúncias, Garda e governo não tomam medidas

A Shannonwatch, em conjunto com a IPSC e outras organizações, tem denunciado repetidamente esta situação junto da Garda e do governo irlandês, sem que – afirmam – nenhuma acção tenha sido tomada para lidar com o problema do apoio a Israel que passa pelo país.

No protesto, esteve Roman Shortall, jornalista de The Ditch, portal que tem vindo a publicar uma série de peças sobre vários voos com munições de guerra para Israel que passaram pelo espaço aéreo irlandês. Shortall sublinhou que estes voos levaram mais de 57 toneladas de material de guerra para os territórios da Palestina ocupada em 1948.

Ei, ei, EUA, quantos miúdos já mataste hoje? (no cartaz) / Ireland-Palestine Solidarity Campaign (Facebook)

A manifestação solidária com a Palestina foi coberta pelo jornalista Jerome Hughes, da PressTV, a quem diversos manifestantes expuseram os seus pontos de vista – em defesa da Palestina, do controlo dos aviões militares que aterram em Shannon ou usam o espaço aéreo irlandês [vídeo aqui].

«Temos medo de fazer frente aos EUA. Se o governo quer deveras representar o seu povo, então deve começar a enfrentá-los; de outro modo, sentiremos que as nossas vozes já não são respeitadas», disse um dos manifestantes à reportagem.

Entretanto, na Palestina os bombardeamentos e massacres israelitas prosseguem. De acordo com as autoridades de Saúde, até ontem, a mais recente ofensiva sionista na Faixa de Gaza provocou pelo menos 41 084 mortos e mais de 95 mil feridos, além de dez mil desaparecidos.

Na Margem Ocidental ocupada, refere a Wafa, desde 7 de Outubro de 2023, pelo menos 699 palestinianos foram mortos pelas forças e colonos israelitas.

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