|Redes sociais

Algoritmo do Twitter privilegia discursos e políticos de direita

Um estudo desenvolvido pela rede social, em conjunto com vários investigadores, demonstrou que o seu algoritmo favorece, duas a três vezes mais, perspectivas de direita, amplificando o seu alcance.

Tendo assumido que «existe um intenso debate, público e académico, sobre a possibilidade de alguns grupos beneficiarem de amplificação em relação a outros», umas das maiores redes sociais do planeta, o Twitter, desenvolveu um estudo sobre o funcionamento do seu algoritmo, com o apoio das Universidades de Cambridge, Califórnia e de Londres.

Uma brecha legal para limitar a liberdade de expressão?

Tem estado em debate a Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital, aprovada no Parlamento, e que contém elementos que podem fazer perigar a liberdade de imprensa.

Créditos / Kingston University

Nos últimos anos tem sido intenso o debate público em torno da desinformação, das fake news e da deturpação dos factos, que encerram sempre objectivos de transmitir e reproduzir, de forma massificada, ideias e conceitos que atentam contra o dever de informar e de ser informado, de forma isenta e imparcial.

É incontornável o papel que a internet e as redes digitais assumem nesta questão. E bem assim, as ligações e pressões políticas e económicas sobre os órgãos dominantes de comunicação, e o controlo destes por parte de monopólios que têm interesses que ultrapassam, em muito, o de informar, têm motivado discussão e até propostas, mais ou menos sérias e eficazes, para combater esta realidade.

O objectivo anunciado da referida Carta era o de cumprir as disposições definidas pela União Europeia (UE) para o Plano Europeu de Acção contra a Desinformação. Não obstante, os elementos que constam, em particular do seu artigo 6.º que dispõe sobre o direito à protecção contra a desinformação, têm sido objecto de polémica.

O Estado protege «a sociedade contra pessoas singulares ou colectivas, de jure ou de facto, que produzam, reproduzam ou difundam narrativa considerada desinformação», lê-se no artigo e, segue-se, o apoio à «criação de estruturas de verificação de factos por órgãos de comunicação social devidamente registados» e ainda o incentivo à «atribuição de selos de qualidade por entidades fidedignas dotadas do estatuto de utilidade pública».

Pese embora o teor do normativo seja preocupante no que toca à liberdade de imprensa e de expressão, só recentemente têm surgido preocupações de múltiplos sectores e vozes, que não vieram a debate aquando da discussão em sede da Assembleia da República.

Veja-se que podem, a propósito disto, passar a ficar justificadas legalmente, limitações à liberdade de expressão, desde logo porque a definição do que é desinformação, por um lado, e a criação e controlo das entidades que venham a definir o que é informação de qualidade, estão sempre subjugadas ao facto de os principais órgãos de comunicação serem detidos por grandes grupos económicos privados e que, no caso português, têm caminhado para uma cada vez maior concentração.

Ora, recorde-se, esta norma que foi aprovada com a referida lei em Abril, contou com os votos a favor de PS, PSD, CDS-PP e PAN e com as abstenções de BE e Joacine Katar Moreira. Só o PCP votou contra a disposição que entrará em vigor em Julho.

Depois de «o mal estar feito», o deputado João Cotrim Figueiredo já veio dizer que foi um erro ter-se abstido na votação final e propõe agora a revogação do referido artigo.

A lei aprovada dispõe sobre matérias tão relevantes quanto o testamento vital, o direito ao esquecimento, as fake news, geolocalização abusiva, os referidos «selos de qualidade», a inteligência artificial ou a tarifa social da internet, tudo em torno dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos no ciberespaço.

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

«O conteúdo da página de cada utilizador é seleccionado e ordenado por algoritmos personalizados. Priveligiando, consistentemente, algum conteúdo em detrimento de outro, estes processos podem amplificar algumas mensagens aos mesmo tempo que limitam outras», explica o documento. 

O estudo comparou as experiências de utilizadores com algoritmos personalizados com a dos menos de 1% que ainda usam o Twitter numa organização exclusivamente cronológica. A avaliação tem como base a realidade do Reino Unido, os Estados Unidos da América, da Alemanha, do Canadá, de Espanha, do Japão e de França.

Para além de dominar os espaços de informação nos media, algoritmo garante a prevalência da direita nas redes sociais

O estudo concluiu que, à excepção da Alemanha, tweets de políticos de direita têm uma muito maior amplificação do que os de políticos de esquerda. Também as organizações noticiosas de direita registam o mesmo padrão: muito maior dispersão do que aquela que existe numa disposição simplesmente cronológica.

«Em seis destes sete países (a Alemanha é a única excepção) tweets de políticos de direita recebem maior amplificação do que de esquerda, organizações noticiosas de direita mais do que as de esquerda». A comparação foi estabelecida entre o conteúdo produzido por políticos que ocupam, actualmente, cargos regionais, parlamentares ou nacionais (mais de três mil).

|

Gigantes das novas tecnologias estão alinhados com o governo dos EUA

A conivência entre os grandes empórios das novas tecnologias e a administração dos EUA foi denunciada pelo jornalista cubano Randy Alonso, director do Cubadebate, o principal portal informativo de Cuba.

Randy Alonso, director do portal Cubadebate e apresentador do programa televisivo «Mesa Redonda»
CréditosAbel Padrón Padilla / Cubadebate

Em declarações à agência Xinhua, esta semana, Alonso afirmou que «há uma conivência, um alinhamento dos grandes empórios das telecomunicações e das novas tecnologias com as decisões do governo norte-americano».

O jornalista fez estes comentários a propósito da suspensão recente, por parte da YouTube e da Google, das contas do diário cubano Granma, do canal de televisão Cubavisión Internacional e do programa televisivo «Mesa Redonda», este último dirigido e apresentado por Alonso.

A suspensão, que se prolongou durante quase 24 horas, foi justificada com uma suposta infracção das leis de exportação dos Estados Unidos, que são aplicadas no contexto do bloqueio que, há mais de meio século, Washington mantém contra Cuba.

«aquilo que se passou mostra como a suposta independência que exigem a empresas como Huawei ou Tiktok é falsa»

«O que é irónico no caso é que cerca de 24 horas depois, quando há uma denúncia internacional, quando a questão do bloqueio é denunciada, e o apontamos e condenamos como a causa do apagão informativo, a Google devolve a conta sem qualquer explicação», lembra Alonso.

Noutras ocasiões, noutras situações, as suspensões fundamentaram-se em alegadas violações de determinadas regras ou nalguma actividade estranha na rede, mas isso não foi o que se passou agora, sublinhou o jornalista.

«Isto faz parte, sem dúvida, de ensaios de apagões informativos contra Cuba por parte da administração norte-americana», afirmou, acrescentando que aquilo que se passou mostra como a suposta independência que exigem a empresas como Huawei ou Tiktok é falsa, porque «não a aplicam às suas próprias empresas, que não podem ir para lá das leis norte-americanas, e, além disso, aplicam a priori as normas do bloqueio contra Cuba».

«O que está em jogo por trás de tudo isto são acções de carácter geoestratégico e geopolítico, que não têm nada a ver com questões tecnológicas»

Randy alonso

Para o director do Cubadebate, estas empresas norte-americanas inserem-se na estratégia de confrontação do governo dos Estados Unidos contra Cuba, Venezuela, China e Irão.

«O que está em jogo por trás de tudo isto são acções de carácter geoestratégico e geopolítico, que não têm nada a ver com questões tecnológicas ou com violações das regras próprias do funcionamento das redes sociais», referiu.

No entender do jornalista cubano, Washington procura manter o controlo das comunicações, que «é ter o domínio cultural e ideológico e também o domínio simbólico», disse.

Muita censura

Em Setembro do ano passado, o Twitter suspendeu as contas dos principais meios de comunicação cubanos durante uma intervenção televisiva do presidente do país, Miguel Díaz-Canel, na qual deu conta dos obstáculos impostos por Washington ao abastecimento de combustível à Ilha.

Então, a empresa norte-americana bloqueou também as contas de Raul Castro Ruz, ex-presidente de Cuba, e da sua filha, Mariela Castro, deputada e directora do Centro Nacional de Educação Sexual, além das do diário Granma, do Cubadebate, da Radio Rebelde e do Canal Caribe.

Ao longo dos anos, os gigantes norte-americanos das tecnologias censuraram muitas outras contas cubanas, incluindo a da União de Jovens Comunistas, da agência Prensa Latina e do diário cubano Juventud Rebelde.

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

Para uma avaliação rigorosa dos milhões de tweets analisados, o estudo estabelece que o valor de 0%, corresponde a um tweet cuja disseminação corresponda àquele que se verifica numa ordem cronológica, enquanto o valor de 100% significa que o tweet tem o dobro da exposição do que seria normal.

No Reino Unido e no Canadá, a exposição de comentários feitos por políticos de direita no Twitter chega a ser quatro vezes superior ao valor expectável, 176% e 167% respectivamente. A amplificação do discurso da direita em Espanha chega a ultrapassar os 200% (quatro vezes mais do que o suposto), em que o PP, Partido Popular, domina por completo o algoritmo.

O director de engenharia informática desta rede social, Rumman Chowdhury, considerou que a comprovação, por parte deste estudo, da existência de um algoritmo que amplifica uma certa tendência política é «problemática. Se existir um tratamento preferencial na base de como o algoritmo é construído, contra o modelo supostamente normal, em que as pessoas interagem com o conteúdo», é posta em causa a independência das redes sociais.

Esta informação não vai levar, por enquanto, à alteração do software desta rede social, tendo esta alegado serem precisas mais investigações para se chegar a alguma informação mais conclusiva.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui