Em comunicado, a Samyukta Kisan Morcha anunciou a intensificação dos protestos do movimento de agricultores que lutam contra a legislação aprovada em Setembro, que os deixa à mercê dos grandes grupos económicos e que, denunciam os sindicatos, põe fim ao preço mínimo garantido, ameaça a segurança alimentar do país e conduz à destruição da pequena agricultura pelo agronegócio.
Neste sentido, a organização que aglutina as estruturas sindicais revelou que no próximo dia 18 terá lugar um bloqueio ferroviário, em todo o país, entre o meio-dia e as 16h, noticia o portal Newsclick.
Darshan Pal, presidente do Sindicato Krantikari Kisan, disse ainda que os agricultores decidiram igualmente que hoje não haverá cobrança nas portagens do estado do Rajastão, e denunciou as «tentativas deliberadas» de lançar os «jawans (soldados) contra os kisans (agricultores)» ao longo das manifestações.
Por seu lado, Rakesh Tikait, um destacado dirigente agrícola do estado de Uttar Pradesh, referiu que os agricultores «lutam para evitar que o seu pão se transforme num bem de mercado em que é o nível de fome que decide os preços».
Tikait, que se dirigiu aos presentes na fronteira de Singhu com Nova Déli, sublinhou que o assalto corporativo aos campos tem vários componentes. «As empresas agrícolas vão decidir os tipos de sementes que vamos semear. Estão-nos a tirar a liberdade e a questão não atinge apenas os agricultores, mas também os trabalhadores pobres que já estão a lutar contra a má-nutrição», disse, acrescentando que «as leis vão dizimar as perspectivas de dirigir pequenas empresas».
O dirigente do Sindicato Bhartiya Kisan comentou ainda os ataques recentes do governo à imprensa que tem feito uma cobertura intensa dos protestos dos agricultores: «Kalam aur camera par pahra hai (o ataque é à caneta e à câmara)», denunciou.
Sede do portal Newsclick invadida por agência estatal
Na terça-feira, agentes da Enforcement Directorate – agência governamental do Ministério indiano das Finanças contra o crime económico – entraram na redacção do Newsclick, em Nova Déli, com o pretexto de investigar um alegado crime financeiro.
Os agentes estatais efectuaram buscas durante mais de 36 horas e, segundo refere o Newsclick – com uma linha editorial claramente de esquerda e que tem feito uma extensa cobertura dos protestos dos agricultores desde Novembro –, apreenderam material «vital ao funcionamento» do portal.
Vários jornalistas ficaram retidos com oficiais do Estado indiano em suas casas ou na sede do meio de comunicação, sem qualquer tipo de acusação formal. O chefe de redacção, Prabir Purkayastha, e a jornalista e escritora Githa Hariharan permanecem em regime de detenção domiciliária há mais de 80 horas.
O Newsclick afirma que está a cooperar com as autoridades, pois «não tem nada a esconder», acrescentando que a «verdade há-de prevalecer». Sublinha que «estes raides parecem fazer parte de uma tendência para utilizar agências governamentais contra aqueles que se recusam a seguir a linha do establishment».
O Sindicato dos Jornalistas de Déli emitiu um comunicado a condenar o ataque, que classificou como «sinistro». Por seu lado, o Partido Comunista da Índia – Marxista declarou em comunicado que a acção em causa constitui «uma tentativa flagrante de intimidar e suprimir um portal noticioso independente», que «tem fornecido uma cobertura credível e abrangente dos protestos dos agricultores». Os comunistas denunciam ainda a utilização de estruturas do Estado, por parte do governo de Modi, para «acossar e silenciar os media independentes».
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