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|artes plásticas

Projetos para refletir sobre o diálogo e a partilha

«O Lagarto» de J. Borges em Odemira, «Contra a Parede» nas Caldas da Rainha, «Da Série Looking At Animals» de Joana Villaverde no Seixal, «Chorinho Feliz» nos Açores e comemorar o 25 de Abril.

Projeto expositivo «Chorinho Feliz – obras da coleção do Arquipélago» 
Projeto expositivo «Chorinho Feliz – obras da coleção do Arquipélago» Créditos

«O Lagarto» é o nome da exposição de xilogravuras de José Jacinto Borges apresentada na Biblioteca Municipal José Saramago1 em Odemira, podendo ser visitada até dia 29 de abril.

Esta exposição é organizada pela Fundação José Saramago e as xilogravuras expostas são de José Jacinto Borges, um artista popular brasileiro, e ilustram o conto de Saramago O Lagarto, que tinha sido originalmente incluído na edição de A Bagagem do Viajante, em 1973, volume que reuniu as crónicas escritas por José Saramago para o diário A Capital e para o semanário Jornal do Fundão, entre 1971 e 1972.

«O Lagarto»

A história deste conto narra o aparecimento no Chiado de um misterioso lagarto, cuja presença surpreende os transeuntes e mobiliza os bombeiros, o exército e a aviação, e transforma-se, no final, numa rosa rubra e, a seguir, numa pomba. A fábula oferece uma pluralidade de sentidos e enigmas, sendo ao mesmo tempo uma escrita poética, critica e misteriosa, bem ao estilo de Saramago.

«Perante esta narrativa e as ilustrações (xilogravuras) de J. Borges, os leitores adultos, dependendo da sua formação e do seu conhecimento sobre a obra e o pensamento de Saramago, captarão conscientemente o princípio que atravessa toda a escrita deste autor, para quem escrever foi sempre ação na vida da pólis, participação no fazer da vida pública e, em particular, política.»2

«Contra A Parede» é o título da exposição que se apresenta no Centro de Artes do Museu Leopoldo de Almeida3 nas Caldas da Rainha, até 30 de abril. Nesta exposição participam os artistas Ana Vidigal, Nuno Nunes-Ferreira e Pedro Gomes, e tem a curadoria de Hugo Dinis. Depois de ter sido exposto em Abrantes, Vila Nova de Foz-Coa e Tavira é a vez da cidade das Caldas da Rainha poder apreciar o projeto Contra-Parede, que consiste num diálogo entre as obras dos artistas participantes, utilizando a parede, lugar privilegiado para a intervenção no espaço público, como ponto de partida para uma reflexão sobre o espaço expositivo, como espaço social, histórico, cultural, político e de contra-poder.

Nuno Nunes-Ferreira

Quanto aos trabalhos apresentados, o curador Hugo Dinis, diz-nos que «Ana Vidigal, atendendo às questões domésticas e feministas do seu trabalho, desenvolveu obras que implicam um humorístico sentido político e que indagam o debate pertinente entre os domínios público e privado. Nuno Nunes-Ferreira, com recurso ao seu imenso arquivo de jornais e revistas, realizou um mural que alude às questões políticas do Estado Novo e a prevalência da liberdade onde a voz e o discurso individual se encontram como um bem comunitário. Pedro Gomes apresenta desenhos por módulos, imagens que se podem estender como papel de parede, que confrontam o espaço arquitetónico através de representações dos dispositivos históricos museográficos recorrentes entre o século XIX e o cubo branco do século XX.»

Exposição «Da Série Looking At Animals», de Joana Villaverde4 encontra-se atualmente na Galeria de Exposições Augusto Cabrita no Fórum Cultural do Seixal5, decorrendo até 30 de abril.

No texto «O olhar como um gesto, como um corpo», apresentado aquando da exposição da mesma série no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, João Silvério fala-nos que «a relação com o Outro é construída sobre uma linhagem de relações que invariavelmente nos confronta com o corpo, com um determinado contexto onde esse corpo se expande ou, pelo contrário, se contrai e reencontra o seu sentido noutras morfologias que aparentemente escapam à figura humana, mas da qual resgatam um sentido da vida que nos conduz a repensar-nos enquanto seres em relação, que se olham e se reconhecem, sejam estes animais, no sentido mais literal, ou humanos, numa acepção ética, moral e política que nos define».  

Como ponto de partida para esta exposição, a artista sugere-nos que uma das suas referências foi John Berger (filósofo e escritor) e em particular algumas das frases que ele escreveu no texto Why Look at Animals? em que propõe percebermos a forma como os animais nos olham, sendo apenas connosco, a espécie humana, que o reconhecimento desse olhar é familiar. Essa familiaridade é também referida no texto de João Silvério quando ele diz que as «…duas obras intituladas Vaca I e Vaca II, talvez animais que habitam a paisagem em que a artista vive, são representadas como se fossem imagens de uma memória cinematográfica, nessa profundidade de campo, como uma espécie de trompe l’oeil que emudece a tentação do mero retrato daqueles animais.»

Joana Villaverde

O projeto expositivo «Chorinho Feliz – obras da coleção do Arquipélago» é de Beatriz Brum, Diogo Aguiar, João Mourão e Sofia Carolina Botelho e poderá ser visitado no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas dos Açores6, até 17 de abril.

A exposição «Chorinho Feliz» reúne obras de Amália Pica, Ana Vieira, Barrão, Catarina Botelho, Catarina Branco, Christian Holstad, Grafeno, Joachim Schmid, João Ferreira, João Pedro Vale, Rubén Monfort, Rui Moreira e Sofia de Medeiros. «As obras destes artistas e as relações que se podem estabelecer entre elas remetem-nos para momentos de convívio e de festa. Nos tempos pandémicos que atravessamos é importante, por um lado, retomar essas memórias da partilha e, por outro, antecipar novos encontros. Queremos que esta exposição seja um olhar às tradições, festas populares, romarias, bailes e mesas postas, mas queremos também que seja um momento de esperança para que rapidamente possamos voltar todas e todos a estes convívios

Na sala 3 do Centro de Artes Contemporâneas, espaço que dá visibilidade a artistas emergentes, podemos ainda visitar uma outra exposição de João Miguel Ramos, «A transmitir de», até 24 de abril. Nesta exposição, apresentam-se trabalhos que se posicionam entre a escultura, a pintura e o som, e que refletem sobre as possibilidades de difusão de informação numa época, que de acordo com João Miguel Ramos, é de «incessante sobreprodução de conteúdo».

Ainda em Odemira, a associação Sopa dos Artistas, ali sediada desde 2002, juntou diversos artistas e, no âmbito das comemorações do 25 de Abril em Odemira, organizou a «Exposição colectiva da Sopa dos Artistas» com trabalhos de dez artistas em pintura, escultura, joalharia e instalação, que poderá ser visitada na Igreja da Misericórdia7, até 30 de abril

Também no âmbito das comemorações do 25 de Abril foi organizada a exposição coletiva de artes plásticas «Criar em Liberdade», que decorre na Biblioteca de Azeitão8, até 21 de maio. Esta exposição é organizada pelas autarquias locais e associação culturais locais e integra trabalhos de pintura, escultura, desenho, aguarela, fotografia, cerâmica, técnicas de vidro e instalação, realizados por 25 artistas da cidade de Setúbal, de Azeitão e da Quinta do Anjo.

A Galeria Manuela Vale da Escola de Artes Mestre Fernando Rodrigues9, em Lagoa, terá patente a exposição «Abril Traz Novas Cores» de 26 de abril até final de maio. Será uma exposição temporária de artes plásticas com trabalhos de artistas do concelho de Lagoa, com trabalhos de arte multimédia, cerâmica artística, desenho, escultura, fotografia, instalação e pintura.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

  • 1. Biblioteca Municipal José Saramago Odemira - Cerro do Peguinho, 7630-174 Odemira. Horário: terça a sábado das 10h às 18h.
  • 2. Excerto do texto «"Ando há muito tempo para contar uma história de fadas": O Lagarto, de José Saramago» de Carlos Nogueira Universidade de Vigo, Cátedra Internacional José Saramago.
  • 3. Museu Leopoldo de Almeida - Rua Dr. Ilídio Amado 2500-217 Caldas da Rainha. Horário: Segunda a sexta 9h-12h30 / 14h-17h30; Sábados, domingos e feriados | 9h-13h /15h-18h.
  • 4. Joana Villaverde, artista plástica, nasceu em Lisboa, em 1970. Vive e trabalha em Avis desde 2012. Inaugura o ateliê «Officina Mundi» em Avis em 2018, onde assume a direção artística e programação. Colabora regularmente em teatro, com a criação de cenografias para produções apresentadas em vários teatros nacionais. É autora dos desenhos para os cartazes e programas mensais do Teatro do Bairro, Lisboa. Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian para a residência Location One em Nova Iorque (2010/11). Foi selecionada pela EUNIC-European Union National Institutes for Culture para participar no workshop Rethink Palestine, em Jericó, na Palestina (2015). Desde 2016 está a desenvolver o projeto Mar com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e do Grupo Bensaúde.
  • 5. Forum Cultural do Seixal - Quinta dos Franceses, Seixal 2840-499 Seixal. Horário: terça a sexta-feira, das 10h às 20h30. Sábado, das 14.30 às 20h30.
  • 6. Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, Rua Adolfo Coutinho de Medeiros s/n 9600 - 516 Ribeira Grande São Miguel – Açores. Horário: Terça a Domingo, das 10h às 18h.
  • 7. Igreja da Misericórdia 7630-174 Odemira. Horário: 10h/13h | 15h/18h (2.ª a 6.ª); 10h/13h (sábados).
  • 8. Biblioteca Municipal de Azeitão - Rua de Lisboa, n.º 11 Vila Nogueira de Azeitão 2925-558 Azeitão. Horário: De segunda a sexta-feira, das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30; Sábados, das 14h às 18h.
  • 9. Galeria Municipal Manuela Vale R. Afonso Costa 39, 8400-309 Lagoa. De segunda a sexta-feira, das 9h30 às 12h e das 14h30 às 17h.

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