Passar para o conteúdo principal

A Malvada Associação Artística inaugurou em outubro a exposição «Habitar», da autoria de José Miguel Soares no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo[fn]Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo – Largo do Conde de Vila Flor, 7000-804 Évora. Horário: terça-feira a domingo, das 9h30 às 13h e das 14h às 17h30.[/fn], em Évora, que decorre até 7 de janeiro de 2024. Em novembro, a mesma associação, em colaboração com a Galeria da Biodiversidade, levou também o projeto «Habitar» ao Porto, com uma exposição no Centro Ciência Viva do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto[fn]Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, Campo dos Mártires da Pátria, 81, 4050-368 Porto. Horário: terça a domingo, das 10h às 13h e das 14h às 18h.[/fn], que pode ser visitada até 30 de dezembro.

Estas exposições são «o resultado de um processo colaborativo com a comunidade e instituições locais» e apresenta-se como «um projeto de cruzamento disciplinar com criação de Ana Luena e José Miguel Soares, o processo de construção das imagens decorre de momentos experimentais de relação que, através de metodologias de criação colaborativa, propõem diálogos contínuos e versões de futuros alternativos para o desenvolvimento de múltiplos imaginários coletivos».

No texto da exposição é ainda revelado que «estes dispositivos temporários deixam deliberadamente de lado uma visão da fotografia como mero objeto, revelando-a, antes, como diálogo e sistema relacional, para o desenvolvimento de múltiplos imaginários coletivos».

A Malvada Associação Artística foi fundada em 2018, está sediada em Évora e conta com Ana Luena e José Miguel Soares, sendo esta dupla responsável pelas criações artísticas e direção do projeto, que aposta num território periférico como centro de criação e reflexão artística contemporânea.

No âmbito da 5.ª Bienal Internacional de Arte de Gaia – Polo de Mirandela, podemos ver a exposição coletiva «Quando os Pássaros Caem – o futuro é hoje» na Ecoteca de Mirandela[fn]Ecoteca de Mirandela – Travessa da Ponte Romana, 5370-489 Mirandela. Horário: segunda a sexta, das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30; sábados, domingos e feriados das 10h às 13h e das 14h às 17h.[/fn], até 31 de dezembro. Participam os artistas Albuquerque Mendes, Paulo Neves, Sobral Centeno e Susana Piteira.

Esta exposição tem como curador Manuel Cabral, assinalando-se no seu texto que o título da exposição é também uma evocação, ou seja, «a primeira parte, "quando os pássaros caem", inspira-se numa crónica recente da Clara Ferreira Alves, a qual reflete acerca da imensa pressão que o homem exerce sobre a natureza e o ambiente, sobrecarregando-os a ponto de fazer perigar a sobrevivência coletiva. A segunda, "o futuro é hoje", invoca o conhecido título do livro de John C. Maxwell, que tem vindo a ser repetido exaustivamente, agora também com a nossa ajuda… Ambas as asserções enquadram o tema que propusemos aos artistas para esta manifestação artística».

Os artistas convidados, além de participarem na exposição coletiva foram também desafiados a participar num programa que integrou «conversas à sexta» e oficinas criativas no espaço da Ecoteca de Mirandela.

As paredes de Pavia recebem a primeira exposição de Bruno Réquillart[fn]Bruno Réquillart viveu e trabalhou entre Paris e Pavia (concelho de Mora). Estudou artes gráficas e comunicação, porém foi na fotografia que se destacou, a partir de 1967. Reconhecido como uma figura central na história da fotografia francesa da década de 1970. Em 1981, o artista decide interromper a prática fotográfica para se dedicar exclusivamente à pintura. No ano de 1992, Réquillart doa os seus negativos, fotografias, slides e gravuras ao Estado francês. Após um intervalo de quase 20 anos, Bruno Réquillart retoma o trabalho em fotografia, centrando a sua atividade em formatos panorâmicos de paisagens urbanas.[/fn] em Portugal, «Pavia Meu Amor», até 31 de dezembro de 2023. Esta instalação de fotografias de grandes dimensões nas paredes das casas desta terra alentejana transformaram a vila de Pavia numa autêntica galeria de arte ao ar livre.

Nesta exposição o artista reúne a sua produção fotográfica das últimas décadas, entre 2000 e 2021. São 47 registos de Pavia, onde o artista decide viver desde finais dos anos 90 com a sua companheira, a pintora Inês Barahona. Num texto acerca da sua exposição em 2004 no Centre Culturel Calouste Gulbenkian (CCCG), delegação em Paris da Fundação Calouste Gulbenkian, Joana Brito escreve que, nas suas fotografias, Bruno Réquillart articula «elementos urbanos e rurais, tais como casas, cruzamentos de ruas, quiosques, bancas de jornais, paisagens, gentes da terra, estendais de roupa, troncos de árvores, entre outros».

Já num texto da crítica e curadora de arte Marta Gili, podemos ler que «Bruno Réquillart é um observador das formas e das suas conspirações. As aparências – sejam de cidades densamente entrelaçadas, espaços naturais ou paisagens domadas pelo homem – fornecem a matéria-prima para sua pesquisa, um lugar onde a superfície e a geometria do mundo se unem a um "ser" em estado de alerta. Em suas divagações fotográficas, o olhar do artista recai sobre as semelhanças, contingências e genealogias do que percebe: escrutina e seleciona, enquadra e compõe...» 

A exposição permanente do Museu Nacional de Soares do Reis, no Porto, esteve encerrada para obras de reabilitação desde 2019, com o objetivo de «concretizar uma nova narrativa», segundo o diretor do Museu, reabrindo em abril passado. É no âmbito desta reabertura e do projeto Outros Lugares que o Museu Nacional Soares dos Reis[fn]Museu Nacional Soares dos Reis – R. de Dom Manuel II 44, Porto. Horário: terça a domingo, das 10h às 18h.[/fn], no Porto, organizou a exposição «Lugar Cativo» aberta à cidade, que vai decorrer até 31 de dezembro.

A exposição «Lugar Cativo» pode ser vista na Rua do Cativo, no Porto, é constituída por reproduções de uma seleção de cerca de 40 obras do acervo do museu colocadas nas fachadas dos edifícios, tendo como referência o lema «Um museu de pessoas, por pessoas para pessoas». É assumida pela organização como «um conjunto de retratos que posiciona o seu olhar sobre a cidade e o espectador, uma observação bidirecional entre a personagem representada e o seu público, e vice-versa, num diálogo desenvolvido à medida de cada pessoa». O texto assinala ainda que com este evento «propõe-se extravasar o espaço do Museu e a sua organização formal para envolver curadorias improváveis e diferenciadoras atendendo à natureza dos parceiros, ao local de apresentação e aos respetivos contextos».

Lembramos que o Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, é o primeiro museu público do país, com uma história de 190 anos de atividade. Além da nova exposição permanente, com um percurso de quase 200 anos, assinalamos também as novas exposições que estão agora disponíveis para os visitantes, a exposição «Portreto De La Animo Art Brut Etc.», que decorre até 31 de dezembro, que é apresentada como «um retrato da alma», com obras do acervo do Museu Nacional Soares dos Reis e da coleção Treger Saint Silvestre, em depósito no Centro de Arte Oliva, e a exposição «Inferno – A Viagem de Dante», com desenhos do pintor António Carneiro, que pode ser visitada até 30 de março de 2024.

O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)