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|Eleições Parlamento Europeu

Branquear a extrema-direita para atacar a democracia

O ascenso de forças de extrema-direita em países europeus é preocupante. Não menos preocupantes são as campanhas dos que fingem preocupar-se com isso ao mesmo tempo que alimentam esse crescimento.

 Viktor Orban e Matteo Salvini
/Euronews
Viktor Orban e Matteo Salvini /EuronewsCréditos

Na campanha eleitoral para o Parlamento Europeu (PE) tem surgido pela voz de PSD e CDS-PP, mas não só, a desvalorização do que representam as forças de extrema-direita e o «pôr no mesmo saco» a extrema-direita e as forças de esquerda que combatem as políticas da União Europeia (UE).

A confusão que se procura semear com a «aproximação de extremismos» é brutalmente desmentida pela realidade. A barreira de arame farpado construída pelo governo de Viktor Orban, na fronteira sul da Hungria, para impedir a entrada de imigrantes, ilustra bem o que se diz.

Ao passo que os partidos de extrema-direita propõem políticas contra os migrantes e refugiados, como a chamada união fortaleza, têm sido as forças à esquerda que mais ferozmente se têm batido pelos direitos humanos, denunciando a política bélica da UE que causa os fortes fluxos migratórios.

A extrema-direita não visa combater verdadeiramente a UE e o seu projecto de integração. Pelo contrário, apoia os caminhos para a militarização da UE, subscreve medidas orçamentais que atacam os trabalhadores e as funções sociais dos estados, muitas vezes lado a lado com aqueles partidos que agora choram lágrimas de crocodilo com o seu ascenso.

De facto, a verdadeira preocupação de Paulo Rangel ou Nuno Melo não é a extrema-direita, mas sim esconder que são os pilares da UE e as suas políticas que estão na origem do seu crescimento, pois o neoliberalismo, o federalismo e o militarismo promovem o descontentamento popular que a alimenta.

Para além da mentira, afirmam um ultraje histórico a todos aqueles que abnegadamente combateram ou deram a vida para combater tudo aquilo que representou o nazi-fascismo, designadamente com Segunda Guerra Mundial, e o fascismo em Portugal, Itália ou Espanha que vitimaram muitos milhões.

A comparação entre «extremismos» afronta os mais de 20 milhões de soviéticos que perderam as suas vidas na vitória sobre o nazi-fascismo, os mais de um milhão de mortos causados pela guerra da Espanha franquista e todos aqueles que morreram, viram perder a sua liberdade ou foram torturados no combate contra a barbárie, de que o Forte de Peniche ou Campo de Concentração do Tarrafal são também exemplos. 

O combate dado historicamente por forças de esquerda, democráticas e patriotas que politicamente se posicionam em defesa do humanismo, dos direitos humanos e da soberania dos povos não é compatível com façanhas políticas eleitoralistas e demagógicas.

É perigosa a falsa dicotomia que se pretende criar entre aqueles que defendem e assumem como certas as políticas da UE e aqueles que as criticam, como se estes fossem todos iguais. O objectivo é o de impor um só caminho, desvalorizando quaisquer críticas em sentido progressista à política da UE e suas consequências negativas para as populações.

De facto, alimentando-se a ideia de que ou se é pela UE ou se está com a extrema-direita, aproveita-se para promover uma fuga em frente no sentido de propor uma maior concentração do poder nas instituições supranacionais da UE e, assim, das suas políticas. As mesmas que estão na genése do crescimento da extrema-direita.

É assim que os «Nunos Melos» aparecem um dia a dizer que o Vox não é extrema-direita e que no dia seguinte se afirmam preocupados também com o perigo da «extrema-esquerda», pondo neste pacote partidos como o BE ou o PCP, procurando confundir e confinar tudo a uma «amálgama eurocéptica».

É a promoção de um exercício demagógico mas perigoso para a democracia, porque, além de branquear a verdadeira natureza da extrema-direita e o seus objectivos, desenvolve uma retórica de reescrita da História.

Também com este objectivo têm estado aqueles que demagogicamente afirmam, como Paulo Rangel, que partidos como o PCP votaram quase sempre ao lado da extrema-direita no PE. Esquecendo, por um lado, as suas próprias votações lado a lado com a Frente Nacional ou o Fidezs em questões essenciais que prejudicaram o povo português e outros povos da UE; e, por outro lado, apagando o facto de que partidos como o PCP estão em lados diametralmente opostos da barricada das forças de extrema-direita – e sempre as combateram –, pois estas nunca porão em causa o sistema na qual a UE assenta as suas premissas.

Os perigos da extrema-direita na Europa são reais. Mas estas forças surgem com raízes conhecidas: crise social e destruição de direitos a par de ataques à soberania dos estados, o caldo perfeito cozinhado na política da UE.

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