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A Universidade não foge ao debate sobre a luta por terra no Brasil

No ano em que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) completa 40 anos, tem lugar a 11.ª edição da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária Popular (JURA).

Roda de conversa na JURA, realizada na Universidade de Campinas (UNICAMP) 
Roda de conversa na JURA, realizada na Universidade de Campinas (UNICAMP) Créditos / Divulgação JURA Unicamp

Ao longo dos últimos 11 anos, a JURA constituiu-se como «espaço de união, resistência e contribuição para a batalha das ideias». Este ano, entre Março e Junho, volta ser um novo espaço de diálogo e aprendizagem sobre questões relativas à Reforma Agrária, à agroecologia e à educação no campo, indica o portal do MST.

A Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária Popular realiza-se a partir da articulação entre o MST e instituições do Ensino Superior, estudantes, movimentos e organizações populares, com a participação aberta a todos os que se interessam pela temática da Reforma Agrária, a luta pela democratização da terra e contra a desigualdade social.

«Um debate que precisa envolver toda a sociedade brasileira»

Para ajudar a entender a importância da iniciativa no contexto dos 40 anos do MST, o movimento falou com com Valter Leite, do Sector de Educação do MST, e Maria Nalva Rodrigues de Araújo Bogo, professora do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

JURA 2023 na UnB // Marla Galdino / MST

«A JURA, desde sua primeira edição em 2014, está inserida numa série de ações nacionais desenvolvidos por dezenas de universidades brasileiras, se constituindo como um fecundo espaço acadêmico-científico comprometido com as lutas dos diversos Movimentos Sociais Populares do Campo pela Reforma Agrária Popular como forma de democratização da estrutura agrária, social, econômica, política e educacional brasileira», explicou Valter Leite, acrescentando que a iniciativa tem possibilitado um maior envolvimento entre a comunidade académica e a luta pela Reforma Agrária.

Já Maria Nalva Rodrigues disse ao portal do MST que a JURA surgiu «a partir de professores ligados ao movimento, à luta pela Reforma Agrária e pela democratização da propriedade da terra no contexto da universidade brasileira, para que o debate sobre a questão da terra, do território, as lutas e os enfrentamentos históricos sejam tema de discussão na universidade», num contexto em que este debate tinha desaparecido dos círculos académicos.

«O debate sobre a concentração da terra no Brasil ou sua democratização é um debate que precisa envolver toda a sociedade brasileira, inclusive a universidade, a academia, que não pode se omitir nesse contexto», afirmou a professora baiana, sublinhando que «as universidades públicas, que são mantidas com dinheiro do povo, precisam se envolver nas grandes problemáticas brasileiras e, consequentemente, um desses grandes problemas, considerado estrutural na sociedade, deve ser objeto de debate, discussão e posição fundada na formação do povo brasileiro, aquele que passa pela universidade».

Ajudar a compreender os males do agronegócio e da concentração da terra no Brasil

Por seu lado, Valter Leite destacou o facto de as várias edições da JURA terem sido «um ambiente rico de estudo, debate e denúncia da violência exercida pelo agro-mínero-negócio», ajudando a explicar as consequências de o Brasil nunca ter feito a sua Reforma Agrária.

«As JURAs se tornaram um importante espaço político-acadêmico de fortalecimento da luta dos diferentes sujeitos coletivos que vivem cotidianamente as contradições e consequências do avanço e desenvolvimento do capital no campo, sejam estes: quilombolas, indígenas, camponeses, Sem Terra, pescadores/caiçaras, comunidades ribeirinhas, entre tantas outras que representam essa diversidade de identidades dos povos do campo, das águas e das florestas», disse.

Para o representante do Sector da Educação do MST, estas iniciativas apresentam-se como «uma ação pedagógica e de resistência ativa na universidade para que as Instituições de Ensino Superior fortaleçam seu caráter público, democrático, plural, participativo e comprometido com a ciência».

«Se coloca como espaço-tempo de promoção de estudos e ações que propiciam ampliar a análise da questão agrária e compreender os males do agronegócio e da concentração de terras no Brasil, e sua vinculação direta com a crescente fome no Brasil, assim como as desigualdades sociais, raciais e de gênero», precisou.

Por seu lado, Maria Nalva destacou o facto de, nesta última década, a JURA ser «um espaço de discussão sobre a propriedade da terra, o modelo de desenvolvimento e a resistência a esse modelo hegemônico e suas práticas predatórias».

JURA em 2023 na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) / MST

«As JURAs têm sido um espaço de debate, denúncia, esclarecimento, estudo, pesquisa e construção de resistência, através de feiras, cursos e outras iniciativas, onde os estudantes têm cobrado e participado ativamente na busca por alternativas», declarou.

No que respeita ao enquadramento da actual JURA nas comemorações do 40.º aniversário do MST, Valter Leite diz que o propósito é que possa dedicar-se à memória e à trajectória da «luta por terra, Reforma Agrária e mudanças na estrutura social brasileira», «reafirmando a Reforma Agrária como condição necessária para o enfrentamento às desigualdades que afligem o país».

«A melhor forma de a JURA celebrar os 40 anos do MST é propiciando um amplo processo de apropriação do conhecimento científico, de diálogo e de construção de ações conjuntas em prol de um projeto popular para o país, em que a soberania alimentar e a produção de alimentos saudáveis são bases para o combate à fome», sublinhou.

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