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Uma limpeza étnica sob os nossos olhos – 1

Uma situação que é de hoje, de ontem, de todos os dias se recuarmos até 1947/48. Qualquer fuga em massa de palestinianos resultante de acções militares terroristas do aparelho sionista tem sentido único, o de ida.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA) revelou, a 21 de Novembro de 2023, que a mais recente agressão israelita a Gaza provocou 1,7 milhões de deslocados 
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA) revelou, a 21 de Novembro de 2023, que a mais recente agressão israelita a Gaza provocou 1,7 milhões de deslocados Créditos / Anadolu

A impunidade de um genocídio

«Estas são as linhas básicas do governo por mim chefiado: o povo judeu tem um direito exclusivo e inquestionável a todas as áreas da terra de Israel»

(Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel no discurso de posse em Janeiro de 2023)

 

Sob os nossos olhos desenvolve-se a partir da Faixa de Gaza, e também da Cisjordânia e Jerusalém Leste, como temos vindo a verificar, a limpeza étnica de mais de cinco milhões de pessoas executada pelo aparelho político-militar do Estado de Israel, com apoio dos Estados Unidos da América e, no mínimo, a cumplicidade dos governos dos países do chamado Ocidente colectivo. Perante esta realidade ainda não são suficientes, apesar de crescentes, a revolta e a indignação de milhões e milhões de cidadãos do mundo, inconformados com o crime de genocídio em que a fuga e a expulsão de toda a população de um território decorrem da matança de milhares de pessoas, na sua maioria crianças e mulheres.

Sob pretexto das práticas terroristas do Hamas, o Estado sionista colonial de Israel deu asas à sua máquina terrorista, com mais de 75 anos de experiência, para provocar o êxodo da população palestiniana de Gaza, parte dela já refugiada de outros episódios de limpeza étnica praticados pela mesma linhagem hereditária de assassinos em série. Numa primeira fase, os terroristas sionistas criam as condições de pânico e aniquilação indiscriminada, o terror implacável, para que a população de Gaza não tenha outra alternativa que não seja fugir para o território egípcio do deserto e península do Sinai, movimento que é recusado publicamente pelo governo do Cairo – embora, em privado, as coisas talvez não sejam muito bem assim.

«Numa primeira fase, os terroristas sionistas criam as condições de pânico e aniquilação indiscriminada, o terror implacável, para que a população de Gaza não tenha outra alternativa que não seja fugir para o território egípcio do deserto e península do Sinai, movimento que é recusado publicamente pelo governo do Cairo»

Pelo menos tendo em conta uma declaração do presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmmud Abbas, publicada já em 2014 pelo Times of Israel: «Um líder sénior do Egipto disse-me que deve ser encontrado um refúgio para os palestinianos e, para isso, temos todo um vasto território de 1600 quilómetros quadrados adjacente a Gaza». Esta revelação foi feita por Abbas numa reunião do Comité Central da Fatah, a maior organização secular palestiniana, realizada em Ramallah, na Cisjordânia.

Por enquanto, no entanto, a posição oficial do Egipto, declarada pelo presidente Al-Sisi, assume que os acontecimentos de Gaza representam «uma tentativa de forçar os residentes a refugiar-se, a emigrar para o Egipto, o que não pode ser aceite». Tanto mais, acrescenta, que «a ideia de deslocar palestinianos para o Sinai significa arrastar o Egipto para uma guerra com Israel». Motivos fortes. Mas serão suficientes?

Em Gaza, o movimento de «transferência» da população envolve 2,3 milhões de pessoas.

Tragédia alastra à Cisjordânia

Na Cisjordânia a situação e a metodologia ainda são diferentes – as operações militares não atingiram a dimensão que tomaram em Gaza – mas o objectivo pode considerar-se o mesmo.

Os últimos acontecimentos, como o cerco do hospital da massacrada região de Jenin por 40 tanques e uma turba de militares e colonos e o assalto da tropa ao campo de refugiados de Balata, não muito longe de Ramallah, sede da Autoridade Palestiniana, revelam uma alteração qualitativa da posição israelita na Cisjordânia, assumindo agora as características de uma invasão militar.

Até aqui, embora se tenha registado uma aceleração desde 7 de Outubro, dia da operação do Hamas em Israel, as operações contra as comunidades palestinianas na Cisjordânia e em Jerusalém Leste têm estado principalmente a cargo de grupos de assalto ou mesmo esquadrões da morte formados por colonos, sob protecção da polícia e, esporadicamente, das tropas sionistas.

Esta tem sido, em geral, a metodologia da colonização – actividade ilegal à luz das Convenções de Genebra – e de ocupação gradual do território da Cisjordânia de modo a inviabilizar, por falta de área de implantação e viabilidade, a criação de um Estado palestiniano independente. As acções de agressão têm formas diversificadas mas convergem no objectivo de tornar insuportável a vida de famílias e comunidades, forçando-as a procurar, noutros lados, de preferência no estrangeiro, as condições para sobreviver. A limpeza étnica é gradual, não se processa, para já, em massa, mas nem por isso deixa de ser o que é. A partir do êxodo forçado torna-se impossível para qualquer deslocado regressar às suas origens.

«A limpeza étnica é gradual, não se processa, para já, em massa, mas nem por isso deixa de ser o que é. A partir do êxodo forçado torna-se impossível para qualquer deslocado regressar às suas origens.»

Destruição de residências, de bairros inteiros, estabelecimentos de ensino, comerciais e de saúde, recusa da atribuição de licenças de habitação, expulsão arbitrária de pessoas e de famílias inteiras, divisão de cidades, aldeias, até mesmo de famílias por um muro de separação com centenas de quilómetros, devastação de colheitas, roubo das produções agrícolas são alguns dos crimes quotidianos cometidos por autoridades militares, policiais e por colonos, «limpando» áreas inteiras dos seus habitantes e instalando «postos avançados» de colonização funcionando como núcleos de novos colonatos. A Justiça israelita não actua contra os crimes cometidos por colonos e, se algum destes se «excede» e chega a ser detido, por exemplo na sequência de um assassínio, acaba por ficar rapidamente em liberdade.

A crescente militarização da actividade sionista na Cisjordânia, mesmo em zonas sob a responsabilidade da Autoridade Palestiniana, significa que há uma mudança de atitude de Israel ao humilhar e reduzir à ínfima espécie a autonomia decorrente dos Acordos de Oslo, que todos os governos sionistas desde o assassínio de Isaac Rabin, em 1994, fizeram por inviabilizar.

Os movimentos actuais significam um requiem pelo chamado «processo de paz», sem que a comunidade internacional se sobressalte, apesar de o Hamas não ter na Cisjordânia um poder minimamente comparável ao de Gaza. São operações com um novo dinamismo para aproveitar a onda do que se passa no enclave, de modo a alterar qualitativamente as condições nas zonas sob autonomia e acelerar o processo de colonização, isto é, de limpeza étnica na Margem Ocidental do Jordão. Jordânia e, em muito menor escala, o Líbano, voltarão a ser os destinos de novas vagas de palestinianos expulsos da Cisjordânia. O sionismo, relembra-se, considera que o Estado palestiniano já existe – é a Jordânia. O regime israelita sempre à margem do direito internacional.

Quantos milhares de vidas custa um combatente do Hamas?

Poucos meses depois de Benjamin Netanyahu ter feito a declaração reproduzida na abertura deste texto, o primeiro-ministro sionista exibiu na Assembleia Geral da ONU um mapa «do Estado de Israel» do qual foram suprimidas todas as áreas palestinianas sob autonomia e sob ocupação, em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Leste. O chefe do governo israelita apagou toda a Palestina do mapa, precisamente, perante a instituição mais representativa do direito internacional, aquela que determinou a partilha do território histórico da Palestina num Estado judaico e num Estado árabe. A provocação ao direito internacional foi frontal, mas não incomodou os governos ocidentais, mais sintonizados com o normativo casuístico ao serviço do colonialismo globalista a que chamam «ordem internacional baseada em regras». Mesmo que Oideon Rachman, um colunista sionista do Financial Times, cite «diplomatas europeus» admitindo que «podemos estar a ver uma limpeza étnica massiva». Por alguma razão, eles fazem a declaração sob a cobertura do anonimato. Levantar reservas ao comportamento de Israel é uma liberdade passível, em plena democracia liberal ocidental, de ser penalizada com represálias ou até perdas de emprego, seja de diplomatas, jornalistas, actores, conselheiros governamentais ou mesmo quaisquer cidadãos que ousem manifestar publicamente a sua opinião.

«A provocação ao direito internacional foi frontal, mas não incomodou os governos ocidentais, mais sintonizados com o normativo casuístico ao serviço do colonialismo globalista a que chamam «ordem internacional baseada em regras». Mesmo que Oideon Rachman, um colunista sionista do Financial Times, cite "diplomatas europeus" admitindo que "podemos estar a ver uma limpeza étnica massiva"»

A «performance» de Netanyahu no palácio de vidro antecedeu em poucos dias a operação terrorista desencadeada pelo Hamas em 7 de Outubro, uma acção absolutamente inconsequente para os interesses e os direitos do povo palestiniano e que serviu às mil maravilhas a Israel para lançar a sua operação de massacre da população de Gaza como primeiro passo para a limpeza étnica. Se a guerra é contra o Hamas, como garantem os próceres sionistas, então quantas crianças e mulheres será necessário assassinar para eliminar um combatente do grupo islamita, cuja criação, aliás, está intimamente associada às estratégias de divisão das organizações palestinianas praticadas por Israel, principalmente a cargo da Mossad, os serviços de espionagem sionistas? A história da relação entre Israel e o Hamas é um longo caminho de convergências e contradições inerentes à convivência dos criadores de monstros com as suas criaturas.

Na fase actual, destacados responsáveis sionistas, designadamente o primeiro-ministro, acusam sistematicamente os dirigentes mundiais, entre eles membros de governos ocidentais, como o espanhol, de estarem do lado do Hamas, um grupo que, na sua opinião, adoptou práticas terroristas idênticas às do Daesh, Isis ou Estado Islâmico.

Nem sempre, porém, o regime sionista foi tão rigoroso em relação ao Hamas e ao Isis. O próprio Belazel Smotrich, o ministro fascista das Finanças de Netanyahu que defende a limpeza étnica como «solução humanitária», dizia em 2015 que «o Hamas é um trunfo e Mahmmud Abbas (presidente da Autoridade Palestiniana) é um fardo». E, no ano seguinte, o chefe dos serviços secretos de Israel, Herzy Halevy, reconhecia que «não queremos a derrota do Isis na Síria; os seus actuais insucessos colocam Israel numa posição difícil». Mais ou menos por essa altura, o primeiro-ministro israelita visitou terroristas do Isis e da al-Qaida socorridos e tratados em hospitais no interior de Israel e nos Montes Golã ocupados, depois de feridos durante a agressão internacional contra a Síria.

Yuval Diskin, com a autoridade e a experiência que lhe advêm do facto de ter chefiado os serviços de espionagem interna, Shin Beth, entre 2005 e 2011, reforçou esta realidade, só aparentemente contraditória, ao afirmar que, «se olharmos ao longo dos anos, uma das pessoas que mais contribuiu para o fortalecimento do Hamas foi Benjamin Netanyahu, desde o primeiro mandato como primeiro-ministro».

Regressar para onde?

O jornalista israelita Anshel Pfeffer publicou, a propósito da situação actual em Gaza, uma reportagem no Haaretz, diário considerado «de referência», na qual escreve que «mal vemos os terroristas, eles são subterrâneos e as batalhas mais difíceis ainda estão para vir». E cita um soldado israelita para quem «tudo o que fizemos foi andar nos nossos veículos blindados, as ‘botas no chão’ ainda estão para vir».

O correspondente de defesa do mesmo Haaretz, Amos Harel, muito ligado ao aparelho militar sionista, afirma que «Israel só agora começa a aperceber-se da amplitude e sofisticação da rede de túneis», pelo que «mesmo os chefes militares não têm a certeza sobre o seu propósito final». O mesmo comentador reconhece que, «com o Hamas debaixo de terra, as forças militares israelitas reivindicam muitos êxitos mas não apresentam corpos de combatentes do Hamas».

As imagens censuradas e fornecidas pelas autoridades israelitas, divulgadas e repetidas até à exaustão pelos media globalistas transnacionais, limitam-se a mostrar os militares sionistas em acção através das ruínas provocadas pelos bombardeamentos israelitas, expondo estranhos combates «unilaterais» dos quais o inimigo parece ausente. Dir-se-ia estarmos perante exercícios militares.

O que sobressai dessas imagens, para quem não foi infectado ainda pela propaganda doentia que obriga cada um de nós a ser «um israelita», é o verdadeiro significado dos cenários de terra queimada e arrasada onde foram captadas. Os seres humanos que aí viviam, com dificuldades, é certo, mas com a dignidade possível, desapareceram por completo. Ou foram assassinados ou fugiram para sul do território tentando salvar o que lhes resta, a própria vida. É certamente isto que está na mente do primeiro-ministro quando proclama o seu objectivo de transformar Gaza numa «ilha deserta». Algo que Israel e as suas forças armadas, garante Netanyahu, «estão a fazer de acordo com os mais elevados padrões do direito internacional e, para evitar prejudicar inocentes, continuaremos a fazê-lo até à nossa vitória».

«A pressão israelita orienta-se inequivocamente pelo objectivo de amassar cada vez mais os 2,3 milhões de habitantes do território junto ao ponto de passagem de Rafah, até que o Egipto seja obrigado a ceder por "razões humanitárias"»

As zonas do Norte do território e dos arredores da Cidade de Gaza onde é possível ver as tropas sionistas participando em tiroteios no meio de escombros – e rezam as crónicas de que também por ali andam militares norte-americanos e mercenários – testemunham que está em curso uma operação conjunta de chacina e de limpeza étnica. Entretanto, no Sul do enclave, onde se concentram as populações expulsas do Norte, os bombardeamentos continuam enquanto já se desenvolvem incursões terrestres, principalmente na cidade de Khan Yunis, a maior da região meridional – uma mensagem aos palestinianos de que o martírio não acaba ali. A pressão israelita orienta-se inequivocamente pelo objectivo de amassar cada vez mais os 2,3 milhões de habitantes do território junto ao ponto de passagem de Rafah, até que o Egipto seja obrigado a ceder por «razões humanitárias», incapaz de resistir à dimensão catastrófica da situação e aos clamores misturados com insinuações chantagistas de muitos governos mundiais, a começar pelo dos Estados Unidos, que têm pelos palestinianos, na prática, um desprezo quase igual ao que é manifestado pelas autoridades israelitas.

O cenário que a muitos ainda parece inacreditável, continuando a outorgar ao governo sionista umas réstias de zelo humanitário e uma noção dos limites que efectivamente não tem – basta olhar para a história – pode não estar assim tão distante, dependendo do tempo que esta tragédia leve até se tornar insustentável. Todos os comportamentos israelitas são expressão de terrorismo de Estado. Escrevê-lo não significa uma absolvição do Hamas, desculpar as atrocidades cometidas por este grupo ou ilibá-lo por isso. O terrorismo é uma estratégia usada pelos dois campos. Não há, porém, terrorismo bom e terrorismo mau. Esta maneira de estar no cenário internacional, um exemplo de «regra» da «ordem internacional baseada em regras», é própria do chamado «mundo ocidental» e «civilizado», que assim vai perdendo o pouco respeito que ainda possa merecer por parte do resto do mundo, a maioria global. Se continuar a deixar-se arrastar pela criminalidade israelita até às últimas consequências, o Ocidente sujará ainda mais a sua arrogante imagem de farol da moralidade e dos direitos humanos. O culto do faz de conta tem prazo de validade.

«O Estado de Israel está assente em limpezas étnicas. Foi criado e tem-se desenvolvido expulsando os palestinianos de lugar após lugar da Palestina para neles instalar imigrantes sionistas»

Um outro jornalista israelita do Haaretz, Aluf Benn, aborda a realidade de maneira ainda mais aguda ao notar que «a expulsão dos residentes palestinianos, a transformação das suas casas em pilhas de escombros e as restrições de entrada de suprimentos e combustíveis» revelam uma estratégia israelita diferente em relação a anteriores agressões contra o superlotado território palestiniano transformado num campo de concentração. Aluf Benn faz notar que «mesmo que em breve seja declarado algum cessar-fogo, sob pressão norte-americana, Israel não terá pressa em se retirar e permitir que a população volte ao Norte da Faixa de Gaza; e, se as pessoas voltarem, para onde voltarão? Afinal, já não têm as suas casas, as suas ruas, as suas instituições de ensino, comércio e outras quaisquer infraestruturas de uma cidade moderna», incluindo, como se sabe, hospitais e demais centros de assistência humanitária.

Uma situação que afinal é de hoje, de ontem, de todos os dias se recuarmos até 1947/48. Qualquer fuga em massa de palestinianos resultante de acções militares terroristas do aparelho sionista tem sentido único, o de ida. O «direito ao retorno» dos refugiados está inscrito na lei internacional, mas não passa de uma norma em letra morta. Nem Israel a aceita, nem a chamada comunidade internacional a impõe. O Estado de Israel está assente em limpezas étnicas. Foi criado e tem-se desenvolvido expulsando os palestinianos de lugar após lugar da Palestina para neles instalar imigrantes sionistas, e mesmo «sionistas» que viram subitamente «a luz» graças a um expedito sentido de oportunidade.

Insaciável sede de sangue e destruição

Cessar-fogo? Netanyahu responde: «não vamos parar, não haverá tal coisa». Dos Estados Unidos chega a citação de um membro da administração Biden dizendo que «eles (Israel) estão seguros de que não os podemos impedir de fazer o que estão a fazer». Na verdade, sobretudo em período em que já cheira a eleições presidenciais nos Estados Unidos, e também para renovação das câmaras legislativas, vem à superfície um facto indesmentível que qualquer candidato com verdadeiras ambições de poder não pode arriscar-se a ignorar: o lobby judaico tem mais influência no Congresso do que qualquer equipa da Casa Branca. Mesmo que tenha as mãos a pingar sangue das crianças de Gaza.

A administração Biden está bem ciente disso e, mesmo que, por absurdo, quisesse travar Israel, não o fará. John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, admitiu que Israel deverá ficar a ocupar Gaza «depois de derrotar o Hamas», «pelo menos até que a Autoridade Palestiniana» possa assumir a tarefa. Hipótese que, na prática, está posta de lado nos planos oficiosos israelitas existentes para consumar a limpeza étnica – como se perceberá em próximo artigo.

«[...] vem à superfície um facto indesmentível que qualquer candidato com verdadeiras ambições de poder não pode arriscar-se a ignorar: o lobby judaico tem mais influência no Congresso do que qualquer equipa da Casa Branca»

Por outras palavras, esta sentença acende a luz verde para que Israel cumpra uma intenção já manifestada por Netanyahu: a de «governar Gaza por tempo indeterminado».

Na sequência, naturalmente, da limpeza étnica do território. Ainda que fosse contra o mundo – o que está longe de ser previsível –, percebe-se hoje que o sionismo está determinado a fazê-la.

E por muito que numerosas almas imbuídas do espírito «informativo», «esclarecedor» e «democrático» da comunicação social corporativa estejam reticentes quanto à realidade de estarmos a assistir a essa limpeza étnica de mais de cinco milhões de pessoas, nos territórios palestinianos de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Leste, não há negação engenhosa, mentira genial ou silêncio inviolável que mascarem a realidade. Ela está em curso, um crime de guerra e contra a humanidade executa-se sob os nossos olhos.

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