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No Uruguai, lembrança da ditadura e da luta, a 48 anos do golpe de Estado

A propósito dos 48 anos da instauração da ditadura no Uruguai, o PIT-CNT evocou a greve geral de então, em que trabalhadores e estudantes se posicionaram face ao «novo avanço do terrorismo de Estado».

Trabalhadores uruguaios mobilizados contra «os tempos que aí vinham»; a associação Crysol de ex-presos políticos afirma que os trabalhadores perderam 50% do seu poder de compra com a ditadura 
Trabalhadores uruguaios mobilizados contra «os tempos que aí vinham»; a associação Crysol de ex-presos políticos afirma que os trabalhadores perderam 50% do seu poder de compra com a ditadura Créditos / PIT-CNT

A 27 de Junho de 1973, o presidente eleito do Uruguai, Juan María Bordaberry, decretou a dissolução do Parlamento, com o apoio das Forças Armadas, e a data marca o início da ditadura cívico-militar que se prolongou até 1985 no país sul-americano.

O golpe de Estado foi «mais um passo» no «autoritarismo» que existia no país desde 1968, afirma o Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores (PIT-CNT) numa declaração comemorativa, sublinhando que, no período que antecedeu o golpe, o movimento popular «levou a cabo várias estratégias para fazer frente» à «acção ilegítima do Estado», em que se incluía a prática da tortura, desaparecimentos, detenções sem intervenção do Poder Judicial, homicídios, o exílio político ou o desterro da vida social.

A central destaca o papel do movimento sindical organizado em torno da outrora Convenção Nacional dos Trabalhadores e da Federação dos Estudantes do Uruguai, em conjunto com organizações sociais e alguns partidos políticos, «face ao novo avanço do terrorismo de Estado».

Para o PIT-CNT, a greve geral foi «uma resposta adequada e justa aos tempos que estavam para vir», em que se intensificou a política de terrorismo Estado que havia precedido o golpe: «milhares de prisões ilegítimas, torturas, assassinatos, desaparecimentos, crimes sexuais, apropriação de menores, exílio», explica.

Hoje, 35 anos depois do primeiro governo democrático, ainda se «luta por verdade, justiça, memória e reparação integral», nota a central sindical uruguaia no seu portal.

Sobre a campanha de recolha de assinaturas, num contexto de emergência sanitária, para levar a referendo 135 artigos da Lei de Urgente Consideração, promovida pelo governo de direita, o PIT-CNT afirma que se trata de um «novo capítulo de resistência face à instalação de inovadoras formas de autoritarismo estatal».

Associação de ex-presos políticos: ditadura deixou um «legado funesto»

A Crysol, associação de ex-presos políticos uruguaios, afirma que o regime da ditadura deixou um «legado funesto» para a sociedade, com «enorme incidência na realidade nacional, no plano judicial e político, mas também no económico».

A nível económico, a Crysol refere o aumento das despesas orçamentais com as Forças Armadas, a partir 1972, bem como o sistema de reformas e pensões dos militares, «privilegiado» e «amplamente deficitário», que só em 2020 custou 500 milhões de dólares.

Os militares mantiveram um papel de destaque no Uruguai durante o governo do presidente Julio María Sanguinetti, afirma a Crysol, dando como exemplo disso a Lei da Caducidade de 1986, que impediu que membros da instituição armada fossem julgados como «criminosos» por acções cometidas na ditadura.

«Quase 200 detidos desaparecidos. 200 assassinados. Milhares de presos políticos e exilados. A ditadura cívico-militar deixou um saldo trágico para o país inteiro em matéria de violações dos direitos humanos mas também noutras esferas da vida. Os trabalhadores perderam 50% do poder de compra dos seus salários. Uma enorme massa de dinheiro foi destinada às arcas dos grupos económicos poderosos, os "malla de oro" da época, que apoiaram o processo», sublinha a associação.

Também a propósito do 48.º aniversário do golpe de Estado que instaurou a ditadura no Uruguai, a associação Mães e Familiares de Uruguaios Presos Desaparecidos publicou um vídeo editado pelo Colectivo Catalejo, com os lemas «Nunca mais» e «Onde estão?».

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