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Omran, Hawraa e os media do regime

O terrorismo assume formas mais suaves quando assim convém: sejam os «rebeldes» no «coração de Damasco», os mujahedin no Afeganistão, os islamitas que foram para Bósnia ou os combatentes da Al-Qaeda que, tão prestáveis, ajudaram a derrubar Muammar Khadafi.

Mossul, Iraque
Mossul, IraqueCréditos / RT

Numa peça que ontem deu a lume na RT, o jornalista e escritor americano Robert Bridge recorda Omran Daqneesh – menino de Alepo coberto de poeira e sangue, cuja imagem foi intensamente divulgada como elemento de propaganda pelos media ocidentais; uma imagem a que podiam recorrer, diz Bridge, sempre que quisessem retratar o «regime sírio apoiado pelos russos» no seu esforço de libertação de Alepo.

O «regime sírio apoiado pelos russos» combatia o terrorismo numa cidade que acabaria por libertar, mas a 18 de Agosto de 2016 o que interessou à generalidade dos media ocidentais foi expor a criança e a sua imagem contra os maus dos russos e dos sírios do regime de Assad. Combatiam numa cidade infestada de terroristas? Não. Eram os maus.

O terrorismo assumia formas mais suaves porque assim era desejável perspectivá-lo – como hoje é quando assim convém. Veja-se o caso de narrativas recentes sobre os recentes ataques dos «rebeldes» no «coração de Damasco»; ou, num passado mais ou menos distante, o dito sobre os mujahedin no Afeganistão, os islamitas que foram para Bósnia e os combatentes da Al-Qaeda que, tão prestáveis, ajudaram a derrubar Muammar Khadafi (tudo combatentes pela liberdade, freedom fighters).

Também na Síria os terroristas promovidos pelo Ocidente para seu benefício eram libertadores. Carta branca à Turquia, à Arábia Saudita, ao Catar, armas e dinheiro a fluir e... os EUA, a França, o Reino Unido – e sua trupe de acólitos – estiveram à beira de conseguir o que queriam, contando a história de um ditador, de uma revolução e de «rebeldes».

Foi neste contexto – e de uma narrativa estragada no terreno pelo Exército Árabe Sírio, o Hezbollah, o Irão, os russos e mais alguns – que a imprensa ocidental «desceu tão baixo ao ponto de usar a imagem de uma criança ferida como propaganda», contra aqueles que combatiam o terrorismo.

Ora, se o caso do «rapaz de Alepo» é bem conhecido, Bridge sublinha que isso já não se passa com a «rapariga de Mossul», uma menina de cinco anos, de nome Hawraa e única sobrevivente de um dos ataques aéreos sobre a cidade iraquiana, que ali são coordenados pelos Estados Unidos.

Entenda-se: gravemente ferida, Hawraa não podia figurar na narrativa dos sucessos heróicos do Ocidente em Mossul; ao invés, o «rapaz de Alepo» teve honras de primeira página e destaque televisivo, como agente de primeira grandeza na narrativa de «demonização de Alepo».

Assim sendo, no passado dia 20, a RT enviou um convite formal aos canais CNN, MSNBC, Al Jazeera, BBC e Sky News para que participassem numa discussão sobre diversas questões relacionadas com a cobertura mediática em Alepo e em Mossul. As primeiras três cadeias nem sequer responderam; a BBC recusou-se a enviar um participante; e a Sky disse que «não tinha tempo».

O modo como a comunicação social dominante do Ocidente se comportou em Alepo e o faz agora em Mossul é sinal evidente da manipulação que exerce ao serviço da NATO e da sua agenda de «derrube de regimes», afirma Bridge.

Bem entendido, é a comunicação social nas mãos do capital a defender os interesses do capital: as suas guerras de agressão e ingerência, os seus ataques à soberania dos povos, os seus saques aos recursos; os seus terroristas promovidos a rebeldes.

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