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A brincar com o fogo

A mediatização da coisa pública, que muitas vezes deveria ser tratada com recato, tem em várias situações resultados desastrosos. O caso de Tancos é exemplar.

CréditosArmando Babani / EPA

Poderíamos também falar, por exemplo, da transferência do Infarmed para o Porto, mas vamos debruçar-nos sobre a questão do roubo de armamento dos paióis de Tancos.

Após o roubo, muitos responsáveis políticos e militares preferiram o horário nobre dos noticiários televisivos para apressadamente mostrarem serviço. Foi o caso do chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) e também do Presidente da República.

No caso do CEME, começou pela exótica demissão, em directo no Telejornal, dos comandantes das unidades envolvidas na segurança dos paióis,  afirmando o seu receio de que pudessem interferir nas investigações. Isto é, obviamente não tinha confiança neles e no cumprimento das suas ordens para não se envolverem nas investigações. Ao que parece, os referidos comandantes não se sentiram muito incomodados aceitando mesmo voltar às funções de comando de onde tinham sido afastados na base de uma decisão sem qualquer enquadramento legal.

Aliás, tudo indica que dois dos referidos coronéis que motivaram a desconfiança do CEME quanto ao cumprimento do seu dever, vão agora, com o aval do chefe do Exército, frequentar o curso para oficial general.

Mais tarde, aquando do aparecimento do armamento roubado, o CEME em vez de o anunciar através de um simples comunicado, resolveu, mais uma vez (alguns nunca aprendem), expor-se e aparecer nas televisões com um ar satisfeito a mostrar uma «caixinha» que tinha sido recuperada a mais, como se os ladrões tivessem dado um bónus na linha do «desculpem lá qualquer coisinha».

Acontece que o Expresso, na sua última edição, noticia que a coisa não é bem assim e que, afinal, não terá sido recuperado todo o material roubado.

Eis que surge, de novo, o Presidente da República a anunciar que quer saber tudo. Mas, a verdade é que o Comandante Supremo das Forças Armadas andou também no horário nobre das televisões a apregoar que queria ver tudo esclarecido.

A questão é que agora não será só o CEME e o Ministro da Defesa que se têm de explicar. É também o Presidente, que deve explicar a razão de, sabendo (?) que o anúncio da recuperação do material roubado não correspondia à verdade, andou a levantar a lebre pela comunicação social, reafirmando a exigência de ver tudo esclarecido. Certamente teria sido melhor e, porventura mais eficaz, dizer isso mesmo directamente ás chefias militares e ao Governo!

Por fim, dizer que não deixa de ser curioso que agora todos se virem para o Ministério Público, mas a realidade é que quando o material roubado apareceu na Chamusca as autoridades militares não o chamaram, como deveriam ter feito!

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