Num país em que o comércio de bens agro-alimentares é dominado por grandes cadeias de distribuição, as dificuldades de escoamento e os baixos preços à produção são dificuldades com que as mulheres camponesas se deparam no seu trabalho. A estes problemas somam-se políticas de desenvolvimento territorial que, afirma a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) num comunicado, não têm em conta necessidades do mundo rural e assentam na «falta de investimento (na saúde, na educação, nos transportes, na agricultura e no desenvolvimento rural) e no progressivo encerramento de serviços públicos essenciais».
Em período de campanha para as eleições de 9 de Junho ao Parlamento Europeu, a CNA recorda também que as políticas que emanam da Política Agrícola Comum (PAC) não têm presente as dificuldades e necessidades das mulheres agricultoras e rurais e das suas famílias, nem medidas que contribuam para a igualdade de género, para o combate ao despovoamento e desertificação das zonas rurais ou que promovam o emprego das mulheres rurais. «Medidas simples como a majoração dos apoios quando atribuídos a mulheres agricultoras, no quadro da Agricultura Familiar, podem e devem ser aplicadas, lê-se na nota.
Outra reivindicação passa pela criação de um regime de Segurança Social adaptado à realidade das mulheres agricultoras e rurais, que lhes permita sair de «situações de vida profundamente precárias».
A Confederação saúda a resolução adoptada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) para declarar 2026 como o Ano Internacional da Mulher Agricultora, mas exige medidas que valorizem o papel das mulheres no sector agrícola e nos territórios rurais, e «ponham fim a todas as formas de discriminação e violência». Afinal de contas, sublinha, apesar do reconhecimento da importância das mulheres agricultoras e rurais nos sistemas agro-alimentares e da sua contribuição para a protecção do ambiente e preservação do conhecimento, «a realidade mostra-nos que há ainda muito a fazer para melhorar as suas condições de vida e de trabalho».
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