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Pobreza na Argentina aumenta e ronda os 35%

Um relatório preliminar da Universidade Católica Argentina (UCA) estima que, dos 40,5 milhões de habitantes no país austral, 14 milhões sejam pobres e quase 3 milhões vivam em condições de indigência.

Quase três milhões de argentinos vivem em situação de indigência ou pobreza extrema
Quase três milhões de argentinos vivem em situação de indigência ou pobreza extrema Créditos / Motor Económico

Na campanha eleitoral de 2015, o actual presidente da Argentina, Mauricio Macri, chegou a estabelecer como meta a «Pobreza Zero» para o seu país. Quase quatro anos volvidos, o eleito pela coligação Cambiemos está não só muito longe dessa «promessa» como é cada vez mais responsabilizado, pelos seus concidadãos, pelo actual cenário de ruptura social.

Num relatório preliminar, cujos dados foram revelados este domingo – os dados oficiais só deverão ser conhecidos em Setembro, após as eleições primárias de 11 de Agosto e antes das gerais de 27 de Outubro –, o Observatório da Dívida Social da UCA regista um aumento da pobreza no país, estimando que 35% da população se encontre «em condições de vulnerabilidade».

Em declarações à imprensa argentina, Eduardo Donza, investigador do Observatório, disse existirem «várias razões» para este aumento. «Durante os primeiros meses do ano, o aumento dos preços dos alimentos foi maior que a média geral», afirmou, sublinhando que «ainda não há uma recuperação».

Nas ruas de Buenos Aires, vêem-se todos os dias centenas pessoas – por vezes, famílias inteiras – com colchões estendidos nos passeios, ao relento.

De acordo com o investigador, a subida da inflação, associada à enorme desvalorização da moeda nacional, teve impacto nos preços dos bens essenciais e levou ao aumento da pobreza. «Os preços sobem pelo elevador e os salários pela escada», disse, acrescentando que, «quando há desvalorizações [monetárias], que são muitas vezes bruscas, há subidas de preços muito grandes e um mercado de trabalho que está cada vez mais "precarizado"», lê-se no portal infobae.com.

Em Março, o Instituto Nacional de Estatística revelou que, no final de 2018, 32% da população argentina vivia em situação de pobreza e que mais de 2,7 milhões viviam em situação de indigência ou pobreza extrema.

A recessão económica e o peso (moeda argentina) altamente desvalorizado, o acordo celebrado entre o governo de Macri e o Fundo Monetário Internacional – com os habituais «pedidos» de redução na despesa pública e de aprofundamento das políticas de austeridade –, os aumentos de preços nos serviços básicos, as subidas constantes dos preços da alimentação, os despedimentos, os encerramentos de inúmeras empresas, o elevado desemprego estão entre os factores que contribuíram para que a Argentina atinja, este ano, o número recorde de pessoas em situação de pobreza.

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