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Diplomacia ou Guerra

Durante a passada campanha presidencial nos EUA, houve quem pensasse que Trump poderia constituir um alívio à escalada militar que se poderia esperar por parte da belicista Hillary Clinton. Mas Trump apenas representa uma outra geoestratégia, mais virada contra a China que a Rússia. Com a agravante de uma gritante falta de habilidade.

CréditosAude Guerrucci/POOL/EPA / Agência Lusa

Não foi preciso sequer tomar posse para Trump demonstrar a sua falta de tacto diplomático, desvalorizando os informes das agências de inteligência, não se articulando com o Departamento de Estado para os seus contactos com os líderes mundiais, e cometendo gafes que no terreno diplomático em que joga podem ter graves consequências.

Passadas já algumas semanas da tomada de posse, existem evidências claras de contínua descoordenação entre a Casa Branca e o Departamento de Estado, responsável pela política externa e diplomacia. O novo Secretário de Estado, Rex Tillerson, à semelhança de Trump, também não tem tido relação fácil com a comunicação social. O início do seu mandato foi marcado pela suspensão das conferências de imprensa. Após seis semanas, recomeçaram os contactos com a imprensa, mas apenas duas vezes por semana e não com a periodicidade diária tradicional desde a presidência de Eisenhower.

Tillerson ainda não nomeou um porta-voz oficial. E na sua viagem ao Japão, Coreia do Sul e China, decidiu romper com a tradição e não incluir a imprensa no seu séquito, uma jogada interpretada pela imprensa como tentativa de controlar a narrativa.

Mas mais preocupante que a falta de transparência, são as palavras ditas e actos. No Médio Oriente posicionou-se do lado de Israel e contra a ideia de Dois Estados. Este mês dobrou a presença militar dos EUA na Síria, com o envio de 400 marines para Raqqa, o envio de rangers para Manjib (ambos locais na Síria) e prevê o envio de mais 2500 tropas para o Kuwait.

«Em 2016, Steve Banon, assistente de Trump, previu uma guerra no Mar do Sul da China dentro de cinco a dez anos.»

A relação com a China complicou-se desde o telefonema do presidente-eleito Trump com Taiwan, que não foi um acto isolado que se possa descartar como mero descuido ou falta de conhecimento. Trump tem ameaçado impor tarifas aduaneiras às exportações da China para os EUA, e acusou a China de manipulação monetária e de roubar empregos aos EUA. Em 2016, Steve Banon, assistente de Trump, previu uma guerra no Mar do Sul da China dentro de cinco a dez anos. Nas sessões de confirmação, Tillerson descreveu as acções da China no Mar do Sul como «extremamente preocupantes», tendo adiantado um ultimato à China para parar a construção de ilhas e negando o acesso da China às ilhas.  

Para o orçamento de 2018 estão previstos cortes orçamentais, incluindo uma redução em 29% do orçamento do Departamento de Estado e em programas de assistência ao estrangeiro (assim como cortes significativos na área do ambiente e agricultura, e o fim de apoios para as artes, humanidades e canais públicos). Mas prevê-se um aumento do orçamento militar em 54 mil milhões de dólares. Embora relativamente modesto face aos aumentos durante os anos de Obama, só este aumento é equivalente ao orçamento militar anual do Reino Unido.

Igualmente preocupante é onde o orçamento total poderá ser encaminhado. Trump parece fascinado como o poder militar bruto, tendo apelado a sinais de força e ao desenvolvimento de sistemas de armamentos destinados a grande conflitos, como porta aviões e armas nucleares.

Sobram assim razões para o Boletim de Cientistas Atómicos ter adiantado o seu simbólico Relógio do Juízo Final para dois minutos e meio antes da meia-noite, o ponto mais próximo da meia-noite (ou seja do apocalipse) desde os anos 1980.

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