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Democracia?

A Espanha que não hesita em usar toda a parafernália estatal para impedir um referendo é a mesma que há meses acusava a Venezuela de não querer permitir um referendo opositor, que se realizou sem qualquer ingerência por parte do governo de Nicolás Maduro.

CréditosToni Albir/EPA / Agência Lusa

Por muitas voltas que se dê, o governo espanhol é uma caricatura do seu próprio medo. Neste momento, seis mil polícias espanhóis aguardam no porto de Barcelona fechados num cruzeiro decorado com o Bugs Bunny e o Daffy Duck.

Esta que é uma das cartadas de Mariano Rajoy para impedir a concretização do referendo independentista na Catalunha faz lembrar uma das mais anedóticas acções da polícia no País Basco. Há anos, uma organização independentista convocou uma concentração.

Os tribunais espanhóis apressaram-se a proibir o protesto e deram ordens à polícia para que impedisse a iniciativa. O problema é que a aldeia para a qual se havia apelado à mobilização só existia numa telenovela basca. É tal o temor a que os povos do Estado espanhol possam decidir democraticamente o seu futuro que anos depois, na Galiza, a polícia espanhola não sabia o que fazer nas ruas de Santiago de Compostela quando, numa manifestação em defesa da língua galega, os independentistas apareceram vestidos de toureiros e sevilhanas com bandeiras franquistas.

Mas, muito para além do ridículo, o problema deve ser encarado com a mesma seriedade com que olhamos para a Turquia. Durante meses, e apenas porque este país ameaçou romper com a esfera política da NATO, a comunicação social lembrou-se de que existem presos políticos, acusações de tortura policial e graves limitações à participação de organizações sociais e políticas.

Não é uma novidade que os critérios jornalísticos variem ao sabor do alinhamento político e económico de cada país, mas a Espanha que não hesita em usar toda a parafernália estatal para impedir um referendo é a mesma que há meses acusava a Venezuela de não querer permitir um referendo opositor que se realizou sem qualquer ingerência por parte do governo de Nicolás Maduro.

E a Europa que acusava Hugo Chávez de se lançar numa deriva totalitária por acabar com a limitação de mandatos é a mesma que agora celebra a eleição de Angela Merkel para o quarto período eleitoral como chanceler.

Não há, de facto, dúvida de que a democracia só vale quando ganham os deles. Foi assim na Irlanda quando o eleitorado votou contra as alterações constitucionais para integrar as decisões do Tratado de Lisboa. Meses depois, celebrou-se um novo referendo sob uma pressão mediática sem precedentes que acabou por inverter o resultado dando vitória ao «sim».

Este é um modelo discursivo copiado a papel químico pelas declarações de Joana Mortágua. A candidata do partido que aparece na narrativa mediática como se fosse uma grande força autárquica, apesar de não governar qualquer autarquia, falava do totalitarismo da CDU em Almada. Não compreendia como é que a coligação entre comunistas, verdes e independentes segue ininterruptamente à frente da Câmara Municipal.

Só a falta de respeito pela vontade dos eleitores daquele concelho pode permitir tamanha boçalidade. Talvez se lhe deva perguntar se se devia substituir a população de Almada por outra que não vote sempre CDU.  

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