|Lisboa

«Torrente» volta ao processo revolucionário porque ainda há muito por contar

Já lá vão 11 anos desde que o Teatro do Vestido começou a sua trajectória documental e poética revivendo a memória da Revolução Portuguesa, tarefa que ganhou um novo contributo com a peça Torrente.

CréditosJoão Paulo Serafim / Teatro do Vestido

«Por entre os apagamentos, omissões e reescritas do que foi o rico e denso processo revolucionário português, passaram 50 anos de equívocos», é como o Teatro do Vestido justifica o facto de continuar a falar em palco da Revolução de Abril.

A tarefa de preservar a memória vai-se tornando cada vez mais difícil, de morte em morte, de legislatura em legislatura, «que traz consigo uma revisão constante das matérias memoriais, a proposta de novas efemérides, novas comemorações, novos heróis».

Aquele processo revolucionário, não aquele comumente comprimido nos «acesos» oito meses de 1975, mas o processo revolucionário mais longo é o grande foco de Torrente. Entretanto, engana-se quem espera um espectáculo documental, a peça que surge após 15 anos de pesquisa dentro da companhia «é mais evocativo do que informativo, mais poético do que documental».

O texto de Joana Craveiro parte de uma mesa cheia de memórias para autopsiar esses 50 anos de Revolução e de tudo o que se perdeu pelo caminho. Neste espectáculo híbrido, a companhia mergulha em «diferentes dispositivos e géneros», tentando fazer uma «viagem emocional da nossa própria orfandade face a uma revolução inacabada».

Torrente ganha vida com o texto, direcção e interpretação de Joana Craveiro, mas também com as interpretações de Estêvão Antunes, Diana Ramalho, Inês Minor, Tânia Guerreiro e Tozé Cunha. As apresentações acontecem de 8 a 11 de Novembro na ZDB Marvila. Bilhetes e informações de horários podem ser consultados no site da ZDB.

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