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|memória

Resistência portuguesa em França lembrada no Aljube

A participação de portugueses na resistência francesa à ocupação nazi, uma saga mal conhecida, é lembrada no Museu do Aljube neste sábado, pelas 15 horas.

Grupo de resistentes perto de Vennelles, Aix-en-Provence, França, em 1944. Foram popularmente conhecidos por «maquisards» a partir do termo «maquis», que designava a resistência francesa que se escondia nos bosques (maquis) de montanha
Grupo de resistentes perto de Vennelles, Aix-en-Provence, França, em 1944. Foram popularmente conhecidos por «maquisards» a partir do termo «maquis», que designava a resistência francesa que se escondia nos bosques (maquis) de montanhaCréditosJulia Pirotte / Musée de l’Armée, Paris

Uma sessão de homenagem e evocação dos portugueses que participaram na Resistência em França e no combate aos ocupantes nazi-fascistas durante a Segunda Guerra Mundial, realiza-se hoje, 18 de Novembro, pelas 15h, no Auditório do Museu do Aljube.

O evento é uma organização da Associação 25 de Abril, da União dos Resistentes e Antifascistas Portugueses (URAP), do Museu do Aljube Resistência e Liberdade e do INTERVALO Grupo de Teatro.

«Portugueses na Resistência em França (1939-1945)» conta com a participação do jornalista José Manuel Barata-Feyo, autor do livro A Sombra dos Heróis, que recupera a memória de muitos resistentes portugueses ao nazismo, e dos investigadores Cristina Clímaco, historiadora e professora na Universidade Paris VIII, investigadora da resistência portuguesa em França, e Victor Pereira, historiador e professor na Universidade de Pau / IHC-UNL, investigador da emigração portuguesa em França.

O livro de Barata-Feyo, publicado em 2019, veio retirar do desconhecimento os nomes de cerca de 350 combatentes portugueses, encontrados pelo jornalista nos registos do Ministério da Defesa francês, muitos dos quais foram presos, torturados e deram a vida no combate contra o nazi-fascismo e pela libertação da França.

Uma história pouco contada

A participação portuguesa na resistência antifascista em França foi durante muito tempo desvalorizada ou esquecida, pelos franceses mas também em Portugal, ao contrário do que aconteceu com outros núcleos estrangeiros de resistentes, como os espanhóis, italianos, polacos, alemães, russos, judeus e arménios.

Página da revista Seara Nova n.º 1550, de Dezembro de 1974, com o princípio do artigo de Pedro da Silveira «Chamavam-lhes estrangeiros», dedicado aos resistentes portugueses em França Créditos / Seara Nova

A explosão democrática do 25 de Abril não estimulou imediatamente a investigação dos feitos desses combatentes. Oito meses depois da Revolução dos Cravos, Pedro da Silveira, na Seara Nova, admirava-se da falta de interesse por esse tema e apelava ao professor Emídio Guerreiro, «um dos mais graduados dos resistentes portugueses em França», para que desse «testemunho dessas lutas».

O artigo, publicado com o título «Chamavam-lhes estrangeiros» na rubrica «Para a história do fascismo» do número de Dezembro de 1974 da revista, citava uma fonte publicada nove anos antes para afirmar que «a emigração portuguesa deu milhares de alistados» e que «a maior parte dos combatentes portugueses do Exército Republicano espanhol, entrados em França em 1939, se alistaram» nos regimentos de marcha (regimentos formados na base de recrutamento especial) «dos Voluntários Estrangeiros» (que incluíam formações da Legião Estrangeira) e em «diversas organizações da resistência», entre as quais os Francs-Tireurs et Partisans (FTP), também conhecidos como Francs-Tireurs et Partisans Français (FTPF), formados pelos comunistas, e as Forçes Françaises de l’Intérieur (FFI), gaullistas.

E dava o nome de vários portugueses que se bateram de armas na mão e pagaram com a vida, após «torturas atrozes», a luta contra os ocupantes nazis, como Manuel Freire, Américo de Azevedo, René de Oliveira e António Gaspar Conde, todos mortos entre 1942 e 1944.

A fonte fora o capítulo «Les Portugais au combat», do livro On les nommait des étrangers – Les immigrés dans la résistance, do coronel FTPF Boris Matline, dito Gaston Laroche, publicado pelos Éditeurs Français Réunis (1965). Pedro da Silveira relata que tentou publicar por duas vezes uma recensão sobre os combatentes portugueses na luta antinazi, uma no tempo de Salazar e outra no consulado marcelista. Em ambos os casos, a censura cortou-lhe as vasas.

Quarenta e cinco anos tiveram de passar para que as pistas dadas por Pedro da Silveira fossem exploradas: o jornalista António Rodrigues, em artigo no Público sobre o livro de Barata-Feyo, cita o testemunho de «um alto oficial da resistência, o coronel Gaston Laroche, dos Francs-Tireurs et Partisans Français (FTPF)», sobre a bravura dos combatentes portugueses. Talvez seja desta.

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