O antigo vice-reitor da Universidade do Minho foi escolhido por um júri presidido por Guilherme d'Oliveira Martins, sendo referido como um «exemplo de cidadania cultural, que liga a dimensão didáctico-científica à pedagógica».
O júri destacou ainda o «percurso incomum» de Aguiar e Silva «nos domínios da Teoria Literária, instrumento fundamental na formação de gerações, da Literatura Portuguesa e na fixação e estudo de parte relevante da obra camoniana, num brilhante exercício de intervenção pública, quer pelo seu magistério universitário, quer pelas altas missões no campo da política da Língua e da Educação».
Uma vida ao serviço da língua e da cultura portuguesa
Vítor Manuel Aguiar e Silva, de 78 anos, tem-se dedicado à investigação da Literatura Portuguesa dos períodos maneirista (século XVI), barroco (século XVIII) e modernista (primeira metade do século XX), e ao estudo da Teoria da Literatura, «área em que o seu trabalho como professor e investigador tem sido nacional e internacionalmente reconhecido», realça em comunicado a Estoril-Sol, patrocinadora do prémio.
O investigador publicou já em 1967 a sua obra de referência, Teoria da Literatura, a qual foi profundamente revista e actualizada a partir de 1981. Da sua remanescente bibliografia realçam-se: Camões: Labirintos e Fascínios (1994), que lhe valeu o Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Críticos Literários e o da Associação Portuguesa de Escritores; A Lira Dourada e a Tuba Canora: Novos Ensaios Camonianos (2008), que lhe valeu o Prémio D. Diniz da Casa de Mateus; e Jorge de Sena e Camões. Trinta Anos de Amor e Melancolia (2009).
Vítor Manuel Aguiar e Silva licenciou-se em Filologia Românica, na Universidade de Coimbra, onde se doutorou em Literatura Portuguesa e foi professor catedrático. Transferiu-se, em 1989, para a Universidade do Minho, onde foi catedrático do Instituto de Letras e Ciências Humanas e onde fundou e dirigiu o Centro de Estudos Humanísticos, assim como a revista Diacrítica.
Aguiar e Silva esteve na génese do Instituto Camões, coordenou a Comissão Nacional de Língua Portuguesa (CNALP) e foi membro do Conselho Nacional de Cultura. Foi um dos signatários da petição «Em Defesa da Língua Portuguesa contra o Novo Acordo Ortográfico».
Além das distinções acima referidas recebeu o Prémio Vergílio Ferreira, atribuído em 2002 pela Universidade de Évora, e o Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores, em 2007.
Além do seu presidente, o júri do prémio foi também constituído pelos autores, professores e investigadores Maria Alzira Seixo, José Manuel Mendes, Manuel Frias Martins, Maria Carlos Gil Loureiro, Liberto Cruz e, ainda, por José Carlos Seabra Pereira, em representação da editora Babel, e Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, pela Estoril-Sol.
O Prémio Vasco Graça Moura «visa distinguir um escritor, ensaísta, poeta, jornalista, tradutor ou produtor cultural que, ao longo da carreira – ou através de uma intervenção inovadora e de excecional importância –, haja contribuído para dignificar e projectar no espaço público o sector a que pertença», segundo o regulamento.
A cerimónia de entrega do prémio «será anunciada oportunamente», adiantou a Estoril-Sol.
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