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Faleceu ontem, dia 19 de Abril, o criador e artista plástico Albino Moura. «Nascido em Lisboa em 1932[fn]Algumas fontes consideram 1940 o ano do nascimento do artista.[/fn], vivia e trabalhava em Almada há mais de 40 anos», lembra a nota de pesar emitida pela Coligação Democrática Unitária (CDU) de Almada, que apresenta, «à família e aos muitos amigos do Pintor Albino Moura, os mais sentidos pêsames», numa «hora tão difícil em que o Homem nos deixa fisicamente» mas permanece «a sua obra e o seu exemplo».

A mesma nota lembra «as figuras femininas que, com traço e estilo muito próprios, Albino Moura retratou nas mais diversas formas e expressões» e, sobre essa característica do artista, recorda as palavras de uma «outra grande figura das artes e da educação almadense», a escritora Maria Rosa Colaço, que escreveu serem «inconfundíveis as figuras femininas de Albino Moura que crescem em paisagens tranquilas, onde há uma aragem branda que nos aproxima dos deuses e da paz, onde flores da terra e estrelas do céu convivem harmoniosamente».

Ao longo da sua vida o artista – que recebeu orientação artística de Fred Kradolfer e começou a expor a partir de 1959 – «percorreu diferentes caminhos profissionais, tendo trabalhado em publicidade, como designer gráfico e como ilustrador», antes de se dedicar mais completamente à pintura, à escultura e à cerâmica. A sensibilidade literária não lhe foi estranha, tendo integrado alguns colectivos poéticos e publicado livros de poesia a partir dos anos 90. Escreveu também sobre Fred Kradolfer, tendo a sua opinião sido considerada em trabalhos de tese sobre aquele artista.

O Pintor Autodidacta, como também foi conhecido, participou em exposições colectivas e expôs individualmente a partir dos anos 60, mas é depois da Revolução de Abril que a sua produção se concentra.

Albino Moura encontra-se representado em colecções nacionais e estrangeiras e recebeu várias distinções ao longo da sua carreira. Além da Medalha de Ouro de Mérito Cultural, atribuída pela Câmara Municipal de Almada (2006), relevada na nota de pesar recebida, foi-lhe também atribuída a Medalha de Mérito Municipal pela Câmara Municipal do Seixal (2005) e a Medalha de Prata da Costa do Estoril (1992)

Albino Moura foi cidadão participativo e interveniente. Como ele próprio escreveu, teve sempre presente «a luta e a conquista». A luta, «dos trabalhadores, mulheres, homens, jovens»; as conquistas, «pelos seus direitos». Por isso mesmo, afirmou, «dou todo o meu apoio, como sempre dei», à CDU.