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|artes plásticas

As artes entre o online e o reabrir

Agravamento das condições de trabalho, produção e criação nas artes. «(In)sanidade em rede», Galeria ZDB, Casa das Histórias, «Espelho Entre Nós» e «O Lince sob Perspectiva»

Projecto online «(In)sanidade em rede», no Maus Hábitos
Projecto online «(In)sanidade em rede», no Maus HábitosCréditos / Saco Azul

As artes plásticas com «encontro marcado» para 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus. Será assim uma data duplamente esperada pelo público da artes visuais e dos museus. Entretanto, entre projectos online ainda em curso, a reabertura dos espaços de arte e de exposições ou o reagendamento de novas datas, vamos estar atentos. A actual situação do país, criada com a pandemia, não pode ser pretexto para mais um agravamento das condições de trabalho, produção e criação, levando muitos dos artistas e outros agentes culturais à condição de sobrevivência. Até quando teremos de esperar por uma política cultural que respeite, dignifique e reconheça o seu valor artístico e cultural, sem dissimulações ou interesses permissivos?

A Saco Azul é uma associação cultural composta por um núcleo de artistas e amigos que desenvolve projectos de criação artística para a programação do espaço Maus Hábitos, na cidade do Porto. A Saco Azul apresentou a proposta de programação online «criada durante e para estados de emergência. Físicos e mentais» que tem como título (In)sanidade em rede. Para este projecto, foram convidados e desafiados diversos participantes a lerem o texto de um artista, que considerem significativo para si. Já participaram, em Abril, o artista André Alves, com «Iridescência», texto de Derek Jarman; o curador Ricardo Nicolau, com «Feitiço», texto de Pedro Barateiro escrito para vídeo com o mesmo nome, 2013; o produtor cultural Pablo Berástegui Lozano, com «Understanding a Photograph», texto de John Berger; a artista Susana Chiocca com «Supra Ano: 2020», a partir d”o texto” de Hélio Oiticica enviado a Lygia Clark em 1968 e, no programa de Maio, participam o curador Juan Luis Toboso, com «A felicidade é um túnel», texto de Ana Hatherly do livro Um Calculador de Improbabilidades, e a docente e investigadora Rosane Preciosa.

Exposição «Ferribote Verde Púrpura», de Gonçalo Pena, na Galeria Zé dos Bois até 31 de Agosto Créditos

A Galeria Zé dos Bois1, em Lisboa, já anunciou a reabertura da exposição «Parágrafo» de Marco Franco para 20 de Maio, podendo ser visitada até 31 de Agosto, e para a exposição «Ferribote Verde Púrpura» de Gonçalo Pena, que iria inaugurar a 13 de Maio aguarda-se por uma nova data. «”Parágrafo” é a primeira exposição individual de Marco Franco, na qual o músico e artista visual mostra a produção de desenhos que tem vindo a desenvolver nos últimos cinco anos. Mais conhecido pelo seu vasto percurso musical, iniciado no ano de 1986, Marco Franco tem vindo a revelar um outro lado da sua produção artística, que se cristaliza nesta exposição onde se encontram reunidos cerca de uma centena de trabalhos em papel.» Quanto ao conjunto de trabalhos de Gonçalo Pena, presentes na Galeria Zé dos Bois, «todos muito recentes, demonstram mais uma vez o trabalho de comentário distanciado que Gonçalo Pena tem vindo a materializar sobre o estilo na pintura na sua relação com o conceito numa postura que deve tanto à do produtor/fazedor como à do historiador ou colecionista. Esta exposição insere-se, portanto, naquilo que tem vindo a ser trabalhado como uma reflexão sobre a produção geral da pintura como sistema de significação ou “linguagem” na sua relação com outros sistemas. Estes são os da própria historicização do poético, o de uma economia presente do imaginário, o sistema das artes visuais no seu todo e por fim daquilo a que poderíamos chamar de investigação (a querer ser combate) sobre a gramática da produção geral de imagens-conceito, a fábrica dos sistemas sociais que se autoproduzem apesar de e em permanente tensão com a ficção política.» (AP)

A Casa das Histórias Paula Rego2. A Casa das Histórias possui um espaço de galeria, uma loja, uma cafetaria com esplanada, um jardim e um auditório com 195 lugares. A colecção aqui sediada, num total de 620 obras, é composta entre outras, por 267 exemplares da sua obra gravada, e um conjunto de 273 desenhos, por doação de Paula Rego, entre pintura desenho e gravuras, refletindo o seu percurso artístico de cerca de 50 anos, incluindo também obras do seu marido, o artista britânico, Victor Willing. A coleção integra também diversas pinturas, cedidas a título de empréstimo pela autora e de colecionadores particulares e ainda uma obra têxtil de grandes dimensões e parte do seu espólio documental. Foi recentemente divulgado que o acordo entre a pintora Paula Rego e a Câmara Municipal de Cascais para a continuidade da atividade da Casa das Histórias, em Cascais, vai ser renovado por mais dez anos.

Paula Rego, Tríptico «Carga Humana» (2007-2008). Lápis de cor e tinta da china sobre papel, 163x163cm. Exposição «Desenhar, Encenar, Pintar» de Paula Rego na Casa das Histórias, até 24 de Maio Créditos

A Casa das Histórias, tal como outros equipamentos, foi encerrada temporariamente durante a pandemia do Covid-19. A exposição «Desenhar, Encenar, Pintar» de Paula Rego, reúne desenho, gravura, pintura e criações tridimensionais e está previsto terminar a 24 de Maio, podendo vir a ser reagendada. Esta exposição traz até nós alguns dos desenhos e modelos de tecido que a artista desenvolve antes das complexas composições, estas «criaturas», como a Paula Rego lhes chama, que se transformam em personagens, que a autora começou a modelar entre 1977 e 1978 e que interagem com as pessoas nas encenações com vista às histórias e contos que são contados, permitindo termos uma melhor percepção do processo criativo da artista em muitas das suas obras. Esta exposição de Paula Rego poderá, entretanto, ser vista através de uma visita virtual no portal da Casa das Histórias. A mostra revela obras inéditas datados de 1953 a 2019, doadas pela artista a este museu, tem a curadoria de Catarina Alfaro e foi organizada pela Fundação D. Luís I e Câmara Municipal de Cascais, no âmbito da programação do Bairro dos Museus.

O Espelho Entre Nós (The Mirror Between Us) é uma exposição com as obras de Sherry Wiggins (EUA) e Luís Branco (Portugal), prevista inaugurar a 4 de Abril na Igreja de São Vicente, em Évora, tendo sido cancelada devido à pandemia, foi realizado um vídeo​ que apresenta a exposição. A exposição «O Espelho Entre Nós» fala sobre o arquétipo de uma mulher de meia-idade numa paisagem mítica e assume-se como um projeto sobre envelhecimento, a relação humano-natureza e a beleza. A organização tem a parceria da Câmara Municipal de Évora e a Fundação «Obras».

Sherry Wiggins, «Woman Standing, Still», 120x80cm, 2015. Exposição-Vídeo «The Mirror Betw​een Us» Créditos

Sherry Wiggins veio para Portugal com o objetivo de estudar o trabalho da artista portuguesa Helena Almeida (1934-2018), vindo posteriormente a desenvolver um trabalho criativo muito próximo das referências artísticas e expressivas da obra desta artista, principalmente no que se refere às ideias sobre o corpo e o lugar, à prática da auto-representação e no carácter performativo das suas fotografias. Acerca da fotografia Woman Standing, Still, Sherry Wiggins refere no seu blog que «foi tirada no terreno do castelo, localizado no topo da montanha de Evoramonte (...) Woman Standing, Still (…) é uma das centenas de imagens que Luís e eu fotografamos naquele dia de 2015 em Evoramonte. Nesse momento, Luís disse-me para parar e cobrir o rosto com os cabelos. Mais tarde, quando eu vi a bela conversão de Luís dessa imagem em preto e branco, eu sabia que estávamos fazendo algo. Nesta imagem, eu me torno um "sujeito" mais universal ou arquetípico. Sou eu, mas também são muitas mulheres - uma matriarca com os pés plantados firmemente na terra, com o amplo céu alentejano ao seu redor». Luís Branco é fotojornalista, formado em Artes Plásticas e tem colaborado com os residentes da «Fundação Obras» em Évoramonte. Fotojornalista no Jornal Público e professor assistente no Instituto Português de Fotografia, na cadeira de fotojornalismo. Desde 2002 que Luís Branco trabalha como fotógrafo freelancer, tendo-se especializado na fotografia de Espetáculo e de Arquitetura. Em 2016 colaborou com a poeta holandesa Gerry van der Linden, parceria da qual resulta um livro e uma exposição, ambos com o título "Uma Estranha no Alentejo". A exposição «O Espelho Entre Nós» foi reagendada para a primavera de 2021.

O Município de Penamacor lançou o «Concurso de Criação Artística "O Lince sob Perspectiva"», nas áreas da escultura, pintura e artesanato. Este concurso tem como objetivos potenciar e desenvolver a criação artística, descobrir novos talentos e manter presente na memória e na atenção dos cidadãos o Lince Ibérico, que já teve na Serra da Malcata o seu habitat natural, contribuindo para manter e impulsionar o projeto da sua reintrodução no território. O concurso «O Lince sob Perspectiva» destina-se a todos os cidadãos maiores de 18 anos, independentemente da nacionalidade, bem como a entidades coletivas, tais como: Universidades, Politécnicos, IPSS e outras instituições, que poderão concorrer com trabalhos coletivos. As Normas de Participação e Ficha de Candidatura podem ser consultadas no site da autarquia e enviadas por e-mail  até 31 de maio. Os prémios serão entregues no mês de setembro e os trabalhos serão expostos no edifício do Museu Municipal, de 31 de julho a 18 de setembro.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AE90)

  • 1. ZBD - R.da Barroca, n.º 59, 1200-049 Lisboa. Horário das Exposições: quarta-feira a sábado, das 18h às 22h.
  • 2. Casa das Histórias Paula Rego, Av. da República, 300, Cascais. Contacto: 214 815 660. Horário: terça-feira a domingo, das 10h às 18h. /fn] em Cascais abriu as portas ao público em 2009. O seu edifício é um projeto do arquiteto Eduardo Souto de Moura. Com a Casa das Histórias, «dir-se-ia que Eduardo Souto de Moura se aproxima de uma abordagem “regionalista”, distanciando-se do abstracionismo moderno dominante na sua obra. Um regionalismo, todavia, não crítico e estranho ao significado de “resistência” que justificou outras abordagens no Portugal dos anos oitenta do século passado»Ana Vaz Milheiro, «O Arquitectar das Casas Simples», em Casa das Histórias Paula Rego - Arquitectura, 2009.

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