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«Saída de tropas norte-americanas pode revelar os crimes militares da coligação»

A saída dos militares dos EUA da Síria pode trazer luz sobre crimes cometidos pela chamada «coligação internacional» com o pretexto da luta contra o Daesh, revelou este sábado uma fonte diplomática.

AS Nações Unidas afirmaram que 80% de Raqqa foi arrasada, o que em grande medida se fica a dever aos bombardeamentos da coligação internacional, à artilharia das FDS e aos carros-bomba e minas usados pelo Daesh
Raqqa, no Norte da Síria, foi quase totalmente arrasada, o que em grande medida se fica a dever aos bombardeamentos da chamada «coligação internacional»Créditos / Twitter

«A retirada prevista dos militares americanos da Síria pode mostrar inúmeros crimes militares cometidos pela coligação internacional no decorrer da chamada luta contra o Daesh [também conhecido como Estado Islâmico]», disse à agência TASS uma fonte militar e diplomática não identificada.

Ao afirmar isto, a fonte referiu-se sobretudo a Raqqa, no Norte da Síria, «que foi transformada numa cidade fantasma após o bombardeamento cerrado levado a cabo pela aviação da coligação».

O diplomata lembrou que os Estados Unidos, o Reino Unido e a França consideraram inadmissível levar a cabo «operações cirúrgicas contra militantes do grupo terrorista Jabhat al-Nusra em Idlib», de modo a evitar o sofrimento entre a população civil nessa região. Já quando se tratou da operação «para libertar Raqqa, onde o Daesh usava abertamente a população civil como escudo, Washington, Londres e Paris mandaram para lá a sua aviação e largaram bombas sobre os bairros residenciais», disse.

Nas declarações à TASS, a mesma fonte referiu que Raqqa ainda não foi desminada e que milhares de corpos continuam debaixo de escombros. Além disso, acrescentou, têm-se registado surtos de doenças infecciosas na cidade, que estão a matar civis, incluindo crianças.


Sobre a zona de al-Tanf, que é controlada por forças norte-americanas, perto da fronteira da Síria com a Jordânia e o Iraque, disse que, ali, «militantes se tornaram activos» e que, agora, estão a tentar entrar em Damasco e na Jordânia.

Afirmou ainda que os terroristas estão a queimar os corpos de refugiados do campo de Rukban, que morreram de fome e de doenças, sem terem recebido qualquer ajuda humanitária.

Recorde-se que, em Novembro último, o Ministério russo da Defesa denunciou que, neste campo, viviam cerca de 50 mil pessoas, 6000 das quais eram membros do grupo terrorista Maghawir al-Thawra, apoiado pelos Estados Unidos. Então, os responsáveis da Defesa russa afirmaram que o campo de Rukban fazia lembrar os «campos de concentração da Segunda Guerra Mundial» e responsabilizaram os EUA pela «situação humanitária escandalosa» ali existente.

«Tanto o governo sírio como as organizações humanitárias internacionais e de defesa dos direitos humanos terão de lidar aprofundadamente com tudo isto e outras "heranças" mais deixadas pela presença ilegal norte-americana na Síria», disse a fonte diplomático-militar.

Retirada das forças norte-americanas

No dia 19 deste mês, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a decisão de iniciar a retirada das forças militares norte-americanas da Síria, argumentando para tal que tinha derrotado o Daesh e que essa era a única razão para as forças dos EUA estarem na Síria.

De acordo com a Casa Branca, a retirada dos mais de 2000 militares deve ocorrer entre 60 a 100 dias após o anúncio. A decisão não foi bem acolhida por certos sectores nos EUA, nomeadamente no Pentágono e no seio do lobby da guerra e do intervencionismo, em que assumem destaque figuras republicanas, democratas e ditas «independentes».

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