O número peca por defeito, já que apenas os detentores de participações qualificadas (mais de 2% do capital) são obrigados a comunicar a sua identidade. Os CTT, a EDP, a Galp Energia e a REN preparam-se para distribuir mais de mil milhões de euros em dividendos, cerca de metade do total das empresas cotadas em bolsa, e mais de metade vai para o estrangeiro.
As empresas chinesas e os fundos de investimento norte-americanos são quem mais vai beneficiar da distribuição de dividendos, quase 350 milhões de euros, com a fatia de leão a vir da EDP, mais de dois terços do total.
Na eléctrica, lucram ainda um fundo espanhol (50 milhões), os fundos soberanos de Abu Dhabi (28 milhões) e do Catar (15 milhões), a petrolífera argelina (16 milhões) e um banco norueguês (14 milhões). Em Portugal ficam 17 milhões de euros, que correspondem à participação do BCP e do seu fundo de pensões no capital da EDP.
A Galp é a única empresa cujo maior accionista é português, Américo Amorim, cuja Amorim Energia, B. V. vai encaixar quase 70 milhões de euros. No entanto, a participação é detida através de um empresa sedeada na Holanda, criada para evitar o pagamento de impostos em Portugal destes rendimentos, que divide com a angolana Sonangol.
Entre as petrolíferas de Angola e de Omã, e fundos como a Blackrock (que também está presenta na EDP e conduz um boicote à dívida portuguesa), vão sair do País mais de 64 milhões de euros em dividendos da Galp.
Quase 300 milhões de euros de dividendos destas quatro empresas, que há 20 anos eram total ou parcialmente detidas pelo Estado português, vão ser entregues, este ano, a fundos de investimento ou bancos estrangeiros.
De acordo com o Jornal de Negócios, a maior beneficiária com dividendos em 2017 é a Sociedade Francisco Manuel dos Santos, dona da Jerónimo Martins (Pingo Doce). Os 213 milhões de euros vão ser recebidos através de um sociedade holandesa, recorrendo a um esquema idêntico ao usado por Américo Amorim na Galp.
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