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Comboios, aeroporto e metro: por trás da propaganda, a submissão

O PS apresenta os grandes investimentos como exemplos do «milagre»: é possível responder aos problemas do País e cumprir as regras de Bruxelas. Será?

O primeiro-ministro, António Costa, acompanhado pelo ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, cumprimenta o presidente da Vinci Airports, Nicolas Notebaert, durante a assinatura do acordo sobre o modelo de financiamento da expansão aeroportuária da zona de Lisboa entre o Estado e a ANA, na Base Aerea do Montijo, 8 de Janeiro de 2019
O primeiro-ministro, António Costa, acompanhado pelo ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, cumprimenta o presidente da Vinci Airports, Nicolas Notebaert, durante a assinatura do acordo sobre o modelo de financiamento da expansão aeroportuária da zona de Lisboa entre o Estado e a ANA, na Base Aerea do Montijo, 8 de Janeiro de 2019CréditosMiguel A. Lopes / Agência LUSA

A semana que vai a meio foi escolhida pelo Governo para anunciar grandes investimentos. Novos comboios à segunda, novo aeroporto à terça, nova linha do Metro de Lisboa à quarta. Hoje, antes do lançamento do concurso, o ministro do Ambiente (que tutela os transportes) e o primeiro-ministro deram um passeio de metro, com felicidade para ambos, por volta das 11h30. É que pelas 9h30 a Linha Azul, aquela em que andaram os governantes, esteve parada por avaria de um comboio. Foi a 18.ª na última semana e, desde o início do ano, há registo de perturbações em todas as linhas.

Com estes anúncios de grandes investimentos, o Executivo do PS parece tentar esconder insuficiências herdadas do anterior governo do PSD e do CDS-PP e que se vêm arrastando nos últimos três anos. Mas as pretensas soluções agora apresentadas vão demorar anos a chegar e, entretanto, vamos continuar a assistir à supressão de comboios e a perturbações no Metro, a que se podiam juntar os problemas que se mantêm nas ligações fluviais entre Lisboa e Margem Sul.

Porque a verdade é que o Governo continua sem dar resposta às necessidades imediatas, nomeadamente de investimento na manutenção e reparação de material circulante e na contratação de efectivos tão necessários em empresas públicas de transportes: na CP, na EMEF, no Metro de Lisboa ou na Transtejo/Soflusa.

Mas os anúncios desta semana não são marcados apenas pela insuficiência, mas por opções erradas que denotam uma cedência a interesses alheios às necessidades do País. Vão chegar novas composições para o médio curso da CP, enquanto os lucrativos segmentos do longo curso e dos suburbanos (que o anterior governo ensaiou privatizar) continuam sem respostas. Basta lembrar que os comboios da Linha de Cascais datam da década de 50 do século passado.

Quanto ao aeroporto, a opção pelo Montijo é, mais do que uma decisão, um favor à transnacional Vinci. A privatização da ANA foi justificada pelo anterior governo pela necessidade de construir um novo aeroporto; agora, o PS permite que o grupo francês, em vez de assumir a construção de um novo aeroporto, adapte a Base Aérea do Montijo e a torne numa espécie de novo terminal, descentralizado, do Aeroporto de Lisboa. Hoje o Público lembra que a Vinci já encaixou 587 milhões de euros, sem contar com 2018.

No Metro de Lisboa, o PS, no Governo e na autarquia (aí, também com o apoio do BE), optou por afunilar ainda mais a rede de transporte em torno do centro, procurando cristalizar uma concepção de cidade construída em torno do turismo (quanto mais luxuoso, melhor) e de grandes projectos imobiliários. Entretanto, não só fica adiada a expansão do metro à zona ocidental (Alcântara e Belém) e a Loures, enquanto a zona norte (de Telheiras à Alta) passa a ter um ramal, sem ligação directa ao centro e aos principais interfaces rodo-ferroviários.

Não basta anunciar, mais uma vez, grandes investimentos que, curiosamente, tiveram novas cerimónias públicas neste início de ano eleitoral – isso seria o menos, se dessem resposta integral às necessidades do País. Mas não o fazem, o que acontece, em grande medida, porque o PS opta por cumprir as imposições orçamentais vindas de Bruxelas.

O «milagre» de Costa e Centeno, da compatibilização das regras orçamentais do euro e da União Europeia, não passa de uma ilusão.

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