Na América...

Os holofotes mediáticos são invariavelmente atraídos para a disputa entre o mau e o péssimo, esquecendo as vidas do povo que os têm de eleger...

Membros do movimento Black Lives Matter em solidariedade com os manifestantes junto à construção do oleoduto no Dacota do Norte
CréditosOlowaan Plain

Desde o início do ano que temos assistido ao desfile de proto-candidatos à presidência dos Estados Unidos da América (EUA), culminando na escolha impossível que os media dominantes apresentam aos norte-americanos: Hillary ou Trump, bárbaro contra bárbaro, escondendo que há outros candidatos à eleição de 8 de Novembro.

Na semana em que os EUA fecharam o maior acordo de ajuda militar a outro país, Israel, cujo governo anunciou a colaboração com o facebook no ataque aos palestinianos que usam aquela rede social para denunciar as atrocidades levadas a cabo pelas forças israelitas nos territórios ocupados, o circo mediático centrou-se na pneumonia e nas dúvidas sobre o estado de saúde da candidata Clinton.

Mas se, aparentemente, o Novo Mundo se resume a uma peça de dois actores, em que tudo o resto é cenário ou são figurantes, a verdade é que mais se passa na terra do Tio Sam.

Desde o início do ano, nativos norte-americanos da nação Sioux protestam contra a passagem de um oleoduto pelas suas terras, alertando para os riscos de contaminação da sua única fonte de água potável –  o rio Cannonball – e de locais sagrados. Desde a Primavera que se foram juntando em redor do local onde o oleoduto entretanto começou a ser construído.

Nas últimas semanas, mais de 90 nações e tribos de nativos americanos juntaram-se ao acampamento montado pelos Sioux, na maior demonstração de solidariedade desde a criação do Movimento dos Indíos Americanos, no final da década de 1960. Nos últimos dias, o governo federal acabou por ordenar a suspensão temporária do projecto avaliado em 3,7 mil milhões de dólares.

Do lado de cá do Atlântico, a luta deste povo tem um espaço residual, quando não é nulo, nos principais órgãos de comunicação social. Tal como os protestos do movimento Black Lives Matter em 88 cidades dos EUA na primeira metade de Julho.

Como noutras circunstâncias, a máquina mediática vai-se alimentando da política enquanto espectáculo, ignorando que são os povos em movimento os protagonistas da mudança por todo o globo.

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