No início da época balnear deixámos aqui o alerta para o facto de a segurança nas praias poder estar em risco, em virtude de o Estado ter transferido para o sector privado a maior parte da responsabilidade pela segurança balnear ao entregar a formação de nadadores salvadores a escolas privadas. Uma decisão para a qual chamámos a atenção, considerando-a não só pouco transparente mas também lesiva do interesse público, tendo em conta que a lei em vigor já permitia os dois sistemas de formação: pública e privada.
A verdade é que, segundo os dados oficiais apresentados recentemente, este ano as coisas não correram de facto tão bem como em anos anteriores, nomeadamente em relação ao número de mortes na época balnear que, comparativamente com o ano passado, aumentou sensivelmente para o dobro. As razões invocadas para o sucedido são diversas mas, em qualquer caso e mesmo sem querer estabelecer uma relação directa de causa/efeito, esta situação não deixará também de ter a ver com a decisão administrativa de limitar a formação pública de nadadores salvadores em 2016.
Uma decisão, cujas consequências a Autoridade Marítima Nacional e o Ministério da Defesa Nacional não terão avaliado convenientemente. Registe-se, entre outros exemplos, o facto de a Capitania do Porto de Lisboa ter tido a necessidade de desenvolver, de emergência, um Plano de Salvamento para as praias da Caparica e Trafaria que passaram a ter, temporariamente, zonas balneares não vigiadas.
Ora, neste quadro, não foi sem surpresa que se ouviu Ascenso Simões, durante a recente audição pública do Ministro da Defesa Nacional na Comissão Parlamentar de Defesa, sublinhar a forma tranquila como, em sua opinião, terá decorrido a época balnear em termos de segurança nas praias. Porventura, o deputado socialista terá tomado o todo pela parte que conheceu ou lhe deram a conhecer.
Em qualquer caso, o Director Geral da Autoridade Marítima (DGAM) deve ter «chamado um figo» a este elogio púbico, no Parlamento e perante o Ministro da tutela. Até porque, convém não esquecer, o cargo de Chefe do Estado Maior da Armada poderá ficar vago no final do ano e, na Marinha, surgem rumores que apontam para o DGAM como estando também a posicionar-se para uma eventual disputa do cargo.
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