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Autoeuropa com produção parada

Os trabalhadores da Autoeuropa estão hoje em greve e a fábrica de Palmela está com a produção parada, com uma adesão massiva dos trabalhadores à paralisação. Mais de um milhar de trabalhadores concentrou-se na entrada em protesto contra o agravamento do horário de trabalho que a administração procura impor.

Trabalhadores no piquete de greve da Autoeuropa, 30 de Agosto
Créditos / AbrilAbril

A entrada da Autoeuropa encontra-se esta manhã cheia de trabalhadores que participam no piquete de greve. Depois da hora de começo do primeiro turno da manhã, dirigentes sindicais do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Ambiente do Sul (SITE Sul/ CGTP-IN) anunciaram no megafone que «a fábrica está completamente parada», em todas as secções, informação que foi recebida com aplausos e entusiasmo dos trabalhadores.

Como está escrito na resolução aprovada nos dois plenários realizados dia 28, que envolveram cerca de 3000 trabalhadores, é clara a exigência: «Afirmamos de forma inequívoca a nossa rejeição a todo o tipo de chantagem que tem sido exercida por parte da administração, com o propósito de agravar as nossas condições de trabalho, através da pretensa alteração aos horários de trabalho».

Se a administração não ceder, «há disposição e força dos trabalhadores para continuar a luta»

luciano silva, trabalhador da Autoeuropa

José Carlos Silva, dirigente do SITE Sul e trabalhador da empresa, afirma que «o objectivo da greve está a ser cumprido», explicando o que está em causa com a alteração de horário que a administração pretende impor aos trabalhadores.

Com o pretexto de dar resposta à fabricação do T-Roc, o novo veículo utilitário desportivo da Volkswagen, a administração quer que a fábrica passe a funcionar em 18 turnos, seis dias por semana, a partir de Fevereiro, e que os trabalhadores passem a laborar entre segunda-feira e sábado, com obrigatoriedade de trabalhar ao sábado, durante dois anos. José Carlos lembra que tal implica que os trabalhadores tenham dois dias de folga consecutivos apenas «de três em três semanas», sendo que calharia um fim-de-semana apenas «ao fim da sexta semana», com consequências negativas no plano da vida pessoal e familiar, assim como para a saúde.

Luciano Silva, trabalhador há 20 anos na fábrica, lembra ainda que os trabalhadores deixam de receber o sábado como trabalho extraordinário, a 100%, e, nos casos em que um casal trabalha na empresa, questiona: «Como fará para organizar a sua vida familiar?» Recorda também que a empresa não tem o refeitório a funcionar aos sábados e domingos. Considera ainda que os trabalhadores «estão motivados para trabalhar», mas o que está em causa «é um ataque aos seus direitos», sublinhando que, se a administração não ceder, «há disposição e força dos trabalhadores para continuar a luta».

Em dia de greve, a empresa decidiu que os autocarros que trazem os trabalhadores viriam até ao interior da empresa, situação que não acontece nos outros dias.

Já Romeu Fortunato, que labora na Autoeuropa há 21 anos, entende que esta medida tem «consequências monetárias», porque o sábado deixará de ser pago a 100%, e é uma «privação da liberdade». Afirma que se sente «pressão e chantagem por parte da empresa», nomeadamente com a ameaça de deslocalização, mas que existe ambiente «para os trabalhadores persistirem na sua reivindicação».

Os trabalhadores, segundo a resolução aprovada nos plenários e perante a proposta da empresa de «os compensar» com 175 euros, referem que «o dinheiro não apaga o desgaste físico e a saúde que se perde, o tempo de ausência com a família, o direito ao descanso e ao lazer, ao desporto e à cultura, o direito a uma vida pessoal e familiar, com a qualidade a que temos direito, onde se inclui o fim-de-semana».

Em dia de greve, a empresa decidiu que os autocarros que trazem os trabalhadores viriam até ao interior da empresa, situação que não acontece nos outros dias e que é encarada pelo sindicato como uma forma de tentar dificultar que os trabalhadores adiram à paralisação.

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