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Confederação das Colectividades prepara-se para novo ciclo

Mais jovens e mais mulheres, e uma maior representação do ponto de vista do território caracterizam o novo ciclo da Confederação das Colectividades, que este sábado realiza o seu congresso eleitoral, em Lisboa. 

Créditos Claudio Schwarz / Unsplash

Os desafios da direcção que será eleita na reunião magna são muitos e variados, num tempo em que a perda de poder de compra ameaça também as colectividades, que continuam a braços com as consequências da lei das rendas (que desenraizou muitas centenárias) e a recuperar dos efeitos da pandemia. «O movimento associativo tem problemas que não são dele», resume Augusto Flor, actual presidente da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, que amanhã passará o testemunho a João Bernardino.

O AbrilAbril juntou os dois numa conversa sobre o passado e o futuro da estrutura e o sentimento é de confiança, alicerçado no rejuvenescimento, no crescimento do número de mulheres e na maior capacidade de intervenção da direcção. A lista dos órgãos sociais sobe de 70 para 77 membros.

Para além da representação nacional, com elementos de todos os distritos e regiões autónomas presentes no Conselho Nacional, a nova direcção incorpora elementos provenientes de oito distritos, em vez dos actuais quatro. As vivências e os desafios destas regiões já estavam representados na Confederação, mas a partir de agora estarão de forma directa. «A direcção acompanhava, só que ia, por exemplo, uma pessoa do Barreiro para Castelo Branco e para a Guarda», ilustra Augusto Flor, que durante 15 anos liderou os destinos da Confederação que representa todo o movimento associativo popular, ou seja, 33 mil colectividades, chefiadas por mais 400 mil dirigentes.

A funcionar com gabinetes no Norte, Centro e Sul do País, com a lista única que amanhã será votada, a Confederação, actualmente com representantes em Lisboa, Setúbal, Porto e Faro, passa a ter também eleitos da direcção nos distritos de Évora, Viseu, Santarém e Viana do Castelo.  

A «batalha da unicidade» tem sido estruturante ao longo dos quase 100 anos de vida da Confederação – completa o centenário daqui por dois anos. «Por um lado, não há outra entidade, por outro, sempre que apresentamos propostas, seja à Assembleia da República, seja no âmbito dos orçamentos do Estado, fazêmo-lo para todas as colectividades e não apenas para as filiadas», refere Augusto Flor, sublinhando que o discurso da Confederação é «associativo e unitário». 

 Um novo ciclo começa 

O congresso deste sábado, no Fórum Lisboa, encerra um ciclo de 19 anos. Fundada em 31 de Maio de 1924, a Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio manteve a nomenclatura até 2003, data em que passou a Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, com novos estatutos, que, desde o congresso extraordinário, realizado em Março deste ano, voltam a sofrer alterações. Os mandatos passam a ter uma duração de quatro anos, em vez dos actuais três, e a partir de agora haverá um novo órgão (Conselho Jurisdicional). 

A comemoração do centenário é um dos desafios do ousado plano de acção para os próximos quatro anos, a que se junta a questão da sede social, onde a situação, diz Augusto Flor, é de «impasse».

A Rua da Palma, na capital, foi sempre a morada da Confederação das Colectividades. O anterior executivo da Câmara de Lisboa tinha o projecto de a transferir para um espaço, «500 metros acima», mas com a alteração da cor política do município, o objectivo ainda não teve seguimento por parte do novo presidente. Apesar disso, a instalação da nova sede social nacional integra um dos eixos do programa de acção para o próximo quadriénio, «com a consequente criação do Museu Nacional do Associativismo Popular». 

Outra questão que vai ocupar a próxima direcção, liderada por João Bernardino, prende-se com o término do contrato de capacitação, em Dezembro próximo, e a preparação da candidatura ao programa 2023-2030. Segundo o programa, a Capacitação 2030 «deverá abranger o maior número de associações/colectividades, dirigentes associativos e trabalhadores do continente e ilhas». 

A acção para a transformação social é um dos eixos principais do plano de acção, onde o objectivo passa por «sensibilizar o tecido associativo e a sociedade para o modelo de intervenção com perspectiva de transformação social e não apenas utilitário ou casuístico da cultura, recreio e desporto associativos». Entre as vários prioridades elencadas está também a questão da informação e da comunicação com a sociedade, onde a Confederação das Colectividades prevê continuar a lutar pelo direito ao Tempo de Antena. 

A par dos propósitos traçados no documento que será submetido amanhã ao congresso, João Bernardino admite que o grande desafio é, desde logo, «manter todo o prestígio» alcançado pela Confederação, reconhecendo que «está criada uma boa equipa» e que o peso das mulheres na direcção é «muito importante pela mais-valia que é acrescentada ao trabalho colectivo».  

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