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IL assume postura neocolonialista para condicionar política externa de países da CPLP

A Iniciativa Liberal diz estar «preocupada» com a relação de cooperação entre países da CPLP com a Rússia. Aos liberais não agradam as decisões soberanas de São Tomé e Príncipe e da Guiné-Bissau e pedem ao Governo português para interferir.

CréditosJosé Sena Goulão / Lusa

No quadro das grandes prioridades da Iniciativa Liberal estão as opções soberanas que outros países tomam. Em conferência de imprensa realizada hoje, Rodrigo Saraiva, deputado da Iniciativa Liberal, anunciou que o seu partido vai chamar o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, ao Parlamento para esclarecer o papel de Portugal na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Na realidade, a Iniciativa Liberal não procura um esclarecimento, mas sim chamar a atenção para a suposta «necessidade» de interferência nos assuntos internos de outros Estados e, como tal, a adopção de uma postura neocolonial evidente.

Dizem os liberais estarem preocupados com as visitas de Estado de São Tomé e Príncipe e da Guiné-Bissau à Federação Russa. Para o partido português, a visita dos dois Estados é preocupante porque contraria a sua visão da realidade e, dessa forma, coloca em causa «valores como a liberdade e respeito pelos direitos humanos». Algo estranho para quem defende incansavelmente Israel. 

Se a conferência de imprensa, por si só, apresenta sinais de ingerência que não devem ser tolerados, o objectivo de fundo do partido liberal é ainda pior. «O Governo é quem dirige a política externa no âmbito da CPLP e terá de ter uma acção que se coadune», defendeu Rodrigo Saraiva, que complementou com um: «estarmos numa comunidade não pode ser só pela língua que nos une, essa comunidade tem de ser muito mais do que isso, tem de haver respeito pelos princípios, valores, liberdade e direitos humanos. Se for apenas a língua que nos une, não faz sentido estar nesta comunidade, que é muito mais do que isso».

O deputado liberal defendeu assim que deve ser Portugal a ditar com quem é que os países da CPLP devem ou não devem ter relações, e defendendo que a Comunidade deve ser mais que cultural, defende também que a mesma, ganhando traços de comunidade económica, deve ser o governo português a ditar em que moldes e quais os aliados dos restantes Estado independentes e soberanos. 

Assim, a Iniciativa Liberal confirma a linha política europeia de neocolonialismo e de submissão de Estados africanos à medida dos interesses da velha europa, mas com traços modernos, onde o saque de recursos tem numa suposta cooperação a cosmética necessária para esconder a repetição da história que liga ambos os continentes.

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