«A Assembleia Geral [da ONU] deste ano foi muito importante porque notámos nos discursos dos líderes que a maioria dos países em desenvolvimento está cansada da hegemonia ocidental», afirmou Sabbagh numa entrevista concedida à margem do 78.º período de sessões.
O diplomata sírio referiu que «os países em desenvolvimento procuram agora uma liderança multipolar». «Esta polarização por parte dos norte-americanos já não é aceite», acrescentou.
Para o também representante permanente da Síria junto das Naçóes Unidas, o mundo já está num processo de transição para a multipolaridade.
«O que é bom é que já começou, já estamos nesse caminho. As coisas levarão o seu tempo, tenho a certeza, mas não vejo a possibilidade de que haja uma marcha-atrás», disse.
De acordo com o vice-ministro sírio, a ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas foi outro dos temas bastas vezes referido nos discursos dos líderes mundiais.
«Penso que isto é muito importante, porque a realidade das relações internacionais actuais não é correctamente reflectida no Conselho de Segurança. Precisamos deste alargamento do Conselho de Segurança, para que espelhe a realidade actual e também para que os países em desenvolvimento ali assumam um papel importante», referiu.
Luta contra as sanções
Além disso, declarou Sabbagh, Damasco exige a abolição imediata das sanções impostas à Síria.
As medidas coercivas unilaterais «são desumanas e imorais. Temos todos a responsabilidade de pedir o levantamento das sanções de forma imediata e incondicional», afirmou.
Neste contexto, acrescentou que as sanções afectam cada sector e cada cidadão da Síria, e agravam a situação humanitária no país.
«Penso que tudo o que se diz sobre as sanções não terem impacto na situação humanitária é falso e infundado», destacou o vice-ministro.
A este respeito, disse que a Síria perguntou em diversas ocasiões, nos contactos com países ocidentais, o porquê de instalações públicas no seu território, incluindo hospitais pediátricos, serem alvo de sanções, uma vez que se trata de ataques «contra o povo sírio e a humanidade».
«Continuaremos a fazer mais nesta direcção (…). A China, a Rússia e outros países são actores-chave nesta questão; continuaremos o nosso trabalho com eles», disse Sabbagh.
O diplomata informou ainda que a Síria também coordena os seus passos com os países afectados pelas medidas coercivas unilaterais, como Cuba, que «se encontra há décadas sob a opressão do bloqueio norte-americano».
Сooperação estratégica entre Damasco e Pequim
O país levantino e a China estão a intensificar a cooperação em áreas estratégicas, sublinhou Sabbagh.
Damasco e Pequim «estão a aprofundar as suas relações em âmbitos estrategicamente importantes», disse o diplomata, no contexto da Assembleia Geral da ONU, tendo classificado como «evento histórico» a sua viagem recente à China, em visita oficial.
Pequim «está a investir no desenvolvimento dos países que sofrem com a política incorrecta e com o controlo por parte das instituições ocidentais», defendeu Sabbagh, que disse esperar que a China desempenhe um papel importante na reconstrução da Síria.
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