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|Nicarágua

O dinheiro da Usaid na Nicarágua, a ingerência e a luta pela soberania

Com a abertura de uma investigação sobre alegada lavagem de dinheiro, o «vespeiro» da oposição nicaraguense e meios que lhe são afins andam numa grande agitação.

A comissão mista, integrada por três elementos do governo e três da oposição, fez um apelo ao fim imediato da violência na Nicarágua
A violência golpista na Nicarágua, entre meados de Abril e finais de Julho de 2018, provocou mais de 200 vítimas mortais Créditos / noticiasvenezuela.org

No âmbito do processo lançado pelo Ministério do Interior (Migob) e pelo Ministério Público, foram notificados, no passado dia 20, três ex-directores da auto-dissolvida Fundación Violeta Barrios de Chamorro para la Reconciliación y la Democracia, para que respondam pelas «inconsistências» detectadas nos relatórios financeiros correspondentes ao período 2015-2019.

Deste modo, afirma o jornalista Francisco G. Navarro numa peça publicada na passada segunda-feira, voltou à tona um assunto que, porventura, a oposição julgava esquecido.

O que está em causa, explica, é o financiamento que, proveniente sobretudo de instituições norte-americanas – tendo como bandeira a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) –, entrou às mãos cheias na última década nas arcas de organizações não governamentais (ONG) da Nicarágua, que foram instrumentos políticos para a aplicação do chamado golpe brando contra o governo liderado pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

Numa nota de imprensa, o Ministério do Interior afirmou que «a Fundación Violeta Barrios de Chamorro incumpriu gravemente as suas obrigações perante a entidade reguladora e, da análise aos estados financeiros [do] período 2015-2019, obtiveram-se claros indícios de lavagem de dinheiro; pelo que o Migob informou o Ministério Público com vista à investigação correspondente».

Assim, foram intimados a depor Cristiana Chamorro, Walter Antonio Gómez e Marco Antonio Fletes, que eram, respectivamente, representante, administrador financeiro e contabilista geral no momento em que a fundação decidiu encerrar as operações.

No passado dia 5 de Fevereiro, Chamorro, filha da ex-presidente nicaraguense Violeta Barrios, anunciou a suspensão das actividades da fundação, negando-se a aceitar a Lei de Regulação de Agentes Estrangeiros, aprovada pela Assembleia Nacional a 15 de Outubro do ano passado.

Essa legislação regulamenta «as pessoas naturais e jurídicas que respondam a interesses e financiamento estrangeiros e o utilizem para realizar actividades que derivem em ingerência de governos ou organizações nos assuntos internos da Nicarágua». Dois meses depois, o Parlamento aprovou a «Lei de defesa dos direitos do povo à independência, à soberania e autodeterminação para a paz».

Chamorro, que entretanto lançara, sem apoio partidário, a sua candidatura à Presidência da República, com vista às eleições de Novembro próximo, tinha de depor no Ministério Público pela presumível prática do «crime de lavagem de dinheiro e de activos em prejuízo do Estado e da sociedade», de acordo com o exposto pelo Migob.

Dinheiro para a subversão

Entre Abril e Julho de 2018, lembra Navarro no texto publicado pela Prensa Latina, o governo nicaraguense teve de enfrentar uma tentativa de golpe de Estado, que, «longe do carácter conjuntural com que foi apresentada pelos grandes órgãos de comunicação social, fez parte de uma estratégia de derrube traçada e executada pela Usaid para o período 2010-2020».

Um relatório publicado pela organização Behind Back Doors revela que, nessa fase, a agência governamental dos EUA destinou inicialmente 68,4 milhões de dólares ao financiamento da preparação do golpe e, em 2016, juntou-lhe mais 7,9 milhões, de modo a reforçar a implementação de vários programas.

Em declarações à imprensa, Wilfredo Navarro, deputado e segundo secretário da Junta Directiva da Assembleia Nacional, não hesitou em denunciar a utilização do financiamento recebido pela ONG de Chamorro. «Através da sua fundação, lavaram e fizeram entrar mais de 15 milhões de dólares para financiar o falhado golpe de 2018 e jornalistas mercenários», disse.

«Entre a Fundación Chamorro, Cinco (ONG de outro filho da ex-presidente, Carlos Fernando) e outras, lavaram e fizeram entrar mais de 30 milhões de dólares para pagar aos assassinos e torturadores, autores da dor, destruição e morte no golpe falhado de 2018. Nem a justiça divina, nem a da terra os perdoará. As suas mãos estão cheias de sangue», acrescentou o presidente do Movimiento Liberal Constitucionalista Independiente, aliado da FSLN.

Abrigo de meios de comunicação contra a Frente Sandinista

No contexto da tentativa de golpe e à sombra da fundação, surgiram vários órgãos de comunicação que tinham como arma a desinformação e objectivo o ataque à FSLN, afirma Francisco Navarro, lembrando a «curiosidade» – bastante destacada pela militância de esquerda nos últimos dias – de nenhum desses meios de comunicação contar com publicidade e estarem localizados num dos edifícios mais «luxuosos» da capital.

Neste contexto, que envolve uma ONG que servia de ponta de lança à tentativa de derrubar o governo constitucional da Nicarágua, o presidente Daniel Ortega, numa das suas intervenções públicas, «pôs os pontos nos i».

«Aqui, o embaixador yanqui anda de cima para baixo a vender os seus candidatos, como se fosse nicaraguense. […] Se quer vender candidatos, que os vá vender aos Estados Unidos […]. O embaixador yanqui que não se meta aqui. […] para que os partidos políticos aceitem o candidato que o yanqui quer, deve pensar que ainda estamos nos tempos da ocupação», disse o chefe de Estado, lembrando que os representantes diplomáticos da União Europeia trabalham na mesma linha.

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