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«Nem todas as opções devem estar em cima da mesa»

O representante da Bolívia junto da ONU, Sacha Llorenti, rejeitou esta terça-feira o posicionamento dos EUA de manter em aberto todas as possibilidades sobre a Venezuela, incluindo uma intervenção militar.

A diplomacia Venezuelana classificou a reunião do Conselho de Segurança da ONU, convocada pelos EUA, «uma vitória» em defesa da soberania e da paz
Créditos / @CancilleriaVE

Llorenti não esteve sozinho ao manifestar, na sessão aberta do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a sua oposição aos desígnios intervencionistas e belicistas dos Estados Unidos. Mesmo países do chamado Grupo de Lima – aliados dos EUA, promotores de repetidas acções de ingerência na Venezuela e que vêem no autoproclamado e inconstitucional Juan Guaidó «o futuro» – se distanciaram, pelo menos formalmente, do apoio a uma intervenção militar na Venezuela.

A operação violenta e fracassada promovida pelos EUA, pela Colômbia, pela extrema-direita venezuelana na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela, com o apoio moral de alguns lacaios – também europeus, mais ou menos para a fotografia –, deve ter contribuído para que, no seio latino-americano e caribenho, entre países com posicionamentos muito divergentes relativamente a Washington, houvesse uma unidade tão grande: a intervenção militar não é uma opção a contemplar.

Alerta de Cuba: EUA preparam o terreno para uma intervenção

A embaixadora de Cuba na ONU, Ana Silvia Rodríguez, denunciou que os Estados Unidos «preparam o terreno para uma intervenção militar com um pretexto humanitário na Venezuela».

«Washington, com a cumplicidade de vários países e actores, montou uma perigosa provocação no sábado passado com o objectivo de violar a soberania da Venezuela, através do recurso à força e pondo ainda em perigo a vida de milhares de pessoas», denunciou.

«Com o pretexto de uma ajuda humánitaria – sublinhou a diplomata –, as acções recentes de Washington na fronteira colombo-venezuelana constituem uma grave violação do direito internacional e dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas».

O estabelecimento de uma data-limite para a entrega da suposta ajuda humanitária representa uma grave violação do direito internacional humanitário e põe em evidência a manipulação política dessa ajuda», insistiu a representante de Cuba.

Bolívia: Se se quer realmente apoiar o povo venezuelano...

O representante permanente da Bolívia junto das Nações Unidas, Sacha Llorenti, chamou a atenção para o significado de «manter em aberto todas possilidades» em relação à Venezuela, incluindo a de uma intervenção militar, lembrando que, quando as autoridades norte-americanas defenderam essa estratégia noutros contextos, o «mundo sofreu trágicas consequências».

«Cada vez que todas as opções estiveram em cima da mesa, ocorreram massacres, assassinatos, torturas, desaparecimentos forçados de pessoas», denunciou o representante boliviano, citado pela Prensa Latina.

«Se realmente se quer apoiar o povo venezuelano, devem ser respeitados os princípios e os propósitos da Organização das Nações Unidas, levantar as sanções, despolitizar e desmilitarizar a assistência humanitária, erradicar a possibilidade de uma saída violenta e promover o diálogo», defendeu Llorenti.

«A situação na Venezuela exige a atenção do CSNU não porque seja uma ameaça à paz e à segurança, mas porque as acções promovidas contra esse país constituem um perigo», frisou.

Venezuela denuncia EUA por organizar intervenção

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Jorge Arreaza, agradeceu aos países da sua região por rechaçarem uma intervenção militar, tendo afirmado que uma posição partilhada constitui uma vitória para a América Latina e as Caraíbas e a sua proclamação como zona de paz.


O diplomata aproveitou ainda a sessão convocada pelos EUA para denunciar as manobras de Washington e dos seus aliados com o propósito de intervir em território venezuelano, tendo como pretexto a ajuda humanitária.

A este propósito, lembrou que, no fim-de-semana passado, «houve uma operação bem orquestrada para violar a soberania da Venezuela», uma situação que, sublinhou, foi controlada pelas forças militares e de segurança pública venezuelanas sem recurso à força letal.

Arreaza, que criticou aqueles que «ignoram as sanções económicas» impostas ao seu país, com perdas milionárias e que dificultam o acesso a bens de primeira necessidade, incluindo alimentos e medicamentos, lamentou a «utilização do território colombiano para a execução de uma agressão», com «grupos de vândalos» a agirem «sob o olhar cúmplice das autoridades» da Colômbia.

«Denunciamos a mobilização de tropas militares nas Caraíbas e compras de armas na Europa de Leste para serem entregues à oposição e criar uma intervenção na Venezuela», afirmou ainda o chefe da diplomacia venezuelana, acrescentando que parte do carregamento da chamada ajuda ao povo venezuelano era composto por material para promover acções de violência.

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