Em declarações ao Brasil de Fato, Ceres Hadich, da direcção nacional do MST, fez uma avaliação positiva da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que deixou militantes e membros da coordenação nacional «bastante animados».
«Tem sido um ano bastante especial, que é o ano dos nossos 40 anos, que a gente completou em janeiro. E estamos na construção do nosso 7.º Congresso Nacional, então nada é à toa», explicou a dirigente, referindo-se ao encontro que o MST vai promover em meados deste ano, em Brasília.
«O nosso abril, que é historicamente um mês de muita luta, de muita simbologia e de muita projeção, tem um significado bastante especial, porque direciona a nossa militância, o nosso povo e também sinaliza para a sociedade o que o movimento vem pensando e como ele pretende se posicionar diante da sociedade nesse cenário», comentou.
A jornada nacional ocorre em Abril, tendo como epicentro o dia 17, uma vez que nesse dia, em 1996, agentes da Polícia Militar atacaram milhares de militantes do MST que realizavam uma marcha pacífica no estado do Pará. Teve então lugar aquilo que ficou conhecido como Massacre de Eldorado do Carajás, que daria origem, anos mais tarde, ao Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.
Este ano, as jornadas em defesa da reforma agrária do MST tiveram como lema «Ocupar para o Brasil alimentar» e mobilizaram mais de 30 mil famílias, que participaram em cerca de 70 acções variadas, em 18 estados e no Distrito Federal.
Das 26 ocupações levadas a cabo pelo MST neste Abril Vermelho, duas foram despejadas de forma violenta pelas forças policiais e, segundo refere o Brasil de Fato, sem ordem judicial. Uma das ocorrências foi em Campinas (São Paulo) e a outra em Vila Boa de Goiás (Goiás), nas imediações do Distrito Federal.
«Reforma Agrária segue estagnada»
No seu portal, o MST destaca o «esforço grande» da parte do actual governo «de alçar mão de várias ferramentas que dialogam com a Reforma Agrária em alguma medida». Nota, no entanto, que, «por mais que haja um esforço do governo em sinalizar a retomada da Reforma Agrária, isso massivamente ainda não se deu».
No que respeita ao programa Terra da Gente, lançado pelo governo de Lula da Silva no passado dia 15, há uma «expectativa» da parte do MST, até porque o executivo brasileiro estima que, no âmbito do programa, sejam assentadas 295 mil famílias agricultoras, em todo o país, até ao final do mandato.
«Esperamos que o programa nos ajude a acelerar de fato um processo de consolidação, de massificação e constituição de uma Reforma Agrária no Brasil», disse Ceres Hadich.
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