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EUA apoiam decisão de Israel de não julgar assassinato de Abu Akleh

«Investigações dos EUA e de Israel concluíram que não foi um assassinato intencional», alega porta-voz do Departamento de Estado norte-americano. 

Créditos / Electronic Intifada

Depois de, no início do mês, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) terem voltado a insistir na tese de haver uma «grande possibilidade» de que Shireen Abu Akleh «tenha sido acidentalmente atingida por tiros das IDF que foram disparados contra suspeitos identificados como palestinianos armados, durante uma troca de tiros na qual tiros com risco de vida, generalizados e indiscriminados foram disparados contra soldados das IDF», o governo dos EUA associa-se à teoria da conspiração e descarta exigir responsabilidade criminal pelo acto. 

«Não estamos à procura de um processo criminal, porque as investigações dos EUA e de Israel concluíram que não foi um assassinato intencional. Foi o trágico resultado de um tiroteio durante um ataque israelita na Cisjordânia», afirmou em conferência de imprensa, esta terça-feira, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price. 

A tese israelita, corroborada ontem pelos EUA, foi desmentida de imediato, recorde-se, pela colega da repórter da Al Jazeera e por vídeos publicados na comunicação social. Segundo Shatha Hanaysha, que estava com Shireen Abu Akleh em Jenin a 11 de Maio, quando esta foi morta a sangue-frio por fogo israelita, tratou-se de uma «tentativa deliberada» de matar os jornalistas. «Tornámo-nos visíveis aos soldados que estavam a centenas de metros de nós. Não nos movemos durante uns dez minutos, para garantir que eles sabiam que estávamos ali como jornalistas», recordou.

A família de Shireen Abu Akleh disse estar «magoada, frustrada e desapontada» com a decisão de Israel de não abrir uma investigação criminal, enquanto a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) acusou Israel de «fugir da responsabilidade por esse assassinato».

Entretanto, e apesar de assassinar palestinianos fazer os dias das forças israelitas, com a cumplicidade dos EUA, Ned Price alegou ainda que o Estado norte-americano estaria a conversar com o governo israelita sobre «a importância de proteger a vida da população civil, incluindo os jornalistas» durante as «operações militares».

No relatório anual «Crianças e Conflito Armado», publicado em Julho, o secretário-geral das Nações Unidas assinalava que as forças de ocupação israelitas mataram 78 menores palestinianos, feriram 982 e prenderam outros 637 em 2021. Ameaçava então António Guterres que, se a situação se repetisse em 2022, Israel deveria entrar na «lista negra».

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