Trafulhas

O FMI continua a sua política de chantagem e a alimentar a criação do clima para o golpe!

O FMI, que volta meia volta vem confessar que se enganou para depois receitar a mesma coisa, a mesma terapêutica que levou à mais profunda recessão, queda do investimento e brutal acentuação das desigualdades, vem agora, na sua recente análise à economia portuguesa, «Portugal: growth needs further reforms», pela primeira vez, sublinhe-se, com uma referência explícita ao risco de novo resgate.

Esta afirmação, que nada tem de técnica, para além de preparar a opinião pública, tem como efeito dar justificação aos ditos mercados para o aumento das taxas de juro.

Na verdade, candidamente, o FMI, sócio da troika, afirma que «o baixo crescimento, a despesa pública, o atraso nas reformas e bancos frágeis não permitirão a convergência com a zona Euro, e poderão levar à perda de acesso ao mercado, mesmo perante pequenos choques.»

E, tornando os avisos/chantagens ainda mais claros, o Fundo diz-nos que o baixo custo de financiamento da República se deve às compras do BCE (quantitative easing). Isto é, lembra-nos (ameaça/chantagem) que se o BCE nos tirar o tapete via DBRS (o golpe) as taxas de juro subirão.

O Banco de Portugal, fazendo coro, já veio dizer que sem o BCE as taxas estariam 2,5 pontos acima das verificadas.

Sem rodeios, o FMI aponta como solução para o défice um corte de 900 milhões de euros na despesa do Orçamento do Estado para 2017, para além da pressão sobre mais cortes em 2016!

E onde deverão ser feitos esses cortes?

«Na rigidez laboral», como sempre.

Camilo Lourenço, um dos sacristãos (sacristanum) da missa cantada do neo-liberalismo, descodifica e vai directo ao assunto: cortes nas pensões, salários e prestações sociais (Negócios, 23 de Setembro de 2016), precisamente o contrário do que defendem PCP e Bloco, acrescenta em tom triunfante.

É a receita da austeridade perpétua isto é, da continuação da política de concentração da riqueza, como recentes estudos, mais uma vez, evidenciaram.

E quando se procura fazer alguma correcção fiscal, mesmo que timidamente para atenuar a acentuação das desigualdades, o coro dos defensores dos grandes senhores do dinheiro grita em uníssono: é a classe média, é a classe média. «É a classe média, mais uma vez, a ser atingida.»

Trafulhas e golpistas!

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui