Perigo a leste do Reno

A erosão eleitoral dos partidos que governam a Alemanha torna-se evidente nas eleições estaduais deste ano, enquanto a extrema-direita se vai reforçando.

CréditosTobias Koch / CC BY-SA 3.0

As eleições do passado domingo para o parlamento do estado de Berlim, na Alemanha, deram aos partidos no governo federal desde 2013, a CDU (democrata-cristão) e o SPD (social-democrata), uma nova derrota eleitoral. Este é o quinto acto eleitoral ao nível estadual na Alemanha, o quinto em que ambos os partidos perdem deputados.

Em Março, registaram resultados desanimadores na Alta Saxónia e na Renânia-Palatinado e uma estrondosa derrota na Bade-Vurtemberga, onde, pela primeira vez desde 1952 a CDU de Angela Merkel deixou de ser o partido mais votado. Mas se o partido da chanceler vem sendo penalizado, os social-democratas que a suportam, e que com ela partilham lugares no governo, sofreram perdas superiores a dez pontos percentuais.

Este mês de Setembro não se afigura mais fácil para os dois grandes partidos alemães. Antes das eleições em Berlim já tinham sofrido novas perdas no Nordeste do país, mas são os resultados na capital que revelam a sua brutal quebra eleitoral: cada um dos partidos teve o pior resultado de sempre.

Uma constante em todos estes escrutínios é o aparecimento em força do partido Alternativa para a Alemanha (AfD, sigla em alemão). Depois de falharem tangencialmente a representação no Bundestag (parlamento federal), em 2013, e da eleição de sete deputados ao Parlamento Europeu, no ano seguinte, o AfD acumula já representação em 10 dos 16 estados alemães.

O AfD é um partido que, partindo da crítica à União Económica e Monetária e ao euro, se vem afirmando como uma força anti-imigração, xenófoba e islamofóbica. Desde o ano passado tem vindo a ser associados ao movimento fascista PEGIDA, com Alexander Gauland, um dos fundadores, a classificá-lo como «aliado natural» do partido.

Mesmo no seio da poderosa Alemanha, à medida de quem foi desenhada a arquitectura do euro (ou pelo menos dos interesses dos seus grupos económicos), aumentam os descontentes com a União Europeia e com as políticas de Merkel. O perigo da extrema-direita, 71 anos após a derrota do nazi-fascismo, ressurge perigosamente em vários países do continente europeu, da França à Ucrânia, com a imperial Alemanha no centro.

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