O que temos vivido com as políticas impostas pela União Europeia, é um ciclo de agudo ataque aos rendimentos do trabalho, aos direitos laborais e às funções sociais do Estado, que deviam garantir o bem-estar das populações.
Os mais recentes desenvolvimentos da União Europeia, não só evidenciam um cenário de profunda crise e de acentuação da instabilidade, com o aprofundamento de todas as suas contradições, como revelam a persistência nas mesmas políticas de exploração, empobrecimento e submissão, que têm vindo a ser conduzidas
Com a ameaça das sanções, continua assim a ingerência nos assuntos do nosso País. A natureza da intervenção do Presidente do BCE sobre a Constituição da República, o sistema eleitoral português e as relações laborais, e da Comissão Europeia sobre o horário das 35 horas ou salário mínimo nacional são provas do objectivo. Tal como o são as permanentes exigências de medidas adicionais (ontem foi a vez do presidente do Eurogrupo), que vão no sentido contrário à da reversão das medidas do último governo. O caminho que procuram ditar é o dos cortes nos salários e pensões, continuando a castigar sempre os mesmos – os trabalhadores.
Senão vejamos. Ainda recentemente foi divulgado um estudo da Deco Proteste que compara os vencimentos dos trabalhadores e dos gestores. Conclusões? Há gestores que podem ganhar até 90 vezes mais que um trabalhador...
Por exemplo, no caso da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos arrecadou, no ano passado, 866 mil euros, face aos 9589 euros (salário médio mensal de 677 euros) que os 87 mil trabalhadores da empresa recebem, uma disparidade superior a 90 vezes.
A liderar a lista dos gestores mais bem pagos está António Mexia, presidente da EDP, com 1,8 milhões de euros, um aumento de 58% face ao ano anterior.
Os dois CEO que a Galp Energia teve no ano passado, Manuel Ferreira de Oliveira e Carlos Gomes da Silva (seu substituto desde Abril de 2015) receberam um total de 2 556 186 euros, ao passo que a remuneração média dos trabalhadores da petrolífera foi de 35 482 euros. Ou seja, receberam 72 vezes mais do que o salário médio da empresa que, neste caso, não é dos mais baixos.
É notório que as ditas «medidas adicionais» que estão na mira da União Europeia venham prejudicar ainda mais quem já está submetido a esta exploração. Impõe-se que o Governo português rejeite as sanções. Tal como deve rejeitar, em nome de Portugal, toda a teia de imposições e mecanismos de policiamento de que as sanções são uma expressão e consequência.
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