Mercado de trabalho precisa de um novo impulso

Os resultados do último Inquérito ao Emprego, apesar de mostrarem alguns sinais de melhoria no mercado de trabalho, continuam a mostrar que a criação de emprego é insuficiente para compensar a queda do desemprego.

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Os resultados do Inquérito ao Emprego do quarto trimestre de 2016, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), confirmaram a tendência que se vinha a verificar ao longo do ano e permitem estimar um crescimento do emprego ligeiramente superior ao registado em 2015 (mais 56,5 mil empregos), cujos grandes beneficiários foram as mulheres, os trabalhadores com idades entre os 45 e 64 anos, os trabalhadores licenciados, os trabalhadores por conta de outrem e os empregados a tempo completo.

Assim, ao mesmo tempo que em 2016 crescia o emprego, o desemprego, quer em sentido lato, quer em sentido restrito, registava uma queda acentuada. Depois de em 2015 se ter registado uma redução absoluta no número de desempregados de 79 500, em 2016 essa queda foi de 73 500 desempregados.

A análise da evolução do emprego e do desemprego em 2015 e 2016 permite-nos confirmar que, quer num ano, quer no outro, a queda do desemprego é sempre superior ao aumento do emprego, o que significa que continua a verificar-se, embora em muito menor monta do que em anos anteriores, a passagem de milhares de trabalhadores da situação de desempregados para a situação de inactivos ou para a emigração.

Nos inquéritos trimestrais ao emprego realizados pelo INE, é ainda recolhida informação sobre o rendimento salarial mensal líquido dos trabalhadores por conta de outrem. A partir desta informação conclui-se que, em 2016, 30,6% dos trabalhadores por conta de outrem auferiam um rendimento salarial mensal líquido inferior a 600 euros e que 60% dos trabalhadores por conta de outrem tinham um rendimento mensal inferior a 900 euros. O salário mensal médio líquido foi, em 2016, de 839 euros, mais 11 euros do que em 2015 (uma subida de 1,3%).

A relação da população jovem com o mercado de trabalho é, neste último Inquérito ao Emprego, objecto de tratamento diferenciado por parte do INE. Desta forma é possível concluir-se que, em 2016, do total de 2,281 milhões de jovens dos 15 aos 34 anos, 13,2% (301 mil) não estavam nem empregados, nem a estudar ou em formação.

Em síntese, pode dizer-se que os resultados deste último Inquérito ao Emprego, apesar de mostrarem alguns sinais de melhoria no mercado de trabalho (redução da taxa de desemprego e alguma criação de emprego), continuam a mostrar que a criação de emprego é insuficiente para compensar a queda do desemprego.

Continuam também a apresentar indicadores preocupantes de crescimento do trabalho precário, de uma prática generalizada de salários de muito baixo nível, de uma elevadíssima taxa de desemprego jovem e de uma preocupante percentagem de jovens que aliam uma grande dificuldade em aceder ao mercado de trabalho, com educação e formação incompletas.

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