Cheira a mofo?

Porventura, assistiremos proximamente na Marinha à condecoração de mulheres de militares pela importante tarefa de retaguarda que desempenham, nomeadamente no apoio aos filhos e outros familiares durante os largos meses em que os cônjuges andam embarcados.

O Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) agraciou com a medalha Naval de «Vasco da Gama» a esposa do seu antecessor, pela «profícua actividade de apoio ao cargo do Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional, disponibilizando-se, sem reservas, para as inúmeras acções de representação nacional e internacional. Em Portugal, prestou um inestimável serviço ao cargo de do Almirante CEMA e AMN, e desta forma à instituição, ciceronizando e acompanhando as suas contrapartes».

Na portaria publicada no Diário da República, que sustenta a atribuição da condecoração, o Almirante CEMA chama a atenção para o facto de a agraciada ter tido «a invulgar presença de espírito para, no seio da sua alargada e proeminente esfera de influência, activamente divulgar a Marinha nas suas diversas dimensões. Procurou, assiduamente, cativá-los para os eventos de especial cariz, como são os concertos da Banda da Armada, ou os embarques e visitas navais ou tão-só pela organização de convívios em espaços marcantes da instituição, actividades que vieram a confirmar-se como valiosas no veicular da alma e sentir do ser marinheiro». É ainda sublinhado, para além da sua «elevada elegância no relacionamento», a «singular nobreza de valores e sentido humano, no que respeita às qualidades morais».

Ora bem, perante tudo isto e para os mais distraídos, convém esclarecer que não se trata de nenhuma condecoração atribuída no tempo do Movimento Nacional Feminino (uma das organizações de suporte do fascismo, neste caso voltada para as mulheres, que existiu de 1961 a 1974), mas sim de uma iniciativa recente, conforme atesta a sua publicação no Diário da República (2.ª série) do passado dia 29 de Dezembro.

Porventura, assistiremos nos tempos mais próximos, na Marinha, à condecoração de outras mulheres de oficiais, sargentos e praças que, para além de actividades de salão, desempenham uma importante tarefa de retaguarda, a par da necessária compatibilização com o seu emprego, nomeadamente no apoio aos filhos e outros familiares durante os largos meses em que os cônjuges andam embarcados.

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