O contrapoder

O contrapoder da comunicação social esteve e está omnipresente, procurando desde o primeiro minuto, através de analistas e comentadores encartados, condicionar e reverter o actual quadro político.

Os contrangimentos e as tentativas de impedir a concretização de um novo quadro político com a entrada em funções do Governo do PS, viabilizada pelos partidos à esquerda, sucederam-se desesperadamente.

Primeiro, os partidos da anterior maioria, PSD e CDS-PP, depois o próprio Presidente da República, Cavaco Silva que, na expectativa de que o milagre ainda fosse possível, chegou mesmo a empossar um governo de direita liderado por Passos Coelho, para além das diatribes anticomunistas de algumas figuras do PS.

Por fim, tivemos e temos as pressões externas do FMI e, em particular, das instituições europeias, que pendem permanentemente sobre o nosso País o cutelo de todo o tipo de ameaças, procurando a todo o tempo contrariar a concretização dos acordos que sustentam este governo.

No meio de tudo isto, o contrapoder da comunicação social esteve e está omnipresente, procurando desde o primeiro minuto, através de analistas e comentadores encartados, condicionar e reverter o actual quadro político.

No início, do vasto leque de questões do argumentário da direita, agitaram os espantalhos da NATO, da saída do euro e da União Europeia, da recuperação do poder da CGTP-IN e dos sindicatos dos transportes com o travão à privatização dos transportes públicos, a que se seguiram as teses do despesismo para tudo a que cheirasse a recuperação de direitos ou à melhoria das condições de vida dos trabalhadores e dos mais carenciados, entre outros aspectos.

Todos vemos, por exemplo, nas televisões o turbilhão de desgraças que deveriam ter acontecido com a execução orçamental deste ano ou as que se anunciam com o Orçamento do Estado agora aprovado. Destacam-se, entre muitas outras, as profecias de Gomes Ferreira e de Marques Mendes na SIC e de António Costa e Paulo Ferreira na TVI.

Quanto à RTP, o serviço público de rádio e televisão que tem particulares exigências no exercício de uma opinião plural, continua a ter como bandeiras opinativas os que, como as Helenas (Garrido ou Matos) foram dourando a pílula das políticas do PSD e CDS-PP. Aliás, exemplo acabado disso mesmo, é o que se passou na RTP3, com a escolha de quatro jornalistas/comentadores para a análise à entrevista ao Primeiro-Ministro. Todos defensores das políticas de direita e da tese das inevitabilidades, vendendo sempre, mesmo no meio de alguma crítica, a ideia final de que não havia alternativa às políticas da troika.

Uma vergonha!

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