«São todos maus»

A entrevista ao Presidente Bashar al-Assad, transmitida em horário nobre pelo canal público, foi um raro momento em que pudemos ouvir o «outro lado» da guerra na Síria.

CréditosMohammed Badra/EPA / Mohammed Badra/EPA Agência Lusa

Um momento de denúncia da responsabilidade das potências ocidentais e da sua participação activa no conflito, com os EUA à cabeça, secundado pelos seus aliados na região e na Europa.

Um momento de afirmação da soberania e da opção firme em defender a integralidade territorial e fazer frente ao imperialismo, e aos grupos terroristas por si criados e alimentados.

Sem prejuízo de uma análise mais profunda à acção do governo sírio, ao longo dos 30 minutos que durou a entrevista, assistimos a um libelo acusatório que desmascarou a hipocrisia dos que se afirmam defensores dos direitos humanos e ao mesmo tempo fomentam a guerra; dos que proclamam as monstruosidades do «regime» e escondem o desejo do povo de voltar à sua terra e se ver livre da agressão dos grupos «rebeldes»; dos que reclamam democracia para a Síria e omitem a natureza dos sistemas de países com participação directa na guerra, como sejam a Arábia Saudita, Israel ou, entre outros, a Turquia.

A necessidade de rapidamente refazer a opinião com que os telespectadores pudessem ter ficado da entrevista, levou a RTP a convidar três «especialistas». O espaço que se seguiu foi de pura desinformação e manipulação.

A única opinião a ter espaço foi a que apresentou a Síria como um «Estado falhado» e o seu presidente como «o ditador» ou simplesmente «este homem», recuperando o argumento das «primaveras árabes» e a forma como o governo lidou com este fenómeno como sendo a origem do conflito, mesmo depois do inferno em que estas «revoluções» se converteram para os povos da região (que o digam os líbios, vítimas de atrocidades sem fim à vista).

A guerra foi justificada e os terroristas voltaram a ser rebeldes, alguns deles rebeldes bons e, ao invés de um aprofundamento dos temas abordados, simplificou-se a realidade e procurou-se denegrir o mensageiro sem nunca rebater convincentemente a mensagem.

Usando uma expressão do jornalista que conduziu a entrevista, no espaço que se seguiu foram «todos maus».

A guerra ideológica é outra face da agressão imperialista a que os povos estão sujeitos. Que vença a paz!

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